Capítulo Três

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Nicole terminou de colocar os pratos sobre a mesa que havia decorado com muito carinho. O primeiro dia na butique tinha sido maravilhoso, o horário e o salário combinavam com sua nova rotina. As aulas começariam na próxima segunda-feira e tudo parecia se encaixar naturalmente.

Ouviu as chaves e logo Henry abria a porta. Ele estava mais uma vez com a expressão preocupada. Nicole observou quando ele deixou a mochila no sofá e os livros sobre a mesinha de centro, antes de entrar na cozinha.

—Boa noite, amor— ele disse, beijando-a —Está um cheiro ótimo— elogiou, abriu a geladeira e se serviu de um copo com água.

—Oi— ela retrucou, mordendo os lábios, enquanto reparava no namorado —Eu comprei algumas coisas que faltavam e aproveitei para pagar as contas.

—Sabe que não precisa Nic.

—Eu sei, mas é no caminho do trabalho e você tinha colocado o dinheiro junto aos talões— a jovem argumentou, firmando as mãos na mesa —Está bravo?

Henry sorriu, enlaçando a garota pela cintura.

—É impossível ficar bravo com uma namorada tão maravilhosa como você.

Nicole riu, batendo de leve no ombro do moreno. Será que ele não havia ouvido a palavra trabalho?

—Obrigado por pagar nossas contas.

—Disponha. Agora me conte seu dia— ela pediu, afastando somente para desligar o forno.

—Estudo e trabalho— respondeu dando de ombros, enquanto seguia para o quarto, aumentando o tom de voz para que Nicole ouvisse —Ainda fomos convidados a uma festa.

Nicole colocou a travessa sobre a mesa, antes de caminhar até o quarto.

—Uma festa?

—Exatamente— Henry confirmou, retirando a camisa, se preparando para um banho rápido —O convite está dentro da mochila.

Nicole arqueou a sobrancelha, correndo para a sala. A notícia sobre o trabalho poderia esperar, nem acreditava que teria um compromisso social em menos de um mês em Nova Iorque. É claro, essa possibilidade contradizia sua vida anterior, antes apostada somente nos estudos. Portanto, agora queria alcançar uma boa colocação profissional, e também desejava ter momentos de descontração com Henry.

Retornou ao quarto com o envelope prata em mãos. Rapidamente abriu e leu com interesse.

—Parece algo refinado e caro.

Sob o argumento da namorada, Henry decidiu explicar a origem do convite. Confiar a ela as dúvidas que pairavam desde que assumira uma luta na universidade há meses, trazendo novas alternativas.

—São grandes colaboradores da universidade— disse já no banheiro.

A jovem franziu o cenho, impressionada com o fato. Sabia que para ser notado por colaboradores, o aluno deveria apresentar um currículo impecável, além de ter recomendações de antigos professores ou ainda ter um patrimônio familiar incalculável. Balançou a cabeça, sentindo-se aflita.

—E como os conheceram? — Nicole perguntou, encostando-se à porta do banheiro.

—A herdeira é minha colega— ele respondeu sob a ducha, lavando a cabeça.

—Muito legal— ela disse, cruzando os braços, desviando o olhar para o espelho em frente.

Seria essa garota que Henry usara para esquecê-la? Fechou os olhos, imaginando-a.

—Ela e você...—umedeceu os lábios —Tiveram algo? — Nicole perguntou, esperando que tudo fosse uma mera invenção do medo de perdê-lo.

—Não, Nicole— ele respondeu, rindo —Ela é muito patricinha e não faz o meu tipo— argumentou, fechando o registro.

Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora