André pov's
A Eduarda deitou-se, quando ouvi um motor de um carro. Deveria ser o Boss. Fecho e tranco a porta e vou até à sala, segundos depois aparece o Boss com Martins atrás.
- Ela está no quarto. Acabou de adormecer - declarei.
-Quero que saibas que gostei da tua atitude hoje, fizeste bem em tira-la dali. - Ele diz.
- Obrigado, Boss... - murmurei, admirado pelo elogio.
-Tenho de admitir que não me lembrei da possibilidade dele lá aparecer. - Admite. - Ela portou-se bem até aqui?
- Sim, sim... ela está normal- balbulciei, assentindo com a cabeça.
- Fez perguntas? Desconfia de algo?
- Nã-Não... de nada...
-Espero bem que não, senão temos de tratar dela. - Ele seriamente.
- Tratar dela!? Acho que não é preciso chegar a esses limites! - defendi - Ela não tem culpa de nada!
-Vê se te acalmas! - Ele gritou. - Eu é que mando e se eu te mandar tratar dela tu tratas!
- Eu não vou fazer mal a uma rapariga inocente só porque o pai dela está metido nos seus negócios!
- Vais fazer isso se eu te mandar! - Ele diz. - Senão eu também vou ter de tratar do teu irmão!
- É a maneira que arranja de me obrigar, fazendo mal à minha família?
-Não estou a gostar do teu tom Silva!
- Não pode simplesmente fazer lhe mal quando ela não tem culpa! Ja a mantém presa!
-Vamos a ver se nos entendemos André! - Ele aproxima-se. -Tu aqui não és nada! Não fazes questões! Obedeces apenas!
- Eu estou farto de obedecer e de fazer estes serviços de merda! - disse sem pensar.
-Como é que é? - Ele pergunta um pouco chocado com a minha coragem.
- Eu estou farto disto! Destas ilegalidades do facto de ter raptado uma rapariga inocente, ameaçar todos, estou farto. - Disparo. -Estou farto de receber ordens suas!
-Estás farto... - Ele ri-se sinicamente. - Então vai embora, André.
Baixei os braços sem perceber o que ele queria dizer com aquilo. Ele ia deixar-me ir embora!?
-Queres ir embora? Vai embora! - Ele repete. - Sai pela mesmo porta por onde entraste.
- Não... Eu sei que isso não é assim - neguei - Não me vai deixar!
-Isto é como tudo na vida André. - Ele diz. - Haverá consequências.
- Que consequências? - perguntei desconfiado.
-Claro. - Ele responde. - Mas irás descobrir em breve caso te vás embora, claro.
- Se toca num cabelo que seja dos meus pais ou do meu irmão... - rosnei entre dentes, fechando os punhos em fúria. - Não lhe vai fazer mal! - exclamei irritado.
-Isso só depende de ti Silva! - Ele diz provocando.
O meu telemóvel toca nesse instante. Olho no ecrã o nome da minha mãe brilhar. Era tarde. Porque estaria ela a ligar-me? Subo o olhar. O Boss encarava-me com um sorriso malicioso e orgulhoso. Não! Ele tinha feito alguma coisa!
-O que é que você fez? - Pergunto enraivecido.
- Não vais atender, André? - ele questiona rindo em seguida.
- Mãe! Mãe, o que se passa!? - atendi rapidamente, completamente em pânico.
- Querido... Sabes do teu irmão? É tão tarde e ele ainda não apareceu.
- Como assim!? Como assim ainda não apareceu, mãe! Ele pode ter ido sair com uns amigos.
- O teu irmão tem um teste importante amanhã. Não ia sair hoje. O teu pai saiu à procura dele. Não atende o telemóvel nem responde a mensagens.
Olhei o homem à minha frente. Ele sabia de alguma coisa. Foi então que vi o Afonso entrar na casa com a cara amassada, um olho negro e o lábio aberto, sendo agarrado por dois homens.
Fui até lá e tentei agarra-lo porém sou impedido pelos homens do Boss e recuo.
-Afonso tem calma... - Pedi. - Eu faço tudo... Tudo o que quiser... - Digo. - Mas por favor deixe-o ir...
- Que merda é esta!? O que estão a fazer ao meu irmão! - o Afonso pergunta preocupada, gemendo de dor. Espancaram-no, mesmo!
- Deixem-no ir! - gritei.
-Não sei se posso! - Ele diz. - O que me garante que ele não vai abrir a boca? - O Boss pergunta.
- Eu garanto! Eu fico e faço o que for preciso! Mas, deixe-o ir! Deixe a minha família fora disto!
- André, que merda é esta!? - o Afonso encara-me - O que é que querem que faças!
-Afonso, por favor... - Pedi olhando-o nos olhos. -Se eles te deixarem ir não podes falar sobre nada disto! Tens de me prometer...
- Vocês não podem fazer isto! O meu irmão não vai deixar que se fiquem a rir! - o Afonso gritou e um dos homens desferiu-lhe um murro no rosto.
Senti o meu sangue a ferver quando vi aquela situação, tinha vontade de acabar com a raça daqueles gajos todos nas tenho de pensar primeiro no Afonso e controlei-me.
-Deixe-o ir! - Pedi implorando. - Eu garanto que ele não diz nada...
Eles atiraram o meu irmão para o chão e soltaram-me. Corri ao seu encontro e ajudei-o a levantar-se.
-Afonso, desculpa... Desculpa... - Digo deixando as lágrimas rolarem. - Eu prometo que vai ficar tudo bem...
- Eu digo, não te preocupes, mano... - ele voltou a abraçar-me - Tem cuidado!
-Cuida-te! E toma conta dos pais! - Pedi e abracei-o com força. - Eu adoro-te puto! - Sussurrei ao seu ouvido.
- Chega! Acabou o tempo! Levem o rapaz para a rua! - o Boss gritou e os seus empregados agarraram o meu irmão.
Fiquei a encara-lo a sair pelas mãos daqueles monstros e viro-me para o Boss.
- Eu espero que tenhas aprendido o que acontece quando me desobedeces, André! Aqui quem manda sou eu! - ele berrou antes de fechar o pulso sobre o meu lábio no qual se abriu automaticamente uma ferida.
Fiquei ali parado no chão, vendo-o ir embora com aqueles homens, fechando a porta em seguida.