Capítulo Catorze

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Paixão ou amor? Quantas vezes poetas buscaram explicar a diferença dos sentimentos? Como decidir dentre eles? Aceitar a ansiedade e desligar-se dos status sociais ou se entregar numa busca alucinante pela completa felicidade. Seja qual for à escolha, a paixão é capaz de se tornar amor, mas ninguém pode esperar viver cegamente, ao contrário, é importante receber a rotina, as surpresas, os momentos apaixonantes, a fuga da realidade por algumas horas.... Somente.... Eu e você.

Kate meneava o pincel com força, as cores fortes se combinando para explicar suas emoções. Aborrecia ver os porquês que ameaçavam transformar-se em tormenta. Gostaria de apagar qualquer indício de crise, e seu único caminho consistia em aprisionar a mágoa para si própria. Justamente ela! Por que Jason tinha que ser tão bobo? Respirou fundo, passando o pulso sobre a testa.

Escutava Olívia na cozinha, mais uma vez ela pediu para fazer ao menos o jantar. A sogra ficaria com eles até que algumas mudanças fossem realizadas na casa em Lynchburg, era uma decisão da matriarca e os rapazes preferiram não opinar.

— Kate— a mulher disse, batendo na porta entreaberta do ateliê — Pode chamar Jason para jantar?

A loira mordeu o lábio, guardando o pincel.

— Ele já é grandinho e sabe o caminho para nosso apartamento— ela disse polidamente, levantando-se do tamborete para arrumar os quadros que entregaria no dia seguinte. Nas últimas semanas conversavam apenas com o essencial. Como adoraria que ele, pela primeira vez, mostrasse a fúria e decisão que possuía no basquete, ou a mesma insistência quando participava numa partida de futebol americano.

— Não aja assim, menina— Olívia pediu, notando o quanto o casal parecia distante — Ele com certeza ficará feliz.

Kate colocou as mãos na cintura, encarando a sogra. Não seria uma expressão ridícula?

— Faço isso pela senhora— articulou, caminhando até Olívia — Mas seu filho precisa aprender a ser menos ingênuo.

Olívia sorriu, pegando na mão da nora.

— É por isso que você foi a melhor escolha da vida dele. Jason precisa de você, dando apoio e puxando-o todas as vezes que falhar.

Apoio? Kate esperava o elevador, contrariada ia até a quadra do prédio. Desde o início tinham optado pelo lugar porque transmitia uma familiaridade, nem tão distante do centro, mas ali não ficavam irritados com o trânsito no final de semana. Poderiam passear pelo cinema ou restaurante bem perto. Abraçou-se, observando os números de andares diminuírem.

É claro que apoiava o marido, vê-lo jogar pela primeira vez num time importante e depois ficar extasiada com as ligações de possíveis contratos para temporadas, era animador. Até tinham aderido à ideia de mudarem para Los Angeles.

Não queria ter que puxá-lo ou chamar a atenção todas as vezes que falhasse; menos ainda ter que se mostrar frágil ao surpreendê-lo aos beijos com outra mulher. Por que os homens tinham que ser tão estúpidos e egoístas, adorando a atenção de uma qualquer? Ela ficou furiosa e com toda razão, que esposa aceitaria ver o marido ser assediado?

Ela andou rapidamente até a quadra aberta, observando-o errar a cesta. Talvez estivesse pensativo com a perda de John e a responsabilidade que sentia por Olívia e Henry, sentia-se responsável por todos. Inclusive por ela.

— Uau, eu não vejo você errar quatro arremessos seguidos há anos— ela disse, pegando a bola.

Jason sorriu de lado, colocando as mãos dentro dos bolsos da bermuda.

— Hey! — Ela franziu o cenho, quicando a bola — Como pretende jogar sem as mãos?

Ele olhou para os lados, meneado a cabeça e sorrindo.

Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora