Capítulo 10

6.2K 549 40
                                    

Rebecca

Já estou tão acostumada a chegar na empresa e ser recebida pela querida Marjorie que hoje até achei estranho ela não estar me esperando. Mas infelizmente ao virar o corredor ouço sua voz em uma conversa com uma das assistentes, amiga dela, sobre um assunto que eu não gostei nenhum pouco de ouvir.

— Você não sabe o que eu descobri nesse final de semana — fala baixo, mas, não tanto.

— Fala logo, estou curiosa — a garota diz, empolgada para saber a fofoca.

— Você acredita que a Rebecca é adotada?

— Rebecca Clair? Irmã do Noah?

— Senhor Lamartine para você e sim, ela mesma! Eu não acreditei quando o Noah falou e acho que não era para ninguém saber, porque ele fez uma cara quando disse e pediu para não contar à ninguém, mas você é minha amiga e eu não conseguiria esconder isso de você.

— Quem diria que ela é adotada? Se acha a poderosa e é uma órfã. Que ridícula!

— Pensei a mesma coisa! Sábado mesmo quando eu estava saindo da casa dos pais do Noah ela chegou junto do Pierre, não olhou nem para os lados e passou reto parecendo não notar a nossa presença. Quero só ver quando Pierre descobrir que ela não é filha de sangue dos Clar's, vai abandona-la na mesma hora já que ele é importante demais na sociedade para se relacionar com alguém que foi rejeitada pelos pais biológicos quando era um bebê — seu tom de voz era maldoso e eu engoli o choro que estava preso na minha garganta.

Fecho meus olhos com força e vou para minha sala fechando a porta, me encosto nela tentando não gritar e voltar até lá para dar uns tapas naquela mulher.
Eu não tenho vergonha nenhuma de ser adotada, eu penso que tive muita sorte porque não são todos os adolescentes que conseguem uma família aos quatorze anos, meus pais nunca me apresentaram para os conhecidos deles como a “filha adotada” mas sim, como Rebecca Clair igual Alícia Clair e Noah Clair. Posso ter chegado tarde na família, mas sempre fomos tratados da mesma forma e é isso até hoje. Quando vim para Paris tive que aprender o francês e aos poucos consegui me comunicar perfeitamente com meus pais, eu sou muito grata por tudo que eles fizeram e fazem até hoje por mim, sempre que via uma família no orfanato eu ficava super ansiosa e me arrumava, mas eles olhavam as crianças e sempre escolhiam as menores.
Eu já estava perdendo as esperanças quando um dia um casal sorridente entrou na sala onde brincávamos, eles falaram comigo, mas eu não entendia e então a diretora traduzia e eu respondia, no final eles se despediram e uma semana depois me contaram que eu iria para a casa com eles e que eu teria dois irmãos. Eu não conseguia parar de sorrir e ter irmãos para me fazer companhia era um sonho sendo realizado. Depois de horas dentro do avião nós chegamos a Paris e fomos direto para a casa, quando entrei tinha três pessoas me esperando: Alícia, Catharina e Noah, eu fiquei um pouco envergonhada no começo, mas depois dei um abraço em cada um deles e para minha surpresa Catharina era brasileira, os anos seguintes foram os mais perfeitos que eu poderia imaginar.

— Maninha, você e eu vamos ao... O que aconteceu? Por que está chorando? Aconteceu alguma coisa com a Analu? — Alícia entrou na minha sala me fazendo uma pergunta atrás da outra.

— Você me acha metida? — passo a mão no meu rosto tentando limpar a maquiagem que com certeza estava borrada.

— Me conte primeiro o que aconteceu — se sentou.

Verdadeiro Amor | Trilogia Amores - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora