Capítulo Sete

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O casal andava de mãos dadas pelas ruas, que já mostravam o espírito natalino, embora modesto. Nicole, muitas vezes, interrompia a caminhada para apontar os presentes que Henry poderia lhe dar no Natal. Os olhos castanhos brilhavam sob os óculos e ao sorrir, evidenciava a marca quase imperceptível no queixo.

Henry riu do desembaraço da namorada, que persistia em observar as vitrines das lojas. Depois do coquetel, Nicole transparecia calma e terminara por afugentar qualquer dúvida sobre Abigail, praticamente exorcizara a ruiva de seus pensamentos e não tocava em seu nome há semanas.

— Seria bom tirar fotos dessas roupas e mandar no convite natalino na opção presente? — Ela perguntou ao namorado, segurando firmemente em seu braço.

Ele deu de ombros, acrescentando mais essa pérola de Nicole na memória. Assim que voltassem para o apartamento, ele escreveria no documento específico. Talvez, quando Nicole descobrisse lhe arrancaria o coração.

— Por que esse sorriso presunçoso?

— Não sei do que está falando— Henry respondeu, beijando a mão de Nicole — Só imagino a expressão de todos os parentes e amigos em relação a sua arbitrariedade.

Nicole rolou os olhos, suspirando em resignação.

— Imagine todos os anos ter que voltar em todas as lojas da cidade, pois erraram no tamanho das roupas ou porque o presente é feio.

Henry tombou a cabeça para o ombro de Nicole, sabendo que era um ensaio arriscado, considerando a diferença de altura.

— Ninguém pode adivinhar essas coisas. Além disso, você precisa aceitar quem é por dentro e por fora — ele respondeu seco.

Ela mordeu os lábios, juntando as sobrancelhas.

— Eu me aceito!

— Ótimo, pois eu não quero recomeçar uma discussão sem sentidos, Carlie.

Nicole brincou de passar o zíper pela boca, dando uma piscadela para Henry. Não queria estragar a noite com comentários exagerados, desejava somente aproveitar a noite com ele, ter um jantar maravilhoso, conversar sobre nada importante e quem saber passear pelo Central Park para fechar com requinte aquele momento a dois.

O casal entrou na Arte Café, Nicole não pode evitar suspirar de deleite ao observar a decoração amistosa do local, as flores nos muros baixos, as mesas organizadas ao ar livre, dava uma sensação de estar em casa. Henry confirmou a reserva e logo o garçom os acompanhou até a mesa.

Por estarem no inverno seria impossível jantar no grande pátio, mas a decoração interna do restaurante trazia o efeito de estar na própria Itália. As paredes de tijolo, a chaminé, assim como as fotos e vinhos distribuídos nas paredes davam conforto.

— Como descobriu esse lugar? — Nicole perguntou quando o garçom se afastou para buscar os aperitivos.

— Alguns colegas da universidade costumam frequentar o restaurante.

— Eles são maravilhosos, acho que nunca mais vou querer sair daqui— ela riu, segurando a mão de Henry.

— Isso seria terrível, porque o chefe de cozinha tem uma vida fora do restaurante, Carlie — Henry argumentou, fazendo-a sorrir — E como eu ficaria sem você em nosso apartamento?

— Você está se tornando um romântico incorrigível! — Ela retrucou.

Nicole não escondeu a satisfação quando trouxeram seus pedidos. A arte no prato fazia com que ela tivesse pena de destruir a harmonia de cores e sabores. Por outro lado, Henry arriscava implicá-la ao pegar uma azeitona. Ela ergueu o olhar, franzindo o cenho para ele, antes de olhar para os lados, ao menos ninguém notara a extravagância de Henry.

Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora