Eduarda pov's
Mais uma noite passada em vão, pesadelos e consciência pesada, a falta de coragem para contar ao André que espero um filho dele está a dar cabo do meu psicológico. Ele vai odiar-me quando descobrir que eu lhe andei a esconder isto. Viro-me para o lado e encaro a nossa foto, automaticamente escorrem lágrimas pelo rosto.
Levanto-me da cama e visto o robe e desço até ao jardim. Sento-me no meu baloiço de infância e olho as estrelas no céu.
-Eduarda? - ouço uma voz e olho para trás. Era a minha mãe - Querida, estás bem?
-Ainda é tão cedo... e está frio. O que estás a fazer aqui? - ela sentou-se a meu lado no balancé.
-Não consegui dormir... outra vez... - murmurei, baixando o olhar, sentindo lágrimas. - Sinto-me tão perdida.
-Filha... - ela puxou-me para um abraço e pousou a minha cabeça no seu ombro - Tens de ser forte. Vai tudo correr bem. Afinal, não falta já pouco tempo? Ele vai sair e vocês vão ficar juntos, tal como desejas.
-Não... Não, mãe - chorei, abraçada a ela - Eu estraguei tudo, eu afastei-me dele e arruinei a nossa relação. Magoei-o, mãe e estou a esconder-lhe o nosso... a nossa filha...
-Filha? Já sabes o sexo?! E não dizias nada... - ela sorri leve, afagando os meus cabelos.
-Soube, ontem, na consulta - expliquei, afagando o alto que já se notava na minha barriga - Vamos ter uma menina
-Fico feliz... Afinal, vou ter uma netinha - a minha progenitora deixou um beijo sobre a minha testa. Foi quando pensei que era de madrugada e que ela estava acordada. Desde quando é que a minha mãe se levantava tão cedo?
-E a mãe? - perguntei, levantando a cabeça - Também esteve sem dormir?
-Foram umas pequenas insónias aborrecidas, nada demais - ela deu um pequeno sorriso, dando a certeza que se passava algo.
-Mãe, fala comigo... - peguei a mão dela, apanhando-a desprevenida com o meu gesto.
-Eduarda... - Ela suspira. - Eu e o teu pai... Nós estamos com alguns problemas, querida... - Baixa o olhar.
-Problemas? Que problemas? - afaguei a mão dela - Vocês discutiram? Eu percebi que já não andavam tão cúmplices mas achei que fosse impressão minha - Confessei.
-Há algo que eu possa fazer para ajudar? - Pergunto.
-Acho que não, querida... - Ela suspirou desanimada. Abracei, então, a minha progenitora.
-Eu estou aqui para ti, mãe... - Murmurei.
-Eu sei, meu amor... - Abraçou-me. - Sabes que tenho muito orgulho em ti! - Ela diz sorrindo.
-A sério? Mesmo, tendo de desistir do curso para procurar um emprego? Mesmo estando grávida do André? - perguntei, comovida com as suas palavras
-Sim Eduarda... - Ela responde. - Estás a reagir ao que te está a acontecer! E quando ao André, se tu gostas dele é porque é boa pessoa...
Sorrio leve e abraço a minha mãe, escondendo a cara no seu ombro.
-Lembraste quando me ensinaste a andar neste baloiço? - perguntei a sorrir
-Claro, querida! Estavas tão feliz! - ela concorda, afagando os meus cabelos.
-Quero ensinar a minha filha a andar de baloiço tal como me ensinaste... - sorriu, feliz, afagando a minha barriga.
-Eu sei, mãe- concordei - Mas, darei o meu melhor! Sabes... eu já pensei em dizer ao André mas tenho receio.
-Falta tão pouco tempo para ele sair... Nunca mais o foste ver. O rapaz deve estar de rastos. Devias contar-lhe. Todos os homens ficam feliz com a vinda de um filho... - A minha mãe aconselhou.
-Eu vou contar! - digo mais convicta de mim mesma - Vou lá hoje! Vou contar ao André que estou grávida!
Estava em frente ao espelho a pentear-me, de sorriso nos lábios, nervosa por contar ao André que iríamos ser pais de uma menina. Afago a minha barriga onde descansava a sua pequena princesa. Mal podia esperar por tê-la nos meus braços.
-Posso? - ouvi bater à porta. Assim que desviei o olhar, vi o Miguel espreitar para dentro do quarto.
-Claro, entra. - Digo lançando um sorriso nervoso.
-Que fazes aqui? - Perguntei. -Precisava de falar contigo, tens um minuto? - Ele responde fechando a porta.
-Na verdade eu estava de saída, mas pela tua cara parece importante. -Avalio o seu olhar.
Sentei-me na cama e o rapaz sentou-se à minha frente, encarou as mãos e de seguida olhou fixamente os meus olhos.
-Estas a deixar-me preocupada... O que se passa? - Pergunto ansiosa.
-Tu sabes que... bom trabalho agora com o teu pai e ele tem imensos contactos e conhece imensas pessoas. E vieram dizer-lhe que...
-Miguel, vai directo ao assunto - pedi angustiada com medo do que ele poderia ter para me dizer
-Eduarda, eu não sei se já te disseram, mas... o André não vai ser libertado em breve. Ele sujeitou-se a um aumento da pena... três anos...
-O que? Porque? Como? - Os olhos encheram-se de água que não tardou em cair pela minha face. - O que aconteceu?
-Calma Eduarda... Olha o bebé. - Ele diz. - Depois falamos melhor sobre isso, é melhor acalmares-te um pouco...
-Eu quero... saber. - Digo entre soluços. - O que aconteceu?
-Oh Eduarda... - ele pegou-me na mão, afagando-a - Ele teve más companhias lá dentro e... numa busca à cela dele, encontram droga.
-Não... Não pode ser! O André não se metia nas drogas! - Defendi limpando o rosto. - Ele jamais arriscaria ficar mais tempo dentro.
-Mas, Eduarda, foi o que aconteceu... O André só sairá dentro de três anos.
-Não... Eu preciso de falar com ele. - Digo rapidamente. - Eu não acredito que ele se tenha metido nas drogas!
-Eduarda, tens de ter calma, por causa da tua bebé... Ele vai pagar pelas escolhas que fez, é normal que não acredites mas foi o que aconteceu... - Ele abraçou-me.