Capítulo Oito

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Jamais aquela semana poderia ser confundida, havia uma brisa diferente, até mesmo o farfalhar das árvores trazia uma nova dança. As crianças seguiam curiosas todas as ações dos pais, buscando encontrar o lugar onde os presentes estavam guardados. Na cozinha o aroma dos perus e presunto, enquanto a conversa surgia com gargalhadas.

Nicole abraçou-se, os olhos tinham um brilho especial diante da paisagem esbranquiçada. Depois de um café da manhã rápido, ela resolveu se aventurar numa caminhada, Henry provavelmente estava dormindo, ou ainda aproveitando a companhia dos pais. Eles tiveram uma pequena discussão sobre quem e em qual casa ficariam; Nicole resolveu agir com sensatez. Mesmo sua relação com Henry fosse óbvia, existia certos princípios e também a vergonha.

Acenou para a senhora Michelle, que morava em frente ao parque, antes de seguir para o balanço. Esfregou as mãos enluvadas, despreocupada com o frio. Nicole recordava da infância, quando ela e Kate obrigavam o pai a acompanhá-las, passavam horas construindo castelos e bonecos de neves. É claro, que a mãe aparecia de supetão e forçava todo mundo a retornar para casa.

O celular bipou duas vezes e ao ler a mensagem, ela sorriu:

—Espero que tenha tido uma noite maravilhosa, porque senti muita falta de dormir colado a você, principalmente com a neve. Amo-te, Carlie.

Noite maravilhosa? Era tão estranho voltar para seu antigo quarto e não ter absolutamente nada que remetesse a presença de Henry. Sorriu, encostando a cabeça na corrente do balanço. Será que algum dia seria capaz de se cansar da vida a dois? Meneou a cabeça, zangando-se consigo mesma. Levantou-se, decidida a refazer o caminho, louca para sentar ao lado da lareira.

Assim que chegou a porta de casa, ouviu o som "O holy night"; a música preferida de Stefany. Entrou silenciosamente, retirando os calçados, a capa e o cachecol. Nicole adorava a decoração vermelha, mesmo com as implicâncias de Brandon, terminara por montar a árvore, colocando os enfeites que ela e a irmã tinham feito quando crianças.

— Bom dia, querida — Stefany disse ao terminar a canção, beijando-lhe afetuosamente a bochecha.

— Bom dia, mamãe — retribuiu o beijo, dando um tapinha nas costas de Brandon — Então, senhor Wallen, como se sente perto do seu aniversário de cinquenta anos?

— Você aumentou três anos, amendoim — Brandon retrucou, voltando sua atenção ao jornal.

Nicole riu, seguindo para a cozinha. O cheiro do peru fazia sua boca salivar. Ela experimentou um pouco da farofa, gemendo em deleite. Tinha que afirmar, sua mãe era a melhor cozinheira que conhecera na vida!

— Está bom de tempero? — Stefany perguntou, terminando a salada.

— Excelente, mãe. Acho que vou roubá-la de papai e levá-la para Nova Iorque comigo — Nicole argumentou, imaginando como sobreviver mais quatro anos sem a comida caseira.

— Também quero! — Kate gritou, entrando sem preocupar com as botas sujas.

— Ninguém vai roubar minha esposa — Brandon ralhou, aproximando das três mulheres, segurando o quadril da esposa —Eu sofri muito para conquistá-la, quase levei um tiro do pai dela e ainda fui obrigado a dividi-la com vocês — ele juntou as sobrancelhas —Se querem uma cozinheira, tratem de procurar numa agência de empregos.

Kate arqueou a sobrancelha, sem esconder o sorriso malicioso diante as palavras do pai.

— Papai, eu havia me esquecido do quanto é ciumento. Isso tudo porque nos casamos? — Ela perguntou, sentando na baqueta.

Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora