Babando

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Meus pés fizeram o caminho, lentamente, até a porta do apartamento desarrumado e rústico. Pelo pouco em que vivenciei no espaço pude reparar no local.

Logo quando a porta se abre, em frente há uma parede de tijolos à vista, a direita você tem passagem para a cozinha e a esquerda para a sala de estar. E as duas são áreas conjuntas. Uma das quatro paredes é toda de vidro, pelas janela da de ver grande parte do centro até os prédios comerciais, que impedem a visão pela sua altura.

Minhas mãos encostaram na maçaneta da porta e eu respirei. Respirei pensando nos momentos que avassalaram minha mente sobre ele. Em 5 segundos, eu pude rever seus sorrisos e suas caretas.

Chris não puxou meu braço ou pegou minha cintura, muito menos me tocou. Não me impediu.

Abri a porta e meu pé levantou,

Em câmera lenta.

Meu pé direito iniciou o trajeto dele para porta a fora.

De repente a porta deu um estouro.

- Caralho. - ouvi sua voz ao meu lado. Sua mão espalmada na porta e suas bochechas vermelhas.

Ele não iria me deixar sair.

Mais um relâmpago.

Me aproximei da parede, querendo me aproximar dele, mas sabendo que seria muito estranho esse contato.

O barulho dos relâmpagos me assustavam, parecia que o céu ia rachar e cair em cima de nós.

Porém, naquele momento, quem estava caindo em cima de mim era Christoffer Schitad. Mais especificamente seu olhar.

Seu corpo encostou na porta, de frente para mim, e me fitou. Cruzou os braços como se estivesse pensando algo muito importante e bufou.

- Você não pode falar essas merdas todas pra depois ir embora e acabar morrendo por causa de um raio de uma tempestade de verão idiota.

Palavras meigas?

Passou longe.

Eu não sabia o que fazer, o que falar.

Ele poderia ser bem mais idiota e sair andando para algum lugar depois de falar isso, mas não. Ficou ali, estátua. Seus olhos pareciam estar alucinados por mim e eu tentava evitar o seu olhar, mas algo me puxava também.

O campo eletromagnético.

Entre abri minha boca, ele mordeu os lábios.

Decidi fechar os olhos. Eu queria aquilo, queria ir fundo com ele, reviver as emoções que só ele me deu.

Abri meus olhos decidida, mas ele não estava mais lá. Ouvi o barulho de xícaras e a TV sendo ligada.

- Eu lembro de você dizendo que nunca choraria por mim. - encontrei ele atrás do balcão, botando água na chaleira e levando ao fogo - Tenho certeza que você quase chorou aqui, hoje.

Porra.

Eu não sabia o que falar.

Por que ele parecia tão calmo?!

- Acho que as coisas mudaram.

- Que coisas? - ele me encarou, parecendo arrancar minha alma.

Eu via o que ele fazia.

Estava querendo descobrir como eu me sentia.

Mais no fundo.

- As mesmas coisas que mudaram em você. - achei a melhor resposta possível.

Fuck the Shame - SKAM (*CONCLUÍDA*)Onde histórias criam vida. Descubra agora