Capitulo VI

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Eu estava amedrontada, havia me escondido nessa semana desejando apagar aquela conversa. Por dentro eu me sentia quebrada e não fosse pelo trabalho provavelmente estaria afogada no mar de lamentações. Respirei fundo, sorrindo para Kate que aguardava impaciente a hora de ir para a igreja.

—Vocês esperem mais dois minutos—  mamãe disse, beijando nossos rostos.

Observei a porta  escorada, voltando a me sentar na cama, Kate deveria permanecer em pé para não amassar o vestido. Eu ainda não tinha nenhum projeto para o próximo ano, e continuo com a mesma lacuna. 

Talvez continuar trabalhando com meu pai e a noite iniciar um curso técnico ou trabalhar como voluntária sabia que o reverendo estava precisando de ajudantes na creche noturna.

—Não ficou chateada com a mudança de padrinhos?

Meneei a cabeça em discordância, relaxando os ombros.

—Acho que não teria sido legal Henry e eu lado a lado no altar — sorri.

—Vocês discutiram de novo? — Kate perguntou.

—Bem, não é o tipo de conversa que uma noiva deva ter com a madrinha faltando alguns minutos para a cerimônia— ri —Henry tem outros planos que me excluíram facilmente, então, acho que vamos ter que esperar ele largar de ser idiota.

—Nick? — Ela arqueou as sobrancelhas —Você contou sobre seus sentimentos?

—Fomos sinceros,  ele acha que não é bom suficiente para mim— pisquei repetidas vezes para dissipar a vontade de chorar —Talvez Henry esteja certo. Eu preciso de alguém com atitude.

—Hum, posso dar um conselho?

—Isso não é trabalho para a madrinha? — Retruquei divertida —Um conselho é bom, dependendo do conselheiro e como você está com o pé no altar... estou ouvindo.

—Não desista da sua felicidade— pediu, segurando minhas mãos —Sei que você gosta dele há muito tempo e que houve muitos episódios, mas não dê as costas.

—Tudo bem, eu posso fazer isso— respondi.

—Só não vou abraçá-la por causa do vestido e a maquiagem que não pode borrar. Eu apareço horrorosa e Jason foge.

Franzi o cenho:

—É impossível, provavelmente ele nesse exato momento está louco para buscá-la e levá-la como um saco de batatas até o altar.

Logo nossa mãe apareceu no quarto, dizendo que o carro já estava esperando. Kate suspirou. Sorri, ajudando-a com a calda do vestido até entrarmos na limusine. Nosso pai já estava na igreja. Assim que chegamos, os demais convidados puseram-se para dentro. Deixando minha irmã aos cuidados de nossos pais, encontrei meu par, Arthur estava elegante com o terno sobre medida.

—Você está deslumbrante— sorri com seu elogio. Ele era um cara legal.

—Obrigada, você também está espetacular, acho que formamos um belo casal— argumentei, enquanto Arthur passava a mão nervosamente nos cabelos negros e seus olhos castanhos encaravam atrás de mim —O que foi? — Perguntei, virando-me.

Henry nos olhava seriamente e desacompanhado. Será que ele havia escutado meu comentário? Poderia ser ciúmes? Mordi os lábios, voltando-me para Arthur, enquanto a cerimonial se aproximava. 

Por que eu deveria estar me sentindo culpada? Henry havia sido claro ao me dizer adeus e esquecer qualquer possibilidade sobre nós, mas como eu poderia aceitar facilmente.

— Nossa vez — Arthur sussurrou.

Em pouco tempo alcançamos o altar. Todavia, assim que encarei a igreja toda decorada em tons azul e branco, meus olhos tentavam localizá-lo. O momento anterior havia sido rápido demais para que eu pudesse observá-lo minuciosamente, minha única preocupação tinha sido confirmar se haveria ou não uma acompanhante. 

Quem sabe ela estivesse atrasada devido ao trânsito, ou ela fosse tímida o suficiente para não conhecer a família de Henry, ou ainda uma ilusão, mentira que ele contara para que eu o deixasse.

Somente o início da marcha nupcial foi capaz de desviar meu foco. Sorri, apertando levemente o braço de Arthur, Kate estava tão deslumbrante.

—Imagino que em seu casamento teremos que contratar um médico.

—Por que diz isso? — Questionei, olhando atentamente minha irmã, que sorria confiante, apertando o braço de nosso pai e o buquê na outra mão. Acredito que se pudesse apressaria os passos. Encarei Jason que não escondia as lágrimas. Meu coração naquele momento esqueceu-se das próprias angústias, atingido pela atmosfera alegre. Eu não tinha dúvidas quanto à felicidade deles.

—Você será uma noiva problema, Nicole— Arthur contentou a responder, deixando-me confusa.

O reverendo iniciou a cerimonia e por curiosidade olhei para o último banco da igreja onde Henry retribuiu meu olhar e sorriso. E então eu soube. Não tínhamos realmente encarado e aceitado o Adeus.

Eu não queria aceitar e permitir que ele continuasse sua vida sem mim.

Eu havia conquistado aquele coração e dele não iria desistir jamais.




Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora