"Triunfar sobre a natureza e sobre si mesmo, sim. Mas sobre os outros, nunca"
Burrhus Frederic Skinner
— Muito obrigada por ter ligado, nós ficamos encantados com seu comprometimento— Cristine disse com sarcasmo ao entrar na butique, ignorando a cliente ao lado.
Nicole sorriu envergonhada para a senhora, entregando a sacola com os perfumes, agradeceu, prometendo entrar em contato assim que as novas fragrâncias chegassem. Esperou até que a mulher saísse da loja para voltar-se a Cristine. Esta manteve os braços sobre a bancada, olhando desafiadoramente a amiga.
— Não tem educação? — Ela suspirou de cansaço — Eu ia ligar, nada saiu como planejado Cristine. Sinto muito, de verdade.
— O que aconteceu? — Cristine indagou, amenizando o tom de voz.
Nicole sentou-se na baqueta, retirando os sapatos. Olhou para os pés que tinham marcas dos calçados, respirou fundo, garantindo ser normal.
— Dormi a tarde e parte da noite antes que Henry conseguisse me acordar. Depois ele me proibiu de fazer qualquer coisa— amuou-se.
— Esse é o motivo pelo qual fugiu de mim durante as aulas? — Cristine perguntou descrente.
Nicole ergueu as mãos, pedindo para que alguém rompesse pela porta e a salvasse da jovem. Era frustrante ter que abandonar a sala de aula e correr pelos corredores até o banheiro, especialmente no meio da própria apresentação de trabalho sobre o behaviorismo de Skinner. Ela estudara cansativamente o assunto, organizando suas considerações, mas Genevieve teve que finalizar o seminário; sozinha.
— Você é assustadora quando está nervosa e a última coisa que queria era discutir, especialmente com meu estômago não cooperando.
Cristine sentiu-se mal por Nicole, ainda estava chateada, já que os projetos para o abrigo não podiam ser adiados. Porém, tinha que reconhecer os sacrifícios da morena por tentar manter o ritmo mesmo com a gravidez. A diferença de idade entre elas era de dezoito meses, e Cristine não acreditava ser capaz de suportar tanta responsabilidade.
— Está sozinha na loja? — Perguntou, observando Nicole comer bolachas de sal.
— Sim— ela suspirou fundo — Matheus pediu as contas e infelizmente não contratamos ninguém. Francine está aguardando a resposta de duas pessoas, mas a maioria não parece tão animada.
Cristine deu uma risadinha, aproveitando a deixa para contar sobre sua nova façanha.
— Eu adoraria me candidatar, porém consegui o emprego no abrigo. Agora com contrato — disse num só fôlego, animada — Tempo integral assim que concluir a universidade.
— Só falta um período, certo?
Cristine assentiu, sorrindo. Adorava estudar, desejava o diploma e colocar todo conhecimento na prática.
— Você sentirá saudades do professor Philip— Nicole brincou, fazendo a amiga curvar-se desconfiada sobre o balcão.
— Sem chances, sabe como meu pai é chato em sala de aula. Ao menos não ouvirei a piadinha de que nenhum rapaz poderá chegar perto de mim.
— Oh! É mesmo, aquele gatinho voluntário do Angel, que toca violão passará mais tempo com você.
Cristine semicerrou os olhos, jogando uma bolacha na amiga.
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Antecedentes das confusões da paixão
Ficção AdolescenteNicole é uma típica adolescente, que possui curvas que acredita serem extravagantes. Ela possui uma irmã e dois grandes amigos de infância. No entanto, esconde uma paixão por Henry, que tem um rosto comum e um lindo sorriso escondido nos livros. ...