"A vida é apropriada por evidenciar as marcas de nossas escolhas"
Confusões; abrumado.... Para toda geração deixa-se um legado. Há uma superstição sobre dizer — quebre a perna— antes da estreia de uma peça teatral; não quebrar espelhos ou ver um gato preto. Quem iniciou esse rito? Embora afirme ser uma pessoa céptica ao primeiro sintoma ou mal-estar, o indivíduo regressa aos ensinamentos dos avôs, bisavós, utilizando ervas, folhas, um remédio natural que garanta total cura. Como vencer as dúvidas e ser imparcial diante das verdades? Por que ao tentar proteger o próximo, somos os culpados por levá-los ao sofrimento mudo?
Ela prestava atenção no relógio do consultório. As mãos estavam entrelaçadas sobre as coxas. Evitava fitar as mulheres que também aguardavam serem chamadas pela secretária. Por alguns segundos encarava os ventres protuberantes, negando as mãos o desejo de tocar a própria barriga.
Buscava fugir da lembrança que agora a apavorava. Quanto tempo se passara? Cinco no máximo sete anos, talvez. Sentia-se como uma adolescente novamente, aflita e preocupada com os possíveis resultados. Nicole havia entrado na clínica, abatida, entregara os exames para a ginecologista e depois de conversarem sobre os resultados, trocara a roupa como solicitado e deitara na maca.
Naquela ocasião, ela estava com medo, perdida diante da novidade. O que diriam seus pais? E Henry? Encontrava-se despreparada para ser mãe, tinha somente dezesseis anos. Observava-os em roda da mesa na hora das refeições, procurando um momento para contar, e se calava após responder em monossílabas. No colégio evitava ficar sozinha com Henry, sentia-se acanhada ao imaginar o que todos diriam, por outro lado, no caminho para casa era tomada por uma alegria, sorrindo para as crianças brincando no parque.
Respirou fundo, sentindo o gel no ventre, a primeira ecografia; a primeira vez que confirmaria o ser inocente que crescia dentro dela. Tentou não olhar para o monitor. Ela já pensava no bebê, e sonhava no instante em que começaria a senti-lo se mexer. Como era possível amar alguém que ainda não conhecia?
Contudo, os pensamentos de Nicole foram desfeitos quando a médica pediu que ela permanecesse deitada, saindo apressada da sala. Logo outro médico surgira, sendo acompanhando de duas enfermeiras.
— Senhorita Wallen...— a notícia não era amistosa e naquela ocasião ela se sentira confusa, seu mundo parecia estar desabando... Gravidez anembrionária... — Infelizmente o feto não está mais se desenvolvendo— esperar um aborto espontâneo fora o pior momento da vida dela, sozinha e incapaz de contar a qualquer pessoa.
Nicole meneou a cabeça, dissipando as recordações. Não era mais uma adolescente! Levantou-se e caminhou calmamente até a porta aberta, assim que seu nome fora chamado. Devolveu o sorriso amável para a secretária, antes de entrar.
— Olá, Nicole, como está? — Grace perguntou, embora a jovem soubesse que era uma maneira de relaxá-la — Vamos dar uma olhada?
Ela engoliu em seco, acomodando-se para o ultrassom, as mãos descansando ao lado do corpo. Fitou o teto branco, demorando-se na observação das luminárias embutidas. Esperava que dessa vez fosse diferente.
(***)
Henry bateu na porta entreaberta, equilibrou a bandeja, entrando no quarto dos pais. Espiou e sentou ao lado de Olívia. Ela sorriu triste, colocando a mão sobre a do filho.
— Conseguiu descansar um pouco? — Ele perguntou após colocar a bandeja sobre o colchão.
Olívia suspirou, olhando para o cômodo tristemente, o rosto apresentava marcas do cansaço e das lágrimas. Era tão difícil imaginar a vida sem John, compartilharam a vida por mais de vinte anos, implicou no início afirmando que nunca acostumaria com ele ali, e mentira. Havia acostumado rápido com o marido ao lado, abraçando-a, todas as manhãs iniciavam com um beijo e todas as noites terminavam com uma boa conversa e outro beijo.
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Antecedentes das confusões da paixão
Teen FictionNicole é uma típica adolescente, que possui curvas que acredita serem extravagantes. Ela possui uma irmã e dois grandes amigos de infância. No entanto, esconde uma paixão por Henry, que tem um rosto comum e um lindo sorriso escondido nos livros. ...