Ele é apenas um órgão.

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_ Só Fury me chama de Givson, pode me chamar pelo primeiro nome, ou Gigi.

_ Certo. — Ele me colocou reta, a centímetros do seu peito. Haviam quase dez cêntimos de diferença entre nós. Meus 1,70 não eram muito perto dele. 

Houve um leve descompasso nos meus batimentos cardíacos. Respirei fundo, para fazê-lo voltar ao normal, mas errei, um perfume envolveu o ar e acabei sufocada nele. Era vicioso.

Sua mão vai ao meu rosto, levantando-o. E ele estava tão perto, e Deus, aquele cheiro me embriagava, nunca tinha o sentido antes.
Eu me mantinha controlada, mas lá no fundo tinha suas vontades.

Sua pele pálida, levemente enrubecida, sua boca tão vermelha.

_Cicatrizou bem. — seu polegar passou pelo meu queixo, quase tocando minha boca.

_Anh?  

_O corte. — ele se afasta, ainda com a mão segurando meu queixo. Ele abriu a mão, seus dedos tão grande que contornavam toda a meu rosto, ele deixou de segurar meu rosto, tocou minha bochecha antes de tirar a mão. — Chegou agora?

Acinto, muda, meu coração acelerado batia desgovernadamente, meu rosto rubro e o engasgar na garganta.
Tantas coisas me mantinham presa ali. Muda.

_ E como é a escola? Andam a irritando? — seu rosto perde a luminosa fase de alegria.

_Na-não. - gaguejo, meu coração acelerado vai se acalmando. Sua face dura amolece, e meu coração também.

_ Que bom. — sorri.

Meu coração tropeça. Era tão sincero. 

_ Sabe onde estão os outros? — mudo de assunto, corada.

_Tony está arrumando J.A.R.V.I.S., os agentes Romanoff e Barton estão em missão. Steve está com os irmãos Maximoff, e os outros estão nos laboratórios. 

_Então estamos sozinhos aqui? — pergunto, meu rosto esquentando.

_ Sim. — depois do tempo, seu rosto cora. — Parece que estamos sozinhos. 

***

Eu me perdia vendo seu rosto enquanto ele assistia o filme. Ninguém aqui. Só eu e ele. 
Suas feições mudavam ao desenvolver do romance dramático que assistíamos. Era como se ele ficasse indignado com cada coisa errada que o protagonista fazia, o drama se desenrolava, o romance. A protagonista viva sofrendo por tudo o que seu amor fazia. Ele tentava desesperadamente arrumar tudo o que sua vida o empurrava a fazer. Sua família rica contra o amor de uma humilde garota, como se a palavra pobre fosse algo muito forte, rígido. O jovem a amava, e ela a ele, mas a barreira entre os dois era ainda mais solida do que a minha e... 

Estava ficando louca. 

Desvio o olhar para a tela. A garota chorava no banheiro, as cenas mudavam entre isso e o rapaz apaixonando correndo até a casa dela. Ela no chão, e ele batendo na porta. As palavras da mãe do jovem dizia em segundo plano:

_ Já contamos para ela. Vai se casar com a mulher que escolhemos e não com a garota que você acha que ama. Quando ao bebê, vamos dar dinheiro a ela. Nenhum dos dois vai passar vontade. — há um pulo no assunto. —  Estamos fazendo isso para te ajudar! Como acha que nos sentiríamos se nosso filho se casa-se como uma mulher como aquela? Nos te amamos filho, e não deixaremos aquela mulher roubar toda a sua felicidade! 

O rapaz batia na porta da casa dela. Quando viu que ela não abriria tentou derrubar a porta, e conseguiu, quando entrou na casa ouviu o choro da garota. Então correu para onde ela estava. O sangue se misturava ao choro. Ele se ajoelhou, abraçando o corpo dela e colocando a mão em seu ventre. As cenas seguintes se seguiram em pausas. As vezes a tela era somente preta, e o ambiente preenchido pelos sons de passos, sirenes, e um choro feminino e masculino. 

Me virei. A surpresa de que já estava sendo encarada se seguiu por um desviar rápido de olhos das duas partes. Meu coração querendo voltar a bater descompassado. Voltamos a encarar a tela da televisão, mas não aguentei, olhei-o de esgueira. Seus olhos presos em mim. Acabei por fixar meu olhar nele também. 

Ele se aproximou.
Segurou meu rosto.
E me beijou.

Avengers Lovers - Soldado InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora