Parecia que a cena se desenvolveu ontem quando Stefany surgiu em seu escritório e dera a melhor notícia de sua vida, repetindo-a no ano seguinte. Ele recordava do sofrimento para ser aceito pelo sogro, naquela época estudar era para rico. Nascer no estado do Texas era viver da terra e do gado, uma maneira rústica de perpetuar a herança. E Brandon queria ir além das expectativas, seguir no ramo industrial, área farmacêutica.
Os anos estudando foram difíceis, e suas esperanças consistiam nas cartas que trocava com Stefany. Era uma luta diária para conquistar uma boa renda e assim proporcionar à namorada e a futura família uma vida com todas as necessidades suprimidas. Contudo, o esforço valera a pena e tinha cumprido sua palavra, casando com seu grande amor e começando uma vida juntos em Lynchburg.
— Tão concentrado, algum problema? — Stefany perguntou, entregando-lhe uma xícara de chá, sentando no braço da poltrona.
— Estava refazendo todos nossos passos até mudarmos para cá — ele respondeu, beijando-lhe a mão.
— Tivemos ocasiões difíceis, vivendo no nosso primeiro apartamento. Mal cabiam os móveis, eu fiquei assustada ao imaginar aonde criaríamos duas crianças. Kate era um bebê e já tínhamos outro a caminho — ela riu.
— Conquistamos nossa casa e hoje nossas filhas têm as próprias famílias — ele disse com careta.
— Recordo do recital de balé de Kate, estava tão linda. Uma pena que tenha destruído o penteado antes de entrar no palco, ao menos se divertiu — Stefany argumentou, encostando a cabeça ao do marido — E Nicole quando a deixei pela primeira vez na creche, senti meu coração se rasgando, enquanto ela chorava e a cuidadora tentava consolá-la.
Brandon meneou a cabeça.
— Acho que pior coisa que houve foram os namoricos. Meu Deus! Por que elas tinham que crescer tão depressa? Ainda me arrependo de não ter interrompido Kate e Jason naquela festa de debutante, mas hoje ele sente o gosto amargo de ser pai de adolescente.
— Isso não foi delicado, amor — ela disse — E não podemos comparar nossos netos aos pais.
— Hope está semelhante à Kate, ela é explosiva e precisa liderar a todos. Já Willian é igual a Henry, acho que conseguirá cuidar da empresa por mim.
— Ele tem dez anos, Brandon — ela articulou, massageando a nuca — Sabe que Nicole não deixará que coloque o menino a par de negócios. Sabemos que ele insiste em ser um engenheiro como o pai, pode mudar de ideia.
— Quem sabe, Nicole desejava cursar Literatura e hoje trabalha como psicóloga — ele comentou como se dissesse para si mesmo.
— Exatamente, além disso, os meninos não estão preocupados em decidir a universidade.
— Imagine Charlotte.
— Com certeza será a última a decidir qualquer coisa, no momento está empolgada com aquele chocalho insuportável — Stefany franziu o cenho — Pedi para que Kate o mantenha afastado de nossa casa, nunca vi um brinquedo tão azucrinante.
Brandon assentiu. As meninas também tiveram um brinquedo preferido, Kate adorava a bicicleta totalmente rosa e Nicole carregava um urso de pelúcia para todos os lugares. Houvera uma briga no primeiro dia de aula. Stefany argumentava que perderia o objeto, a garotinha estava irredutível, até que o entregou a ele e pediu que o mantivesse em segurança.
Levar aquele urso para o trabalho fora uma das peculiaridades de sua rotina como pai.
Pai! Ouvir aquelas pentelhas nos finais de semana antes das sete horas da manhã, uma caminhada enquanto Stefany jazia em casa dormindo. Contudo, o passeio pelas trilhas tornava-o uma criança novamente, sonhavam que eram piratas ou soldados de um rei importante, inventavam lendas. Depois, iam para as lanchonetes e fugiam das dietas.
As dietas foram um verdadeiro martírio para Nicole. O médico alertava para o problema de obesidade e encarando-o de frente, souberam contornar a situação de alguma maneira. Percebiam que a filha durante a adolescência se sentia insegura, como odiava aqueles estereótipos. Para Brandon e Stefany, a filha era linda e perfeita. Uma garota que não era acanhada ao lado dos amigos e familiares, brincalhona e que buscava conhecimento para si própria.
Kate também passara por transformações. Ele sorriu, olhando as fotos das meninas espalhadas pela sala. Sua artista tinha um gênio difícil, como sentia falta das provocações. Discutiam sobre esporte, política e até economia, nunca concordavam e embora estivesse certo, deixava que Kate tivesse a última palavra. Talvez alguns pais discordassem, mas ele não precisava ser igual.
— As crianças chegaram — Stefany disse assim que ouviu a buzina — Jason gosta de chamar atenção, aposto que colocou Charlotte em frente ao volante de novo.
Brandon passou a mão sobre os cabelos brancos, admirado pelo tempo.
— Vovô — a pequena Melody gritou feliz, correndo para seu colo — Sabia que a mamãe me prometeu um cachorro no próximo aniversário?
— Nossa, e você irá cuidar dele sozinha? — Ele retrucou e a menina de cinco anos assentiu.
A loira entrou na sala, beijando o pai na testa.
— Ainda estamos estudando as possibilidades, Mel — ela disse à filha que cruzou os bracinhos, e juntou as sobrancelhas.
Brandon riu, abraçando a neta:
— Tenho certeza que ganhará o animal de estimação, sua mãe sempre cumpre a palavra. Ela casou com seu pai — disse, a filha fitando-o pasma.
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Antecedentes das confusões da paixão
Roman pour AdolescentsNicole é uma típica adolescente, que possui curvas que acredita serem extravagantes. Ela possui uma irmã e dois grandes amigos de infância. No entanto, esconde uma paixão por Henry, que tem um rosto comum e um lindo sorriso escondido nos livros. ...