Capítulo Um

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Pov Narrador

Se tivessem questionando-a no ano anterior, Nicole teria sido evasiva e encontraria naquele momento dúvidas cruéis. Tantas coisas aconteceram, confusões que para ela existiam somente em romances que teimava em ler de madrugada, escondida em seu próprio mundo, sonhando com um amor ideal.

Um suspiro percorreu o quarto da jovem que olhava distraída para as malas próximas da porta. Era uma decisão séria, iria começar a trabalhar e havia o curso superior pela manhã de Psicologia. Escolher uma profissão foi atribulado, pois deveria optar naquilo que realmente atuaria e depois de ter que lutar contra seus próprios medos, aconselhar outras almas perdidas parecia uma atitude equilibrada.

Franziu a testa, não era correto usar o termo almas perdidas. Definitivamente teria que prestar mais atenção ao seu vocabulário e conceitos usuais. 

 Além disso, iria dividir sua vida com Henry.

Deitou-se, encarando o teto azul. Kate havia ligado e desejara boa sorte, estava quase enlouquecendo com a faculdade de Arte e começaria um estágio como cartunista em um jornal local. Mesmo com as lamúrias da irmã, Nicole sabia o quanto desenhar era essencial para Kate. E Jason estava indo bem no curso de Educação Física e jogando no time da universidade, que ganhara a última temporada.

Os pais organizavam um cruzeiro para os próximos dias e a única coisa que Nicole desejava era um dia tranquilo com Henry. Quem sabe namorando naquele sofá do apartamento, compraria um bom vinho e colocaria um filme já assistido, assim sua atenção estaria voltada somente para ele.

Talvez o vinho ficasse para outro dia, se mantivesse fixa a própria idade. 

— Posso levar as malas? — Brandon entrou no quarto da filha, observou o quão ela estava distraída. Era um passo diferente do que tinham sonhado no ano anterior, mas como Stefany sugeriu; era a vida da filha e a única a arcar com as consequências.

—Claro, pai. Eu ajudo— ela sorriu, pegando uma mochila. Seriam algumas horas antes de encarar sua nova vida. Nicole estava empolgada, as conversas com Henry não seriam somente pelo telefone e sempre que surgisse a oportunidade poderiam conhecer os pontos turísticos em Nova Iorque.

Desceram todas as malas encontrando Stefany animada. Para ela havia entretenimento na expressão do marido, ainda não tinha se acostumado com Kate casada e agora a caçula  dando indícios de que em breve seguiria os passos da irmã.

—Ele parece chateado— Nicole argumentou, pegando nas mãos da mãe.

—Brandon não aceita o fato de vocês não serem mais bebês— suspirou —Parece que foi ontem que minha bolsa estourou e corremos para o hospital, aquele dia foi uma bagunça— riu —Ainda bem que fechamos a fábrica com você.

—Mamãe! — Nicole ralhou, abraçando-a.

—Bebês dão muito trabalho, querida— afastou-se —Tenho muito orgulho de você e torço pela sua felicidade.

—Obrigada— afirmou com a cabeça —Espero que se divirta nessa viagem.

—Pode apostar que vou— riu, acompanhando a filha até o carro —Qualquer coisa não hesite em ligar.

Nicole piscou várias vezes dissipando as lágrimas, sendo abraçada pela mãe.

—Eu amo você— sussurrou.

—Eu também te amo. E, por favor, não se esqueça de se entreter.

Stefany ficou na calçada olhando o carro afastar. Apertando as mãos, voltou-se para a casa encontrando Vicent deitado na varanda. Seu lar parecia vazio, juntou os lábios, agora sabia o que a mãe havia sentido quando ela foi à busca dos próprios sonhos.

Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora