Capítulo 31

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_Vai ficar tudo bem.

Me assustei pela terceira vez na noite, o próximo susto que eu levar eu morro.

_O que?

_Vai ficar tudo bem.- Disse apontando pra escuridão. - Austin está chegando.

Por um momento pensei que Alexander estivesse lendo meus pensamentos. Ainda bem que o feitiço deu certo.

Austin chegou todo ofegante, ele entregou para Alec uma sacola cheia de bolsas de sangue.

_Nunca mais eu vou a um hospital para roubar sangue. Eu quase morri lá dentro, os seguranças vinheram atrás de mim, tive que correr o mais rápido que pude.

_Dramático.

_Sangue, eu preciso de sangue.- Escutamos Daniel gritando a todos pulmões.

Olhei para Austin.

_Ok, eu vou lá terminar o que comecei.

[...]

Daniel lutou para saiar das correntes e pegar a bolsa de sangue, mas ele não conseguiu sair delas. Austin pegou a bolsa com o sangue e derrubou na boca de Daniel, aos poucos ele foi se acalmando.

_Estou me sentindo vivo novamente.

_Que ótimo.- Disse.

Alexander se aproximou e tocou nas correntes que estavam sobre o corpo de Daniel, seu toque fez com que elas caíssem no chão libertando- o.

_Vocês estão escutando esse barulho?-  Perguntou Austin. - Acho que tem alguém ou algo vindo atrás de nós.

O silêncio tomou conta do lugar, a única coisa que se escutava era o som de unhas arranhando o chão e as paredes da casa.

_O que famos fazer? - Daniel se pronunciou quebrado o silêncio.

_Fugir?- Sugeri.

_Por alí! – disse Austin apontando para uma porta que dava para o lado de fora.

Corremos, Austin em nossa frente tentou abri-la, mas estava trancada:

_Deixa comigo. – disse Daniel passando na frente.

Ele chutou a porta e a mesma desabou para frente abrindo passagem, Daniel e Austin passaram primeiro, Alec segurou em minha mão e me puxou fazendo com que corrêssemos juntos no mesmo ritmo.

Parecia que estávamos correndo por horas, meu pulmão estava queimando e minha respiração estava ofegante, porém como Alexander segurava minha mão, não diminui o ritmo. Viramos uma esquina e chegamos em uma rua cheia de movimento, diminuímos os passos e começamos a andar, entramos no primeiro estabelecimento que vimos, era uma cafeteria. Sentamos no canto mais escondido do lugar, não havia muitas pessoas ali dentro. Alec sentou ao meu lado, Daniel na minha frente e Austin ao seu lado, esse que parecia que ia desmaiar:

_Está tudo bem? -perguntei, minha voz estava muito ofegante, percebi que estávamos no mesmo barco.

_Eu só preciso de uma água.  – ele respiro fundo e se levantou – Vou pegar uma para você, okay?

Assenti com a cabeça e então ele saiu:

_Você não quer alguma coisa para repor suas energias? – perguntou Alec – Além de tudo isso você ainda estava no cemitério.

_Eu estou bem, não se preocupe.

Austin retornou com a água, bebi tudo em menos de cinco segundos, Alec ficou me encarando, olhei para ele:

_Eu queria não ficar ofegantes como vocês.

_Nós ficamos. – falou – Mas com outras coisas, não uma simples corrida.

Assenti com a cabeça:

_Ah! Acabei de me lembrar de algo. – falei colocando a mão no bolso e tirando o cartão posta, o coloquei em cima da mesa.

_An? Um cartão postal? – disse Austin – De onde você tirou isso?

_Estava dentro de um baú do lado do túmulo do meu pai, está escrito meu nome na frente, então o peguei.

_E de onde é? Está tão velho que não dá para ler. – perguntou o mesmo.

_Umm, não sei. – respondi – Isso é um templo na imagem?

_Gyeongbokgung. – disse Alec – E é um palácio. – corrigiu.

Fiquei surpresa que ele tenha aprendido esse nome, ele era realmente bom em tudo, bem, é o que parece:

_E onde esse palácio fica? – pergunto Austin.

_Jongno-gu. – dessa vez quem respondeu foi Daniel – Coréia do Sul.

_O quê? – perguntei incrédula – Então temos que ir para esse lugar?

Alec pegou o cartão e o observou:

_Não. – falou – Não está no lugar do palácio, Raziel não faria isso tão fácil, correria o risco de alguém encontrar, não, está em um lugar mais movimentado.

_Onde? – perguntou Austin.

Ele virou o cartão postal e nos mostrou o que estava atrás, de tinta preta estava escrito um S, que cobra toda a parte de trás:

_Seul. – falou.

_Então nós vamos para Seul. – falei – Mas como?

_Há um portal naquela biblioteca, tenho certeza que Eli nos ajudará.

Concordamos com Alexander:

_Espera, espera.  – disse Austin – Vocês são asiáticos!

Todos olharam com dúvida para ele:

_Você só percebeu agora? – disse Alec.

_Desculpe, não deu muito tempo para reparar.

_Por Deus. – Alec suspirou fundo – Como você sobreviveu até hoje? - Austin deu de ombros – Escute, meu corpo possui características orientais, mas um anjo não tem etnia mundana.

_E eu sou americano. – disse Daniel -Só tenho descendência coreana.

_Uau, isso é incrível! – disse Austin.

De repente ouvimos um grito de uma mulher e barulho de vidros se quebrando, ela apontava para a sacola cheia de bolsas de sangue. Alec fechou os olhos e suspirou fundo, todos olhavam para nós com cara de assustados.

_Deixa comigo. – disse Daniel se levantando.

Em dez segundos ele já havia hipnotizado todos ali, ele voltou a se sentar na mesa, nós três fuzilamos Austin com o olhar:

_Ops. – disse encolhendo os ombros – Acho que tenho que tomar mais cuidado.

_Acha? – falou Alec – Vamos sair daqui antes que algo mais aconteça.

Angelos CustosOnde histórias criam vida. Descubra agora