Capítulo Dezesseis

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Henry encontrou o sogro no aeroporto, cumprimentou-o com um tapa nas costas, indo em direção a caminhonete. Ainda se sentia aflito por esconder essa escolha de Nicole.

— Pretende ir até o cartório ou a casa de seus pais? — Brandon perguntou já no centro da cidade.

— A casa dos meus pais, senhor Brandon. Assim poderei usar o carro e deixá-lo livre de mim.

— Primeiro: retire esse senhor sempre que for falar meu nome, não sou tão velho, mesmo com netos a caminho — Brandon argumentou, dando uma risada — Depois, não será trabalho agir como seu motorista por umas horinhas. Ainda o vigiarei para meu amendoim.

— E Kate sabe sobre esse papo de netos, porque Jason avisou que irão esperar mais alguns anos — Henry disse, enquanto seguiam para o cartório.

— Foi modo de me expressar, porém acredito ter plantado uma dúvida na cabeça de Jason — o sogro articulou com um largo sorriso — Já cheguei à casa dos cinquenta anos, Henry, meus netos precisam de um avô que tem tempo de se divertir com eles.

O rapaz restringiu a rir, com a mesma facilidade de brincar, Brandon sabia conversar com seriedade. Ele havia se transformado em um grande amigo de John e tratava os rapazes como da família. Só não esperava que levassem a proposta a tal afinco. Genros? Custara a não interromper o beijo indecoroso de Kate e Jason no aniversário de debutante de Nicole.

Ele sofreu em silêncio em todas as brigas do casal, ouvindo as lamúrias que a filha confiava a Stefany. Mas estava proibido de se intrometer.

Se precisarem sabe que falarão com você, a esposa dizia.

Observou quando Henry saiu da caminhonete e com passos decididos entrar no cartório e saudar o advogado que já o esperava para concluírem o negócio. Sua intromissão nesse momento valia a pena, assentiu para si mesmo, apoiando o braço na janela do automóvel.

Brandon tinha o direito de agir como anjo da guarda das filhas e genros, convicto ao recordar as ligações que fizera. A mudança para Los Angeles facilmente resolvida, também carregava anos de experiência e sobre negócios ele tinha vastas informações. Fora assim que conquistara o posto de sócio na empresa farmacêutica, tanto que a aposentadoria não o assustava mais. Como dono poderia ir trabalhar sem ouvir reclamações.

— Tudo resolvido? — Perguntou a Henry que voltara alegre.

— Agora sim — ele confirmou, guardando a escritura na pasta — Só falta começar as reformas e depois entregar o presente a dona.

Sua decisão partira ao encontrar uma carta entre seus livros, numa tarde que Nicole trabalhava e ele estava de folga. Franzira o cenho ao ler o remetente do envelope, estava para marcar a data do casamento:

Caro Henry,

Sinto-me uma delinquente por continuar escrevendo esta carta, enquanto minha mente teima em imaginar sua expressão confusa ao ler minhas atrapalhadas palavras. Eu quero ser a mulher que você merece, porém quando vejo meu reflexo no espelho, percebo o quanto que esse mundo repleto de glamour, regido pelo poder não faz parte de mim. Tento não me amedrontar com as mulheres que possam aparecer futuramente e roubá-lo de mim.

Eu o amo demais!

Mas, diante aos acontecimentos surgiu à necessidade de contar verdadeiramente minha decisão. Nunca pensei ser capaz de me sentir ligada a alguém, até você chegar. Ao seu lado sinto-me importante, especial. Você faz com que uma mera conversa se torne um grande espetáculo. Quando penso que irei cair, você me segura. Talvez eu o idealize como um herói.

Antecedentes das confusões da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora