-André! - Ouço a doce voz da Eduarda e diversas pancadas na porta. - André! - Chama de novo.
Levantei-me e desci à porta do quarto com alguma pressa, pensando que ela se podia estar a sentir mal ou algo assim. Destranquei a porta.
-Está tudo bem? - Perguntou ela assim que entrei. - O que é isso no teu lábio? - Passa o dedo pelo lábio e solto um pequeno gemido de dor.
- Na-nada... Foi... - baixei o olhar. As suas mãos passaram pelo meu rosto.
- Tu tiveste a chorar?
-Posso pedir-te um abraço? - Pergunto olhando-a com olhar em água.
Ela rodou os braços à volta do meu corpo e aconchegou-me contra o seu ombro, enquanto os seus dedos afagavam o meu cabelo.
- André... O que... foi ele? Fez-te mal... ou ao teu irmão? - ela levou-me até à cama onde nos sentámos - Fala comigo...
- Passaram todos os limites... ao ponto de espancarem o meu irmão e mo trazerem cá para me ameaçar... - sussurrei, no ombro da rapariga, lavado em lágrimas.
-Mas porque? Foi pelo que aconteceu no bar? A culpa foi minha não foi? - Ela dispara.
- Não... Não, Eduarda! A culpa é minha! Meti-me nisto e já não há volta a dar... Estou num beco sem saída...
-Há sempre uma solução André... - Ela diz.
- Aqui não há... As consequências seriam devastadoras! Eu perderia a minha família! - Explico. - Eduarda, eu não posso tomar decisões que os metam em risco... O meu irmão foi espancado por minha culpa e eu não pude fazer nada...
-Eu vou ajudar-te a sair desta vida! - Ela diz. - Não sei como... Mas juntos, eu sei que vamos conseguir!
Subi o olhar aos seus olhos brilhantes. Afaguei o seu rosto e aproximei-me um pouco.
- És a esperança de que eu precisava, Eduarda... Fazes-me querer lutar contra tudo e todos...
-Porque queres ajudar-me? - Pergunto. - Eu sou como eles... Mantenho-te aqui, já fiz tanta coisa que me arrependo...
- Tu és diferente. Tu ajudas-me, proteges-me. Tal como já te disse, fazes-me sentir segura... És um porto seguro neste pesadelo. Fazes-me ficar calma, André... Eu esqueço o pior e foco-me na esperança. - sorriu levemente com as mãos sobre os meus ombros. - E o que mais te distingue, André, é mesmo esse sentimento de arrependimento. A vontade de querer mudar a tua atitude e de ser alguém melhor!
- sussurrou com sinceridade e delicadeza.Fiquei a encara-la seriamente e nasce um sorriso enorme na minha cara, com o polegar faço pequenas festas na sua bochecha e ela fecha os olhos um ato de saborear o momento. Tão linda, tao angelical.
Inclinei-me para a frente e fechei também os olhos. Os nossos narizes tocaram-se, esperava que ela recuasse porém ela não se mexeu. Os nossos lábios roçaram levemente quebrando a distancia entre nós. O beijo dela era delicado mas porém intenso.
Senti algo estranho a percorrer dentro de mim e intensifiquei o beijo puxando-a para mais perto de mim e os seus braços viajaram para o meu pescoço.
Os dedos puxavam os meus cabelos com alguma firmeza enquanto as nossas línguas se debatiam por mais espaço. Num impulso puxei-a para o meu colo onde ela permaneceu com uma perna de cada lado da minha cintura. As minhas mãos desceram segurando as suas curvas com firmeza, enquanto os nossos beijos continuavam ofegantes e apressados.
- An... André... - murmurou contra os meus lábios.
- Des-desculpa... eu não devia - afastei-me, com receio da sua reação.
Mas ela sorri e puxa-me para um pequeno beijo carinhoso.
-Nem sabes o quanto eu queria isto... - Sussurrei.
- Querias... mesmo? - ela murmurou corada. Assenti que sim com a cabeça e esta abraçou-se a mim - Dormes comigo?- sussurrou ao meu ouvido.
- Podias... ficar apesar de a cama não ser muito grande. - ela pede.
Pensei duas vezes e levantei-me. Fiz lhe sinal.
- Há uma cama de casal no quarto no piso de cima.
Ela sorri e eu agarrei a sua mão conduzindo-a até ao piso de cima. Subimos de mãos dadas até ao quarto. Abri a porta e deixei-a entrar primeiro.
-Não vai aparecer ninguém? Não quero arranjar problemas... - Ela diz.
Cortei a sua fala com um pequeno beijo. Juntei as nossas testas, tranquilizando-a que estaríamos sozinhos.
-És tão linda... - Digo-lhe. - Sabias?
- André... - ela corou e baixou o olhar envergonhada.
-O que foi?- Pergunto sorrindo.
- Não digas essas coisas- pediu, envergonhada.
Ri levemente e afaguei o seu rosto.
- Porque não havia de dizer o quanto és bonita? - Questionei fazendo-a corar de novo.
-Foste a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos sabes... - Confesso. - Acho que deste-me a força e coragem que eu precisava para sair desta vida... Ou tentar.
Ela baixou o olhar e apenas se abraçou a mim. Senti o seu corpo relaxar abraçado ao meu. Queria tanto poder tirá-la daquela casa e fugir com ela!
- Quando este pesadelo acabar... - ela sussurrou - Não desapareças... Por favor... André - pediu.
- Tu queres continuar a ver-me? - perguntei, admirado. Ela assentiu que sim e beijámo-nos novamente.
-Queres que eu faça parte da tua vida depois disto tudo? - Pergunto novamente.
- Sim, eu quero André... - ela afirmou - Quero-te comigo...
Sorri, feliz. Deitámo-nos os dois. A Eduarda pousou a cabeça sobre o meu peito e tapei-nos.
- Tenho saudades dos meus pais... Achas que me deixam falar com.eles outra vez?
-Não sei... - Digo mexendo no seu cabelo.
- Mas... bem, assim, até me escapei a um trabalho! - ela riu leve - Eu tinha de o fazer e estava sem inspiração.
-Que trabalho era? - Pergunto interessado.
- O primeiro episódio para uma série... - contou - Eu não consegui inspiração para escrever.
-Podias escrever a nossa história! - Digo sorrindo.
-A nossa história? - Ela pergunta com um sorriso enorme.
-Sim! - Reforço. - Aposto que ia ser um êxito!
Ela encarou-me a sorrir e abraçou-me.
- André, és um génio! Obrigada! Adoro-te tanto!
- Adoras? - Pergunto com admiração ao que ouvi.
- Adoro! - ela declarou, aconchegando-se no meu peito - Adoro, mesmo, André...
-Eu também te adoro muito Eduarda! - Beijo a sua testa.
Ela sorriu e pouco depois acabamos por adormecer.
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