Capítulo 3

67 9 1
                                    

Separei nossos lábios e no mesmo instante apareceram imagens na minha cabeça.

Um casal estava chegando em casa com sua filha recém nascida, a mulher estava feliz, já o homem nem tanto. Em seus olhos podia ver a preocupação e o medo.

Uma criança brincava com um anjo em um parque, ela sorria sem parar e ele retribuia. Esse anjo se parecia muito com meu pai.

_O que foi isso? - Perguntei com a mão no coração. - Esse homem era meu pai?

Alexander entregou- me um copo com água e apressei- me em beber.

_Isso foi uma visão do passado, do seu passado. - Eu pedi para que continuasse. - Eu sou um anjo assim como seu pai e você é tem o sangue de um.

_Meu pai? - Sentei na cadeira da cozinha e ele fez o mesmo.

_Ele é um anjo caído, a terra está condenada por causa de algo que ele cometeu no passado.

_Isso só pode ser brincadeira. - Falei alto para que ele escutasse.

_Me falaram que não seria fácil e eu duvidei. - Disse se sentando do meu lado.

_O que vai ser agora? Vai me seguir para todo canto?

Ele sorriu antes de responder.

_Como sempre fiz. Tem algo pra comer aqui? Estou com fome.

_Digamos que eu acredite que meu pai era um anjo e tudo mais. O que você quer de mim? Me fala a verdade. - Disse ignorando sua pergunta.

_A sua ajuda. – disse Alexander sério – Precisamos encontrar seu pai.

_Ele está morto. – uma onda de sentimentos passou por meu corpo quando pronunciei essa frase. 

Eu era muito apegada ao papai quando era criança, mesmo que por pouco tempo que nós passamos juntos. Mas sempre sentia que ele me escondia algo. Talvez toda esta história fazia algum tipo de sentido:

_Não, não está. Anjos não podem morrer na terra, apenas seu corpo mortal, mas sua alma continua viva.

Olhei espantada para ele:

_Se isso é verdade, então quer dizer que meu pai...

_Está vivo. – Alexander completou minha frase.

_E o que estamos fazendo aqui? Vamos encontra-lo. – falei me levantando de uma vez da cadeira.

_Não é assim tão simples. Não sabemos sequer para onde começar a procurar.

_Okay o que fazemos?

_Você ainda têm as coisas de seu pai?

_Sim.

_Amanhã de manhã você irá me entregar e eu irei procurar alguma pista.

_Eu vou te ajudar. – disse determinada.

Se há uma chance de meu pai estar vivo e que podemos encontra-lo, queria ajudar o máximo que eu conseguisse:

_Não. – ele falou – Você vai para a Universidade.

_O quê? – disse relutante – Você disse que precisava de minha ajuda.

_E vou, mas não amanhã. Você precisa terminar o curso e arrumar um emprego logo para comprar um pijama que não esteja curto. – falou apontando para minha calça que acabava um pouco acima da canela.

Cruzei os braços:

_Eu vou ficar!

[...]

Era o horário de almoça na universidade. Me dirigi a uma mesa no canto, escondida de todos, não que alguém prestasse alguma atenção em minha presença naquele lugar.

Coloquei minha bandeja sobre a mesa e me sentei, tirei o plástico que protegia os talheres e comecei minha refeição. Porém quando eu vou levar a comida para minha boca, ao olhar para cima o vejo a minha frente, dou um grito de susto e deixo minha comida cair no prato:

_O que está fazendo aqui? – perguntei, gritando, mas em tom de sussurro.

_Eu ainda sou seu anjo da guarda lembra?

_Ei! – o adverti – Fale baixo.

_Você é a única que está em um tom alto.

_Ah. – disse me encostando na cadeira, envergonhada – Então, conseguiu alguma caisa?

Ele concordou com a cabeça:

  _Quando chegarmos em sua casa eu te conto. – disse levantando.

_Quando chegarmos? – perguntei, mas ele me ignorou e andou para longe.

Terminei meu almoço e me dirigi para a sala da próxima aula. Enquanto eu estava me aproximando da porta, sem querer, ouvi uma conversa interessante de algumas meninas:

_Então ela realmente se mudou com o namorado?

_Sim. Dá para acreditar que nos abandonou por causa dele?

_Então vamos ter uma nova professora?

_Ou professor.

Parei de ouvir aí. Entrei na sala e me sentei na última fileira. Esperei alguns minutos até que todos chegassem. Várias pessoas falavam sobre o novo professor, estavam curiosos. Eu apenas me desliguei disso, estava ansiosa para chegar em casa e ver o que Alexander descobriu.

A porta se abre e o novo professor, sim, ele, entrou na sala. Houve vários gritinhos de algumas meninas quando viram ele, sua aparência era realmente de outro mundo, parecia até que ele não era desse mundo:

_Olá pessoal. – ele começou sua apresentação – Me chamo Lorenzo Castellan, sou o novo professor que irá substituir a Sra. Martins.

Várias pessoas bateram palmas, algumas meninas gritaram, enquanto seus namorados faziam cara feia. Alexander apareceu em uma cadeira ao meu lado de repente. O fitei com o olhar:

_O que você... – começo a falar, mas ele me interrompe.

_Não confie nele.

Angelos CustosOnde histórias criam vida. Descubra agora