Um conselho bom

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                  DOMINGO 7:48

Minha cabeça ainda doía, parecia que agora eu tinha recuperado as forças depois daquela festa. Foi meu primeiro porre. Já tinham me falado que era horrível a sensação no outro dia, mas eu não pensei que fosse tão horrível assim. Eu já estava acordada mas meus olhos continuavam fechados. Eu estava tentando retomar aquele sonho que estava tendo: eu, Sana, Vilde, Chris e Noora em uma fogueira. A gente estava rindo de qualquer coisa e realmente parecia muito divertido. A cena de nós em volta da fogueira estava me deixando feliz e com vontade de pôr em prática na vida real.

Levo um susto com meu celular tocando embaixo do travesseiro. Na tela está o nome de Noora.

- Eva?
- Oi Noora. - minha voz de sono era evidente
- Aí graças a Deus! O Chris não te matou. - eu dei um risinho.
- É na verdade ele até segurou meu cabelo para eu vomitar. - ela riu do outro lado da linha.
- Nossa, eu me senti muito mal de ter te deixado com ele, mas eu precisava resolver um assunto - fiquei em silêncio e neguei com a cabeça pra eu mesma - O que? Você não vai perguntar e pedir para eu te contar?
- Hum - sorri - Não vou te pressionar. Eu vi um cara na festa com você, mas tava tão fora de mim que não conseguir ver quem era... - ela não me deixou terminar.
- Era o William. - agora tudo fazia sentido. Mas eu apenas não sabia o que falar para ela.
- Uau. Ahn. Ele é... Quero dizer... Ele é bonito. - contorci meus lábios.
- Tá... - ela falou no outro lado da linha meio triste - Estou indo para a sua casa, preciso conversar.
- Noora, espera. - olhei para o lado e lá estava Penetrator Chris com o olho aberto me fitando. - Pode vir umas... - tirei o celular do ouvido para poder ver as horas. Ele continuava me olhando, mas eu desviava de seu olhar. - Vem umas 14:00, pode ser? Vou ter que limpar a casa hoje. - ela concordou e não duvidou de nada. Bloqueei o celular e escondi ele de volta no travesseiro. Me virei para o Chris, que ainda estava me olhando e acompanhando meus movimentos. - Então... - olhei nos seus olhos castanhos. Pareciam tão sinceros. - Você nunca dorme?
- Ahn... - ele se virou de barriga para cima e passou a mão com os dedos quebrados no seu rosto. - Apenas acordei com você no telefone. - assenti com a cabeça. Parecia que o clima estava mais pesado hoje. Não, com certeza estava mais estranho. Não tinha um pingo de diversão entre nós. Ele estava muito quieto e eu estava me sentindo estranha naquele lugar. Ontem, quando fomos comer alguma coisa na cozinha, pude notar a sua casa. Era simples e confortável. E chique. Demais. Seu quarto ficava no último andar. Era o sótão. Um andar a baixo tinha um corredor com seis portas. Mais dois lances de escadas a baixo tinha a sala e a cozinha. O chão de mármore era branco feito nuvem e todos os móveis eram pretos ou cinzas. A sala de jantar tinha uma mesa enorme para  10 pessoas. A casa estava vazia e se eu falasse alguma coisa, tinha certeza que iria fazer eco. Cheguei na cozinha e ele estava na geladeira procurando comida. Que geladeira! Parecia que eu estava dentro de uma revista com uma geladeira cheia e colorida de comida. Eu não sei por que, mas me senti mal após pisar fora do seu quarto. Ele estava mais divertido no dia passado.

Fiquei olhando seus movimentos até ele descansar seus braços ao lado do seu corpo e olhar para mim. Fugi rápido do seu olhar e fingi olhar seu mural de fotos. Tinha apenas 5 fotos. 3 delas eram com uma senhora e um homem. Outra foto era dele com uma mulher de pele tão clara que parecia de porcelana. Na última era ele sozinho e preta e branca. Seu olhar era aquele que ele fazia para as meninas. O olhar que não funcionava comigo.

Ele seguiu meu olhar. Deu um riso pelo nariz e levantou. Caminhou, contornando a cama e foi até a janela. Abriu um pouco a cortina, estava chovendo. Depois ele partiu até um armário. Pegou uma toalha limpa e uma cueca, foi até o banheiro e se trancou. Definitivamente eu não era bem vinda hoje ali. Parecia que eu nem existia. Talvez fosse o jeito dele de dispensar a garota depois de uma noite de transa. Ainda bem que nessa história não teve a parte da transa.

Me levantei, arrumei a cama dele. Encontrei tudo que podia ser meu. Infelizmente tive que levar seu moletom comigo. Não tinha levado nenhum casaco pra festa aquele dia e hoje estava frio demais para sair semi-nua na rua. Sai sem fazer barulho, sem saber minha localização direito e sem deixar nenhum recado.

                                14:14

- Hey Noora! - ela tinha acabado de chegar ao meu quarto. Fui até ela e dei um abraço bem apertado nela. Ela deu uma risadinha e afundou seu rosto no meu ombro. Ficamos ali nos abraçando e quando eu percebi, lá estava ela chorando. Tentei me afastar mas ela não deixou, então, sem me afastar do seu corpo, trouxe ela até minha cama sentei nós duas. - Humm. Hey. O que aconteceu? - ela se afastou e olhou nos meus olhos.
- Eu não posso ficar com ele, a Vilde... Eu estaria traindo ela. Eu não posso. - estou tentando achar as palavras certas. - E ainda por cima, ele é egocêntrico, não se preocupa com os outros. Ele só pensa nele mesmo. - levo minha mão até seu rosto e faço carinho.
- O que você conversou com ele ontem?
- A gente... Ele queria entender o porquê de eu evitar ele mas demonstrar que gostava dele quando estávamos sozinhos. - ela me olhou para ver se eu estava ouvindo - Eu apenas confessei que gostava dele e dormi com ele. Só dormi.
- Noora... - trouxe ela para o meu abraço - Acho que vocês dois combinam muito. Ele parece ser quietão e você também é assim. A Vilde não tem que achar nada, ele nem ao menos tem algo com ela. A Vilde acha que está apaixonada, mas não. Ela só não achou o cara para ela ainda. E se você gosta dele, e ele gosta de você. Parte pra frente. Você nunca vai saber se não tentar. Mas eu acho que você não precisa falar nada para a Vilde ainda. Vê como vai ser as coisas com ele e se tudo der certo, você fala com ela. - Noora sorriu.
- Acho que sim, você está certa. Só que... - ela bufou - Ele deve estar bravo por que sai da casa dele ontem enquanto ele estava dormindo e não estou atendendo nenhuma ligação dele.
- Então liga para ele! Tipo, agora! - ela sorriu. Eu apressei ela com o celular e logo lá estava ela sorrindo falando no telefone.

Fuck the Shame - SKAM (*CONCLUÍDA*)Onde histórias criam vida. Descubra agora