2.07

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Eduarda pov's

Não via a hora de chegar a casa e estar com a minha princesa. Não tinha cabeça para reuniões chatas depois do que aconteceu. Estaciono o carro na garagem e abro a porta da entrada vendo que a Matilde estava sentada na mesa da sala a pintar com a Rosa.

- Mamã! Mamã! - a minha princesa desceu da cadeira e correu até mim, assim que me viu. Já estava de pijama, pronta para ir dormir.

-Então minha princesa! - Pego nela ao colo. - Portaste-te bem?

- Shim, mamã! - ela abraça-me - Tlive slaudades!

-Também tive saudades tuas amor! - Retribui o seu abraço. - E o que é que as meninas andaram a fazer? - Pergunto.

- Flomos ao palque! Com o Dré e o Fonso! - a minha filha exclamou, entusiasmada.

O meu olhar pousa sobre a Matilde e o nervosismo apudera-se de mim ao vê-la baixar o olhar encarando as mãos.

-Amor, vais andando para a caminha que eu ja vou lá dar beijo, pode ser? - Pouso a pequena no chão.

- Shim, mamã! - ela concorda - Adeus, Tilde! - ela acena antes de subir para o quarto.

- Eduarda, desculpa... Eu não fiz por mal! Foi... A Rosinha fugiu do parque e foi até um grupo na esplanada... porque tinha reconhecido o André e o Afonso... e...

-Ele sabe... Ele sabe que a Rosa... - Pergunto mesmo sabendo a resposta. - Como?

- Eu não percebi... que... era ele... Desculpa, Eduarda. Ele fez algumas perguntas... e só depois é que me apercebi que era ele!

Senti o meu corpo a perder as forças apoiando-me no corrimão das escadas. Sento-me no primeiro degrau e encaro novamente a rapariga à minha frente.

- Ele sabe, Eduarda... e a culpa é minha... Desculpa, a sério... Desculpa... - a rapariga veio sentar-se ao meu lado.

-Como... Como é que ele reagiu? - Pergunto baixinho.

- Ele ficou em choque... sem saber como reagir...- ela contou.

Baixei a cabeça até aos joelhos e encolhi-me abraçando as pernas, deixei as lágrimas rolar. O que vou fazer agora?

A Matilde abraçou-me, pedindo desculpa, lamentando o que tinha acontecido.

- Eu acho que ele... Eduarda... eu acho que ele ainda gosta de ti.

-Eu escondi-lhe uma filha... - Digo fungando. - Ele deve estar a odiar-me...

- Não. Pareceu tudo menos ódio... ele está assustado. Sinceramente, acho que vocês precisam de falar e de esclarecer as coisas. Ele ficou confuso quando eu disse que o Miguel era apenas padrasto da Rosinha.

-Eu v... Ficas com a Rosinha um pouco? - Pergunto levantando-me.

- Claro, eu fico... Mas, onde vais!? - a Matilde pergunta confusa.

-Vou fazer aquilo que devia ter feito à três anos atrás... Contar a verdade... - Sussurro abraçando-a. - Obrigada... Vou só dar um beijo à Rosinha...

Subi as escadas, apressada, e caminhei até ao quarto da Rosa.
Entrei. Ela estava deitadinha na cama. Os seus olhos já estavam fechados, adormecendo profundamente.

Beijei a sua testa e ajeitei os seus lençóis tapando o seu pequeno e frágil corpo.

Desci, depois. Saí para o carro, nervosa, focada em tomar a decisão certa - contar a verdade ao André.

Estaciono o carro em frente à casa da família Silva, onde tenho boas e más recordações. Saio do carro e dirijo-me à porta de entrada. As minhas mãos tremiam e o meu coração estava acelerado. Levanto o braço direito e pressiono a campainha que soa bem alto.

Ouço passos dentro da casa e a minha ansiedade aumenta.

A porta é destrancada e vislumbro o rosto do Silva mais novo.

- Eduarda!?

-Olá Afonso... - Sorri fraco. - O teu irmão está em casa?

- O André... está a dormir... - o Afonso cruzou os braços, desviando o olhar.

-Afonso... por favor... - Peço. - Preciso mesmo de falar com ele...

- Eu não estou a mentir... ele está mesmo a dormir. Mas, podes ir lá ao quarto dele... Ainda te lembras onde é?

-Se lembro... - Volto a sorrir. - Com licença... - Digo entrando.

Entrei na casa da família Silva e subi as escadas até ao corredor dos quartos.

Abro a porta lentamente e vejo o moreno a dormir serenamente. Aproximo-me dele e sento-me nos pés da cama observando-o.

Estava um pouco escuto dentro do quarto mas pude reparar que ele tinha uma fotografia ao seu lado, peguei nela e verti uma lágrima quando me deparei com uma foto minha.

Tentei ficar calada, mas os soluços não paravam enquanto eu olhava a fotografia. O que é que eu fiz!? Eu sou horrível! Eu escondi-lhe a filha!

-Eduarda? - Ele sussurra baixinho com voz de sono.

-Desculpa, não queria acordar-te... - Limpo as lágrimas.

- És... tu? És mesmo tu? Eu estou a sonhar? - ele esfrega os olhos sem entender.

-Não... Sou mesmo eu... - Disso sorrindo fraco.

Ele levantou-se sem tirar os olhos de mim.

- O que... estás aqui... a fazer?

-Acho que precisamos de conversar...

Ele ficou mais sério e ajeitou-se, voltando a esfregar os olhos para se manter acordado

- Sim, de facto, precisamos.

-Eu não queria que as coisas tivessem sido desta forma... - Lamento. -Queria ter feito tudo de forma diferente...

- Eduarda... a culpa... quer dizer, não é só tua... Tentaste falar comigo e eu não quis.

-Eu... Eu devia ter dito logo que soube mas... tinha receio da tua reacção...

- Eduarda... a... Rosa é mesmo... minha filha? - ele pergunta, não desviando o seu olhar negro dos meus olhos.

-Sim... - Respondo sorrindo lembrando-me das suas incríveis parecenças. - É nossa filha...

Complicated | André Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora