Jéssica

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Tudo a sua volta era breu, estava sozinha em seu quarto. João tinha ido ao cinema, assistir Star Wars com Henry, algo que ambos esperavam e comentavam há tempos. Victória esteve fora o dia inteiro, talvez estivesse fazendo o turno da tarde, mesmo assim ela tinha um tempo. Tudo o que queria era experimentar, depois devolveria ainda negando ter pegado.

Caminhou descalça pelo chão quente do quarto, estava abafado lá dentro, mesmo com a noite estrelada lá fora. Com um clique ligou o ventilador, que lá do alto seria a única testemunha do que ela faria, com todo o seu barulho e movimento irregular.

Afastou o assoalho solto, enfiou a mão direita na abertura e pegou, bem devagar e alerta, o vibrador. Segurava a base plástica com leveza, como se a qualquer momento pudesse quebrá-la sem querer. Carregava a outra ponta, a emborrachada, com a outra mão em direção à sua cama.

Vestia apenas uma calcinha branca por baixo da camisola rosa bebê. Mesmo assim sentia o corpo febril como se estivesse de baixo de um sol escaldante, por baixo da camisola rosa de tecido fino.

Deitou-se e puxou a borda da camisola para cima, deixando o caminho livre. Tentaria fazer vestida com a calcinha, o medo de estragar ou deixar qualquer vestígio que a incriminasse era quase equivalente a sua excitação. Sentia, também, uma ansiedade que lhe causava um frio na barriga. Era quase tão estranho quanto seu primeiro beijo com João.

– Vamos lá... – Sussurrou mordendo o lábio inferior. Apertou o botão e suavemente a outra extremidade começou a vibrar. Posicionou a parte vibratória e emborrachada em cima de sua calcinha, sentia o movimento que mais parecia ondas de choque, mas nada mais do que isso. – Devo estar fazendo algo errado. – Constatou olhando para baixo, mas sem ver nada no escuro do quarto.

Ajeitou a base emborrachada um pouco mais abaixo de onde tinha colocado, agora o topo de sua vagina seria atingido pela vibração. Apertou o botão novamente, lentamente a vibração suave voltou. Agora sentia um calor subindo a partir de um ponto específico do seu corpo, arrumou o vibrador mais um pouco até atingir com mais ênfase esse único ponto e tudo se intensificou. Jéssica, que já havia tido experiências sexuais com João, descobria naquele momento o ponto mais sensível de sua genitália, lembrou naquele instante, de forma embaraçosa, uma frase que tinha escutado de sua irmã; Nada mais libertador do que a descoberta do clitóris.

Aquela era a primeira vez na qual a garota se propunha a descobrir seu próprio corpo, experimentar novas sensações, se dar prazer... Era a primeira vez em toda sua vida que a jovem se masturbava.

Sua imaginação fluía tal como os fluídos de sua vagina excitada molhava sua calcinha. A mão que apertava o botão agora apertava os seios, ambos com mamilos rígidos e mais sensíveis do que o comum. As carícias que ela fazia em si mesma lhe causavam boas sensações que desciam em ondas e colidiam com as ondas que subiam, jamais poderia explicar o que sentia naquele momento.

Gemia baixinho, como se pudesse acordar alguém, como se não estivesse sozinha... Sentia pouco a pouco o vibrador aumentar sua potência, não sabia se aquilo era programado ou se ela havia feito algo para que acontecesse. A mão que estava nos seios agora apertava os lençóis de sua cama, o corpo se contorcia com o aumento da vibração, agora ela também movimentava o quadril, quase que involuntariamente. Pouco a pouco seus gemidos também aumentavam, em intensidade e em volume.

Com os olhos fechados a mente estava aberta. Continuava sendo ela mesma, mas já não estava mais sozinha. Poderia estar com quem quisesse, onde e como quisesse, e assim foi. Quase podia sentir as carícias de João, quase podia sentir o corpo de Henry junto ao seu, quase podia ver o olhar reprovador do padre ou os olhos invejosos de sua irmã. Seus pensamentos se abriram como um portal.

Sentiu algo vindo como uma crescente, já havia sentido aquilo antes, mas ali em seu quarto naquela noite, era muito mais forte, muito mais intenso e prazeroso. Parecia algo novo e diferente, era como se estivesse descobrindo a si mesma.

Não resistiu e nem sabe se conseguiria caso quisesse, aquela sensação era forte demais. Ela adorou aquilo, mesmo sabendo que adorar qualquer outra coisa que não fosse seu Deus era um pecado.

Pouco a pouco seus olhos se fechavam. Sem perceber seu corpo anestesiado adormecia lentamente. Seria uma noite tranquila, sem sonhos e, embora estivesse com a camisola e os lençóis ensopados de seu próprio suor, igualmente quente.

...

Estavam sentados nas arquibancadas da quadra poliesportiva da escola. As aulas começariam em trinta minutos, tinham um tempo só para eles, a sós e isso, curiosamente, mexia com os pensamentos dela.

As lembranças da noite passada, do que fez e como fez não lhe causaram mudança corporal alguma, mas sua mente já não era a mesma. Queria mais descobertas.

Pássaros cantavam pousados na fiação dos postes, carros buzinavam, pessoas, que passavam um ponto mais abaixo na rua, conversavam sobre coisas diversas de suas vidas, mas para os dois pouco importava, novamente estavam conectados um ao outro. De olhos fechados se beijavam sentados um ao lado do outro, depois com Jéssica no colo de João.

– Temos... de... tomar cuidado. – João tentou dizer entre o beijo de Jéssica.

– Com o que? – Perguntou ainda com a boca unida à dele, se recusando a parar. De olhos fechados e com as pernas em volta de João, sentia um calor acima do comum.

– Para que ninguém nos veja... – Concluiu João afastando um pouco o corpo da namorada do seu.

– É porque estamos assim? – Perguntou Jéssica se levantando e encostando na grade logo acima dos dois. Ela não queria parar, enquanto estava no colo do namorado sentiu a ereção acontecer. – Então levante-se...

João se levantou, Jéssica notou um olhar preocupado nele. Abaixo o movimento de pessoas e carros ainda estava contínuo, ela não se importava. Queria voltar a se conectar com João e esquecer todo o resto, mesmo que todo resto não fosse esquecer dela.

– O que deu em você? – Perguntou João ao se levantar. Ela se limitou a puxá-lo pela camisa, colou o corpo dele ao seu e o beijou. Era um beijo sedento, sensual, instigante...

A mão esquerda agarrava João pela nuca, a direita descia pela barriga dele em direção ao seu pau.

– Jéssica... – João a repreendeu ainda de olhos fechados com a boca junto a dela.

– Xiiiiu... – Ela o calou. – Não estamos fazendo nada demais...

A mão que descia encontrou o destino, primeiro por cima da calça do uniforme, depois por cima da roupa de baixo e por fim sem nada para separar o seu toque do membro rígido. Subia e descia, enquanto o beijava mais forte, de tempos em tempos João soltava um gemido e ela fechava a mão mais forte em torno dele...

– Você gosta disso? – Perguntou entre os dentes, aumentando a pressão do aperto.

– Sim... – João respondeu de olhos fechados. Jéssica agora o observava mordendo os lábios. – A gente... A gente tem de parar. Temos de entrar...

– Ainda quero fazer mais uma coisinha antes... – Jéssica também estava excitada tanto quanto João. Era intenso e ela sabia o porquê. Ali naquele momento ela fazia outra descoberta. A possibilidade de ser vista ou de fazer qualquer coisa em um local impróprio, lhe causava uma excitação maior. Não sabia como nunca tinha percebido aquilo.

– O que? – Perguntou João ainda com seus olhos fechados, sentindo o toque incessante de Jéssica.

– Fica de olhos fechados e vai sentir. – Respondeu quase em um sussurro. Ajoelhou-se de frente para João, e abaixou um pouco de seu uniforme e cueca, rapidamente. Quando João abriu os olhos e a sua boca para protestar, já estava envolto da boca de Jéssica, mas agora de um jeito diferente. Aquela foi a primeira vez, considerada por ela, que fez sexo oral em João. Foi a primeira vez também que sentia um orgasmo enchendo a sua boca. Lembraria-se daquele gosto por muito tempo.

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