Se entregar

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                     DOMINGO 1:31

- Chris? - por que ele iria me ligar se nos estávamos no mesmo lugar?
- Sim. Você tem que vir aqui pra fora agora, tenho que sair daqui rápido. - ele estava calmo, apenas parecia meio incerto sobre eu aceitar ou não.
- Ok!
- Quando você sair do ônibus, vire à esquerda e vá para trás do ônibus. Estou no meu carro. - peguei tudo que era meu por ali. Havia apenas eu no ônibus. Na hora em que pisei fora e meus olhos conseguiram ver o que realmente acontecia, abri minha boca. Algum Penetrator dera o primeiro soco da briga. Vi como se fosse em câmera lenta, o maxilar do atingido parecia ter saído fora do lugar. Estreitei meus olhos e me encolhi. Esquerda. Me movi racionalmente. O Toyota estava ligado, pronto para partir. Bati a porta e ele logo acelerou, vi seus calos da mão saltados enquanto ele apertava com força o volante. Olhei para sua face contraída. Ele não estava tão calmo assim. Irracionalmente, aproximei minha mão da sua coxa, quando cheguei perto ele me olhou assustado. Pronto para atacar. Logo que viu meu olhar, tranquilizou. Apoiei minha mão em sua coxa e fiquei mexendo meu dedão no seu jeans preto. Recostei minha cabeça no banco e fiquei olhando pela janela. Eu queria saber tanta coisa. Mas eu tinha medo. Vergonha. Ele era como um baú do tesouro. E eu estava procurando a chave para abri-lo.

O caminho todo até a minha casa foi silencioso. Às vezes ele dava um suspiro profundo. Um sinal de que, pelo menos, estava vivo. Sem se importar, ele estacionou dentro da minha garagem. Ela já era de casa. Sua mão encaixou no meu pescoço e eu virei para ele. Seu dedo fazendo carinho na minha orelha. Ele piscou para mim sem sorrir. Fechei os olhos e me aconcheguei na sua mão. Senti seus lábios suavemente nos meus. Ficamos ali. Infiltrei meus dedos no seu cabelo.

- O que aconteceu lá no rusbus? - falei ainda com os lábios colados nos dele.
- Lembra aquela vez que você foi no hospital comigo? - assenti, não nos afastamos - Desde aquela vez os caras estão mexendo com a gente. Aquele dia eu vi um deles obrigando uma garota a fazer coisas... Daí eu parti para a briga. - me afastei e me encostei na porta - Por que você sempre se afasta?
- Continua. - empurrei ele para o seu banco e esperei ele continuar, depois de revirar os olhos e passar a língua nos lábios.
- Daí foi provocação uma atrás da outra. Teve uma outra festa que eles apareceram e William quebrou uma garrafa em algum dos caras bem na hora em que guardas passavam. Fomos para a delegacia e sofremos um processo. - juntei minhas sombrancelhas. - Não podemos nos envolver em nada que seja ruim perante o estado. O problema é que a gangue não foi para a justiça. Eles abriram o processo e saíram de boa. Agora estão tentando nos irritar. Estão conseguindo. - onde eu estava quando tudo isso aconteceu? Meio aérea, fiquei ereta e encarei ele. Ele tentou ser bom. Estreitei os olhos e me virei para sair do carro.

Girei a chave. Entrei em casa e Chris me seguiu feito um cachorrinho. Fui direto para cozinha.

- Você quer algo para comer ou tomar? - sai atrás da porta da geladeira para verificar o negativo dele com a cabeça. Ele sorriu falso. Estranho. Peguei um tomate, pepino e alface. Enquanto eu preparava minha bacia de salada, ele ficou me observando. Pronta, levei para o meu quarto. Me apressei em trocar de roupa e me joguei na cama. Enquanto eu devorava a tigela de salada, Chris parecia estar muito interessado no seu celular. Estava sentado perto dos meus pés. Decidi pegar o meu celular também. Desbloqueei e lá estava as mensagens não lidas dele. Abri.

"Eva"

"Eva"

"Eva!"

"Você tá melhor?"

"A escola é muito chata sem eu poder ficar espiando você"

"Acho que isso foi bem, BEM meloso" - eu ri. Acho que ele gostava de mim. Deus! Ele estava aqui enquanto eu fazia uma das coisas mais íntimas minhas: comer um monte de salada na cama.

"Chata"

"Você realmente não está vendo o celular?"

"Tá me ignorando?"

"É típico de você mesmo... ��"

"Eu te acho chata mesmo você não estando aqui. Me irrita até por isso" - eu rio. Deixo de comer por um momento para digitar uma mensagem para ele.

"Eu estava realmente com dor de cabeça. Estava um pouco irritado com você. Estava/estou confusa!

Ps.: você fica me espionando?" - mando e dou uma cutucada na sua barriga com o pé. Ele me olha perdido e depois olha para o celular. Sorri. Digita.

"Você é confusa! Por que você ficou tão estranha de repente?

PS.: seu fetiche é comer salada quase seminua, sendo sexy?" - eu sorri com a última parte. Botei a tigela no criado mudo e puxei a gola da sua camiseta até ele se deitar no lado dele da cama. ?.

- Um dos meus segredos: AMO salada. - ele gargalhou. Arrumou um fio de cabelo meu e fés carinho na minha bochecha.
- Por que ficou estranha? - levantei e soltei meus ombros frustada.
- Você ficou estranho!
- O que? - ele exclamou surpreso - Você saiu do carro e depois mudou totalmente de assunto! - arfei.
- Só fiquei pensando onde eu estava quando tudo isso aconteceu. - peguei minha tigela de novo e comecei a comer.
- Ah Eva... Poucas pessoas sabem da minha vida. E o William também é assim. Não deixamos quase ninguém saber do julgamento.
- Mas e eu? Você é eu já estávamos próximos quando isso aconteceu. - falei de boca cheia. Fiquei mais frustada ainda quando vi que tinha muito pouco tomate para o tanto de alface.
- Sei lá. Não pensei muito sobre isso. Eu não penso muito sobre outras coisas quando estou com você. - acho que era para eu ficar feliz, mas eu só estava com raiva por não saber nada dele. "Ele tentou ser bondoso, não deu certo."
- Mas eu quero saber com quem eu estou dormindo!
- Você sabe... - ele me engaiolou com seu corpo. Eu mastigava o último tomate. Ele tomou a tigela das minhas mãos e a apoiou no criado mudo de novo. Me encarou.
- Eu quero saber da sua vida. Eu não sei nada sobre você.
- Você quer entrar na minha vida? - duplo sentido? Talvez? Quase certeza.
- Eu quero saber quem você é. - ele me deu um selinho e se jogou em cima de mim. Arfei com seu peso. - Que isso doido? Quer me matar? - ele gargalha e sobe um pouco o rosto para me ver.
- Estou me entregando a você. - enruguei a testa e fingi achar aquilo besta. Mas eu achava realmente engraçado.
- Não gostei dessa entrega! - falei com dificuldade depois de ele cair em cima de mim de novo.

Fuck the Shame - SKAM (*CONCLUÍDA*)Onde histórias criam vida. Descubra agora