Indo bem

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Fechei meu armário com toda força e tentei ir o mais rápido possível entre a multidão de alunos no corredor.
Havia acabado a aula e eu fiz tudo o que eu precisava o mais rápido o possível, mas não consegui prever que seria ainda pior pegar todos saindo da sala ao mesmo tempo em que tentava sair do colégio.
Tentava empurrar as pessoas, às vezes com raiva, para ir mais rápido.
Já havia avisado as meninas que eu iria embora mais cedo e elas não precisariam me esperar, mas mesmo assim encontrei Sana que me deu uma piscada de olho e se virou para falar com Isak.
Quando alcancei a maçaneta da porta principal, deu um suspiro de alívio.
O vento de começo de outono me pegou de surpresa e eu fechei os olhos.
Chris.
Ele estava me esperando.
Me localizei, tentando raciocinar mais rápido, caminhei para as escadas, mas ele não estava lá.
O jaguar branco não estava lá.
E pensar que aquele carro já tinha participado de uma briga nossa.
"Você tá atrasado..."
Mandei a mensagem e arrumei a mochila.
O sol estava lá, mas o calor não. O ar já havia voltado a ficar frio e eu só pensava que logo poderia voltar a usar meu casacão branco.
- Caraca... - ouvi uma voz atrás de mim e eu me virei para um menino do primeiro ano quase babando e hipnotizado por alguma coisa a sua frente.
Virei meu rosto - tentando achar o que ele via.
Jaguar, branco pérola.
E um sorriso fuckboy dentro.
Respirei fundo, tentando não sorrir igual uma boba.
Caraca.
A gente tava junto.
Desci os últimos degraus e abri a porta.
Enquanto eu tentava subir no carro, sua mão me puxou e nossas bocas colidiram.
Colaram.
Colaboraram.
Quebrei o beijo rindo e finalizei a subida.
- Você não vai querer que metade da minha perna seja perdida. - ele riu e certificou que estava tudo bem para arrancar.
- Eu sei que é mesquinho, mas eu amei todas as pessoas babando pelo meu carro. - revirei os olhos. Não foram todos que babaram ou sequer repararam.
- Então porque ficava com um "simples" Toyota antes?
- Minha vó era meio durona e ela sabia como eu era.
- Era? - perguntei maldosa.
- Ah cala a boca Eva. - me olhou rápido e eu sorri.
Oslo estava movimentada hoje, até tinha um pequeno trânsito no centro.
Pelo menos até o prédio de Chris. Que aliás, descobri que havia um elevador escondido.
Sua sala continuava cheia de caixas de mudanças, mas arrumada na medida. Ele deixou minha mão para caminhar até a cozinha e largar as chaves do carro no balcão e ir até o armário. Abriu parecendo bem decidido e eu só observava. Pegou um pacote de talharim e uma lata de molho de tomate. Pôs na bancada e se virou para pegar uma panela e uma frigideira.
Levantei um pouco meu corpo para ver sua cueca preta que aparecia sempre que ele se agachava e sua calça de moletom descia.
Me joguei no sofá confortável e comecei a mexer no celular.
"Você sabe fazer risoto?"
Chris me chamou pelo whatsapp e eu levantei a cabeça para ver ele rindo pro celular.
"Eu estou do seu lado!"
Sua resposta veio imediatamente.
"Então vem aqui!"
Decidi falar minha resposta logo.
" Eu odeio risoto. Vamo esquentar uma pizza."
- Eu não como comida congelada. - senti seu corpo caindo em cima do meu - Gordura trans... - fez uma careta de nojo e eu ri.
Puxei seu rosto, seus lábios, para mim.
- Então vamos comer salada.
- Você e o seu fetiche por salada. - sorri meio sem jeito e ele beijou minha testa, depois saiu de cima de mim e foi à caminho da cozinha.
Porém parou de repente e se virou com um olhar complexo. - Caralho... - arregalei um pouco o olho, assustada mesmo sem saber porque - Eu nunca tinha feito isso antes.
- Feito o que? - enruguei a testa e ele sorriu fuckboy.
- Beijado a testa de alguém, tipo como um gesto de gosto de você. - gargalhei.
Eu não acreditava que ele tinha falado aquilo.
Era hilário.
- Então você tipo se importa comigo? - e lá estava ele se jogando em cima de mim de novo.
- Eu tipo me importo muito com você.
- Legal... - fiz uma cara de quem na sabe nada e me preocupei com sua mecha de cabelo atrás da orelha.
Percebi que ele semicerrou os olhos e eu não contive meu sorriso. Com muito esforço inverti as posições e fiquei por cima dele. Minha perna e seu corpo entre elas. Apertei suas bochechas coradas naturalmente, fazendo o biquinho de peixe e dei um selinho nos lábios rosados.
- Eu me importo, - beijei seus lábios novamente - Eu me cuido, - beijei entre suas sobrancelhas, um pouco acima do seu nariz - Eu me identifico, - volto para seus lábios - Eu sinto. Com você.
Só enxerguei seu olhar e ele sorria. Demais.
Chris já foi amado do jeito certo?
Ele parecia uma criança. Uma criança que não conseguia mentir sobre os sentimentos.

            UMA SEMANA PARA A PARTIDA
- Chris! - apontei o dedo para ele, mas tive que afastar para ele não mordê-lo. - Você tem que ir embora... - falei manhosa.
Ele não queria tirar aquela toalha de banho que vestia sua cintura e pôr sua roupa só para me enfrentar.
Estava assim, passeando pelo meu quarto seminu.
Sua última e brilhante ideia foi sentar no meu sofá e estender as pernas no puf para, assim, começar a mexer no celular.
- Vai! Estou em silêncio. Vou deixar você estudar.
- Você sabe que não vai dar certo. Você me distrai. - ele olhou sugestivo e eu sorri, não me contendo.
- Eva!? - uma voz. Familiar. Fechando a porta de entrada.
- Minha mãe! - corri até suas roupas - Se veste, pelo menos, dessa vez. - pela minha surpresa, ele também ficou assustado. Pegou a muda e correu para o canto do quarto. - Já estou indo aí em cima mãe! - gritei para alertar.
- Trouxe comida! - ela respondeu normalmente, mal sabia que tínhamos visita.
De repente Chris estava pronto, com roupa amassada e cabelo bagunçado, mas pronto. Na sua calça bege e blusa preta sem estampa, ele veio até mim e roubou um selinho.
- Vamos subir? - ele falou tão certo, como homem de negócios e eu gargalhei. Ele estava nervoso e sorri com sua preocupação.
Segurei sua mão e nos conduzi para cima.
Minha mãe fazia barulhos na cozinha e foi pra lá que fomos. Ela estava preocupada com alguma coisa no alto do armário quando arranhei minha garganta e ela se assustou. Desceu da ponta dos pés e, não sei como, conseguiu bater a cabeça na porta do armário, a qual começou a fechar.
- Caralho! - corri até ela e me preocupei em ver se sua cabeça sangrava. Percebi Chris atrás de mim, atento também.
Estava tudo bem.
E foi só aí que percebi a palavra que ela havia falado segundos antes.
Gargalhei.
- Agente acha as melhores maneiras para vcs se conhecerem! - sorri e só então minha mãe percebeu o cara que estava entregando o gelo para ela pôr na cabeça.
- Eu nunca conversei com ele, mas sei que ele pode conhecer essa casa melhor que eu. - sorri nervosa e minha mãe gargalha. - Vamos, vamos! Estou com fome. Vamos jantar. - olhei para um Chris sorrindo nervoso.

Fuck the Shame - SKAM (*CONCLUÍDA*)Onde histórias criam vida. Descubra agora