Capítulo Nove

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.... Um ano depois ....


Nicole despetalou os lírios, colocando-os na pequena vasilha de madeira, misturando com algumas folhas de menta. O aroma ainda não tinha alcançado suas expectativas. Arqueou os ombros para frente, bufando. Será que esquecia algum ingrediente? Cogitou ligar para a avó,  talvez não fosse uma boa ideia, seria melhor começar novamente.

— Fragrância nova? — Francine perguntou ao entrar no pequeno laboratório.

— Ainda não! — Nicole respondeu firme, voltando a acrescentar novas pétalas e amassando-as — O aroma está muito forte, quero que ele tenha uma leveza e ao mesmo tempo doçura — concluiu.

Francine riu da insistência de Nicole.

— Talvez devesse trocar de curso, daria uma ótima farmacêutica — brincou, colocando o cachecol, teria que se ausentar da butique por algumas horas devido à outra reunião na escola do filho — Se eu não voltar até as seis, podem fechar a loja.

A jovem assentiu, persistindo na tentativa de elaborar o novo perfume. Era tudo tão irracional para ela! Desde quando começara a se parecer com Brandon? O pai era apaixonado por esse fascinante mundo farmacêutico, embora fosse uma tarefa fácil, às vezes a mistura causava coceiras. Nicole riu, lembrando-se de quando fizera Kate durante as férias na Inglaterra usar um creme de rosas. A irmã havia parado no hospital com uma séria alergia.

Nicole finalmente conseguiu transformar o cheiro em algo mais suave. Contente, rasurou a folha aonde escrevera a receita, acrescentando os nomes de outros ingredientes e a quantidade ideal. Quando iniciara os processos de fabricação não imaginava que iria se apaixonar por essa tarefa. É claro, teve que suportar as implicâncias de Henry sobre ela futuramente tornar-se sua concorrente no mundo químico. Arrumou todas as vidrarias e após guardar a fórmula em um local arejado e de temperatura ideal, regressou para frente da butique.

— Poderia ter continuado lá, a tarde está calma, Nicole — Matheus disse, passando um pano em cima do balcão. Ele já tinha organizado os perfumes e conferido o catálogo, também acrescentara alguns folhetos e cartões da butique Aphrodite.

— Já estava cansada de misturar aquelas folhas e pétalas— ela retrucou, dando uma cotovelada nele — Então, como está Georgina?

Matheus deu de ombros, parecia amuado.

— Ela não poderá vir esse mês a cidade — ele respondeu, descansando os cotovelos em cima do balcão — Conversei com Francine estou pensando seriamente em ir visitá-la, meus pais estão orgulhosos por minha formatura em algumas semanas e até recebi uma proposta de emprego em meu país.

— Oh! Não é uma visita, certo? — Nicole fez um bico —Você irá nos abandonar em breve.

— Sabíamos desde o início que esse era um emprego temporário, nunca tive pretensão de morar a minha vida toda aqui em Nova Iorque.

Nicole concordou, arrumando os óculos.

— Eu entendo você, também vejo a hora de me formar e retornar para Lynchburg— ela suspirou, ainda faltavam três anos — Acho que por mais que tentemos fugir da nossa pequena cidade, sempre temos o desejo de regressar. As cidades grandes são atrativas, só não me vejo criando raízes aqui — ela confessou, impressionada com suas palavras. Nunca havia conversado com Henry sobre seus anseios mais íntimos, talvez por temer que ele não compartilhasse de suas ambições.

Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora