Fuck the Shame - SKAM (*CONCLUÍDA*)

Perdida

                      SÁBADO 23:45

RusBus dos Penetrators.

Dia inesquecível.

Última festa aberta ao público.

- Eu podia dar uns toques para o William né? A publicidade deles é muito podre! - rimos. Noora e Sana estavam no meu quarto. As duas se maquiando na frente do espelho e eu, apenas, sentada. Olhando o celular. Ignorando entrar no WhatsApp e clicar sem querer nas 11 mensagens que Chris me mandou.

"Você tava estranha hoje"

"Tá melhor?"

"Sabe... Eu posso ir aí. Posso cuidar de você" - ele tentou fazer as coisas certas.

"Não vem pra aula?"

"Eva! Já faz 2 dias! Vou falar com suas amigas!" - não, não, ele não é do tipo que vai falar com as amigas. Como se estivesse muito apaixonado. Na realidade, eu nem sabia o que ele tinha mandado. Ignorei ele por esses dias. Ignorei, mas não parei de pensar nele. E nos seus problemas que eu nem conhecia.

- Eva! - sacudi a cabeça e olhei para Noora arregalando os olhos - Onde você estava? - neguei com a cabeça - Enfim... Você tem algum blush mais alaranjado? - levantei para revirar a gaveta do meu banheiro. Achei e entreguei à Noora, na hora que eu iria me jogar na cama de novo, ela segurou meu pulso e olhou nos meus olhos - Chris veio falar comigo hoje. - quase rangi os dentes, fazendo força para meu queixo não cair.
- O que ela queria? - limpei um borrado de batom na sua boca.
- Na verdade, ele. - juntei as sombrancelhas - Ele perguntou se estava tudo bem com você.
- Mas ele foi diretamente até você?
- Mais ou menos. Eu estava com William quando ele chegou e...
- Tudo bem. Você falou o que?
- Falei que você estava doente ainda, mas estava ok. - assenti com a cabeça.
- Eva, você e o Chris são tipo um... - Sana apareceu do nosso lado.
- Não termina. - apoiei minha mão em seu ombro e ri. Elas riram também, mas parecia de nervoso - Somos só amigos. Tipo, ele é muito legal. Mas eu não teria coragem de ser alguma coisa além disso com ele. - eu já era alguma coisa além disso.
- Acho que eu ainda não conheci o Chris legal. - Noora soltou com uma risada. Ri. Mas não entendi. Ele nunca foi realmente alguém mau para mim. Me joguei na cama e olhei para o teto.
- Ele cuidou de mim quando você não pôde.
- Ah... verdade. - as duas deitaram no meu lado e ficaram olhando para o meu teto. - Mas sabe, você que sabe da sua vida. Não liga para o que os outros pensam ou sei lá. Tipo eu e Wilhelm - sorri - Sempre dá alguma coisa errada, mas o final é bom. - olhei para a Sana. Maliciosamente. Gargalhamos.
- Só amizade galera! - eu concluí de novo. Nós demos as mãos e ficamos encarando aquele teto branco sem graça.
- Só falta as estrelas, para ser uma noite romântica de amigas. - Sana soltou. Refleti.
- Por que?
- Ah... - ela se arruma sobre os cotovelos - Sabe aquela história de estrela cadente, pede um presente? - assentimos - Ficaríamos olhando para o céu, formando imagens, contando estrelas, imaginando o universo e esperando a cadente. E quando ela passasse daríamos um gritinho e logo fecharíamos os olhos para fazer o pedido. - sorri. Verdadeiro. Eu gostei daquilo. Sana falava coisas sábias.

                               00:55

- Bem vindas à loucura! - nos entreolhamos e gargalhamos. Subimos os degraus quase invisível e nos infiltramos na atmosfera colorida e, ao mesmo tempo, negra. Com som alto e pessoas bêbadas, aquilo estava divertido. Encontrei Isak, que já me recepcionou com um copo. Gargalhava com seu amigo Even, na verdade, me curvava de tanto rir. Em uma dessas minhas idas até o chão, quando voltei um braço se encaixou no meu pescoço, a mão segurava uma latinha de cerveja. Chris.
- Fala ae! - Isak cumprimentou o fuckboy e Even deu um abraço de lado.
- Tudo certo por aqui? - ele perguntou normalmente.
- Cara, o Even tava contando... - me virei para Chris e fiz minha melhor cara de dúvida.
- Você. - apontei para seu peito - Você veio até aqui só para ver se estava tudo bem? - sorri irônica.
- Sim. - ele sorriu e passou a língua nos lábios. Mode fuckboy ON.
- Acho que você está mentindo. - ele arregalou os olhos e se fingiu de ofendido.
- Acho que você. - apontou para mim. Seu indicador tocou meu seio. - Acho que você espantou meus convidados. - olhei para o lado. Ninguém. Isak e Even evaporaram. Saco! Sozinha com o Chris.
- Dá licença. - empurrei seu ombro para o lado. Iria sair dali. Ia.
- Qual é Eva? O que que deu? - ele segurou meu braço. Meu queixo estava quase tocando o dele.
Você. Você! Eu queria ser solteira. Sair de casa não pensando em ninguém. Mas aí... - como eu estava fluindo. Não podia mais deixar aquilo, somente aquilo, ficar engasgado - Você! Com problemas. Você é o problema. - ele arregalou os olhos, agora de verdade. Se afastou um pouco e sentou na mesinha.
- Pode ir. - ele apontou para algum lugar qualquer - Nós somos... Nada. Você quer continuar assim. Você. - ele estava com raiva. O seu ser mais calmo era quando ele estava com raiva. Fitou o chão, impedindo meu olhar. Eu podia ir. Podia. Me aproximei dele. Um pouco de álcool e desejo, davam a coragem necessária. Coloquei suas mãos em minha cintura. Segurei e levantei seu rosto.
- Eu estou tão confusa!
- Eu não! - eu beijei ele. Foi um beijo de necessidade. Um beijo de fome. De saudade. Algo em mim havia mudado esses dias. Parecia que seu mistério, sua vida. Ele. Me atraía mais e mais. Desacelerei e toquei seus lábios com suavidade. No lábio inferior. Superior. Esfreguei suavemente meu nariz com o seu. Senti seu cheiro, cerveja e seu, só seu, perfume. - Depois você vai para minha casa?
- Não. - me afastei e olhei seus olhos mais calmos. Não estava afim de passar essa primeira noite sem dores de cabeça naquela casa enorme e vazia.
- Posso ir para a sua? - nunca tinha visto a cara de cachorro molhado dele. Quase apertei suas bochechas.
- Pode. - dei um beijo na sua bochecha e fui procurar Sana ou Noora.
- A gangue está aqui! - alguém gritou para todos ouvirem no ônibus. Comecei a não entender nada quando todos os Penetrators começaram a sair do ônibus. Vi William falar alguma coisa no ouvido de Noora e sair. Chris! Meus olhos percorreram o ônibus todo. Meu celular. Meu celular estava vibrando.
- Alô?
- Tá pronta para ir embora?