Aqueles dias que se fazem dias de verdade.

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Chovia, da janela do meu quarto eu sentia a infelicidade de que daqui a pouco estaria entre quatro paredes e com algum livro em mãos. Naquele inferno que chamamos amigavelmente de escola. 

Sai do quarto, a porta metros ao lado se abriu e de lá de dentro saiu o dono do quarto, Bucky. Ele sorriu para mim quando percebeu minha presença no corredor. Sorri de volta. Descemos para o café, Tony auxiliando Pepper com um tanto de documentos que se viam espalhados pela mesa. Steve tomava café, e Bruce e Natasha sentados lado a lado comiam de forma bem melosa. Me sentei à mesa em um lugar aleatório. Bucky ao lado de Steve. 

Peguei torradas para comer. Mas Bucky pareceu ter a mesma ideia que eu quando resolveu come-las com geleia, nossas mãos se tocam. Nos encaramos, a aquela altura sabia que ganhara o tom avermelhado. Momento ótimo para se lembrar de um beijo. 

Ele tira sua mão, e leva o pote de geleia junto. Steve me encarava. Desviando o olhar quando o vi.

Me servi de suco, comi as torras e só sai da mesa quando terminei, Wanda e Pietro chegaram no momento que arrumava por fim meus matériais escolares. 
Sai do imponente prédio Stark, segui o caminho que usei nos últimos dias para ir para a escola, andando pelas ruas onde pessoas já estavam indo trabalhar. Estudantes iam e vinham de todos os lados quando me aproximei da quadra da escola. Momentaneamente, pensei ver Clarisse, uma metida a riquinha da minha escola. Mas não desta escola. Não, era Clarisse, a garota riquinha de Blue Falls. A garota me odiava mais do que qualquer outra pessoa em toda Iowa. 

Minha vida se tornou oficialmente um inferno.
Eu me vi tão ferrada num futuro próximo.

***

Clarisse fazia algumas aulas comigo, como Álgebra, estudo da língua inglesa, Espanhol, Cerâmica, e mais umas aulas que passei a odiar desde então.

Clarisse era mesmo rica, ficar morando em Iowa tinha sido escolha da mãe, algo que uma garota nascida em Nova York havia odiando aos seis anos. Todos em Blue Falls sabiam da melodramática historia da sua vida longe de um pai ingorantemente rico e uma mãe metida atris de Hollywood .
Mas Clarisse não odiava todos, somente aqueles quer eram feios, pobres e tinham uma família feliz. Essa foi a definição que usou para mim no infantário. 
Feia, pobre e feliz.

Ela me odiava, afinal, quem nunca odiou uma garota que tem o que você quer para você?
Me sentei no lugar de sempre. Aula de álgebra. Suzi a minha frente, Clarisse a cadeiras e cadeiras de longura. E Peter, tão perto mas ainda assim tão distante.
Com o meu caderno sobre a mesa peguei uma caneta e comecei a estudar uma matéria tirada a sorte. Se tinha prova ou não, eu não ligava, desde que me distraísse. Funcionou até a professora chegar.

Em algum momento a professora me chamou para responder uma pergunta. Quando respondi, olhei para Clarisse, com medo que houvesse me reconhecido pelo nome. Mas percebi, alegremente, que ela não tinha me reconhecido. Talvez fosse o cabelo platinado, que originalmente ruivo fazia de mim uma versão feminina e mais agradável do meu pai, ou porque tínhamos crescido e não nos víamos mais. Mas não importava, ela não tinha me reconhecido, e comecei a agradecer muito por isso.

Sai da escola no tumulto que se formava nos portões sempre na hora da saída, alunos em grupinhos pareciam ir todos em lanchonetes depois da aula, foi isso que, pelo menos, Suzi me pediu no fim da aula. Tentei negar, Fury não tinha me permitido sair livremente por ai com amigos, mas eu concordei, por fim. 

Eu e ela nos sentamos em uma mesa da lanchonete. Mas um dia meu sem problemas não é um dia, um grupo de cheerleaders e uns jogadores de futebol entraram na lanchonete, Flash Thompson estava lá com a namorada Liz, com a prima dela, Déb, a quem já tinha sido apresentada, e de brinde, Peter. O ultimo não parecia feliz com a situação.
Para premiar, no meio daquela saída em amigos, Liz começou a discutir com Flash. Mesmo que Déb tentasse impedir, Peter foi brigar com Flash.

Fiquei com medo do que podia acontecer, não que Peter fosse se machucar, afinal, era meio impossível, ele era o Aranha, mas com medo que ele fizesse merda, justamente porque ele era O Aranha. 

Flash deu o primeiro soco enquanto eu pensava.
Fui me levantar, mas algo me empediu. Peter socou Flash, e o segurou pela gola da camisa.

_Por sua causa, tive que me afastar da pessoa que amava, Flash. 

Liz, logo imaginei. Tony havia me contado.

Peter segura a gola mais forte, falando entre dentes.

_Você fez merda, e me afastaram da pessoa que eu amava, a pessoa que você beijou. Por sua causa, ela deve me achar um imbecil que a abandonou. Por sua causa Flash, me mantêm longe dela e dizem que já a amam. E ela nem sabe de nada disso.

Ele realmente amava Liz, pensei.
Mas eu sentia, lá no fundo, que ele não falava de Liz. 

_Você me afastou ela, me afastou de...

Avengers Lovers - Soldado InvernalOnde histórias criam vida. Descubra agora