-Olá! - ela sorri depois - Então, onde me vais pagar a sobremesa!? - Perguntou, brincalhona.
-Onde a menina quiser! - Respondo sorrindo. - O que te apetece?
- Há uma pizzaria agradável com vista para o mar aqui perto. Acho que só temos de caminhar para ali uns dez minutos - ela aponta para a esquerda, explicando me.
-Parece-me perfeito! - Comento. - Vamos então?
A Eduarda abana a cabeça afirmativamente e começamos a caminha na direção da pizzaria.
-O que se passa? - Pergunta quebrando o silêncio que se instalara durante quase todo o caminho. - Estás bem? - Soa preocupada e eu suspiro.
- É que eu fiquei preocupada com a tua mensagem, André - ela olha-me.
-Eu tive uma entrevista de trabalho hoje de manhã... - Digo. - Não me contrataram por causa do meu cadastro... - Explico e sinto aquela angústia a tomar conta de mim novamente.
- Oh André.... - a Eduarda parou de andar e colocou-se à minha frente. Vi-a procurar a minha mão para a agarrar e eu deixei, já saboreando antecipadamente o conforto do seu toque - eu lamento imenso.... É tão injusto, tu não tens culpa e não deixas de ser um bom profissional por causa do teu passado.
-O problema é que as pessoas nunca vão confiar em alguém com cadastro e muito menos na área que eu quero... Ele tem toda a razão naquilo que disse... - Suspiro. - Eu estou a pagar pelas escolhas que fiz...
A Eduarda simplesmente abraçou-se a mim transmitindo todo o carinho qye eu precisava naquele momento, deitando a cabeça sobre o meu ombro.
- Não percebem a pessoa incrível que és...
- Nem sabes o quanto eu estava a precisar de ti... - Confesso.
- Não fiques assim! - ela murmurou e passou a mão livre pelo meu rosto - Vais conseguir encontrar um emprego! Tenho a certeza! Mas, agora não penses nisso! Vamos comer as melhores pizzas da cidade! - exclamou com um sorriso guloso para me tentar distrair
Sou puxado pela Eduarda que me conduz até à esplanada da pizzaria a poucos metros de nós. Sentamo-nos na mesa com a melhor vista para o mar.
-Como está a Rosa? - Pergunto antes de pegar o menu e escolher a pizza.
- Está bem! Sempre animada! Só é pena o meu trabalho me ocupar tanto tempo, muitas vezes tenho de a deixar com a Matilde - a Eduarda lamentou - Gostava de poder brincar com ela mais vezes, por exemplo.
Ela baixou o olhar um pouco desanimada mas voltou a olhar-me
- Eu adoro o meu trabalho mas amo a Rosa e queria poder estar sempre com a minha filha... quer dizer... nossa filha- um sorriso lindo nasceu dos seus lábios com a correcção das palavras anteriores.
Ao ouvi-la falar do seu trabalho, Lembrei-me da história que ela andava a escrever quando estava lá na casa fechada. Será que ela acabou?
-Tu... Tu chegaste a acabar a... nossa história ? - Pergunto mais receoso e ela olha-me surpreendida pela pergunta.
- Sim... cheguei - assentiu, com um sorriso tímido - Foi com ela que consegui terminar o curso e, além disso, um estúdio pediu para que a minha série fosse filmada. Depois, continuei no estúdio, a trabalhar como argumentista.
Fiquei a pensar qual seria o final da história. Qual seria o fim que ela nos deu.
- Deve ter ficado muito boa a história! - Comento impressionado. - O fim... Gostavas que nós acabássemos como na tua história, Eduarda?- Pergunto.