Pontos Luminosos

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Me sentei na cama, e não demorei muito a perceber três coisas: um, era o meu quarto; dois, eu ainda via pontos luminosos; e três, eu não ouvia nada. A boca de Bucky se movimentava, mas não podia um único som sair da boca dele, então fiz o melhor que pude, fixei meu olhar em sua boca e tentei entender o que falava, e respondi, mesmo sem ouvir minha voz, ele saiu do quarto antes que eu pudesse falar que não o ouvia. Me deitei novamente, tentando me concentrar em ouvir algo, mesmo que minimo para além de um zumbido chato e agudo, mas não fui capaz, nem nunca seria. Abri os olhos, e me virei para o lado, encarando o abajur desligado da comoda, ele brilhava, porem. Era apenas metade das coisas que eu via normal, o lado direito, quanto ao outro, eu via inúmeros pontos brilhantes que pareciam ter luz própria. Voltei a fechar os olhos. Era melhor assim, tudo escuro, mas ainda assim, metade da minha visão captava milhares de pontos brilhantes no escuro, na forma exata do abajur e a mesinha, a parede e a colcha da cama. Me levantei, agora de olhos bem abertos, e fui até o banheiro daquele andar na torre. Branco, espelhado e muito reflexivo. Os pontos luminosos pareciam se tornar cada vez mais claros, me coloquei de frente ao espelho e fechei o olho direito. Milhares de pontos, cobriam cada reta e curva do banheiro, mas não havia cor, era somente branco, sem o verde-água e nem o cinza da decoração, e aquilo causava dor de cabeça. Sai do banheiro sem entender, e me assustei ao ver Peter na porta, ele não reparou, sua boca se movia, mas não me dei ao trabalho de tentar entender, peguei seu pulso e sai de lá com ele, tentando me não me incomodar com o brilho. Bati no quarto de Tony a porradas, minha mão doia, e quando ele abriu, sua boca se moveu em um:

-"Te falei que estava abrindo, sua louca. O que foi?" -perguntou em um que pareceu ser um grito que não ouvi. E tentei responder, mesmo, mas não sabia se a voz saiu da minha garganta. Larguei Peter e segurei ele, agora sabia que Peter viria sozinho, Tony não. 

Desci ao laboratório de Bruce e bati na mesa, para que ele se virasse, ele se assustou e se virou. E como naquele momento havia desisido de falar, peguei uma caneta e escrevi em letras horrorosas por causa da minha mão tremento. Na folha, a frase "não consigo ouvir" era praticamente ilegível, sem os pontos no i e letras trocadas, mas mesmo assim enfiei na cara dele, tremendo. Bruce, ao tentar ler a folha, segurou meu pulso, fixando-a quieta no ar, e a reação dele foi totalmente instantânea, com isso, Tony leu também, mas não deixou que Peter lesse, arrancando a folha da mão de Bruce olhando para mim e para a folha repetidas vezes. 

Sua boca se moveu em: -"Isso é serio, Gi?" e eu balancei a cabeça em resposta. -"Quando?" perguntou. E eu respondi em voz alta, pensando nas palavras antes de fala-las, o que eu esperava que saísse como "Quinjet. Acordei assim" Tony balançou a cabeça e disse: - Vamos falar com um medico"

Concordei com a cabeça novamente e disse, pausadamente: "Não posso ver. Olho esquerdo" Tentava comprimir ao máximo as frases e acho que deu para entender, por que os três se viraram para mim abruptamente. Bruce me passou um papel e disse: -"Escreva como é"

Passei a escrever. E quanto mais eu escrevia mais estranho parecia, eu podia ver até demais com os olhos fechados, os pontos luminosos gravavam imagens em minha mente, por que percebi que me lembrava de cada parte do meu quarto quando fui descrever como era, era como memoria fotográfica só que só vendo pontos que formavam o objeto. As sombras era pretas, sem um entremeio, somente pretas, e elas criavam a forma com a ajuda dos milhares de pontos. Era assustador e foi pensando nisso que deixei de escrever, entregando sem olhar a Bruce a folha.

Avengers Lovers - Soldado InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora