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Foi quando o carro parou na esquadra e me arrancaram para fora do veículo que o meu corpo estremeceu a medo do que me viria a acontecer.

Empurraram-me para dentro de uma sala claustrofóbica sedentos de respostas para um interrogatório.

-Sabe por que está aqui? - O agente pergunta-me sentando-se à minha frente.

- Nã-Não... Na verdade... não... - gaguejei, tentando não parecer nervoso mas não conseguiam.

-Não preciso de lhe perguntar se conhece esta rapariga. - Ele mostra a foto da Eduarda. - É sua namorada?

- Sim, é a minha namorada - suspirei, encostando-me na cadeira, ao recordar como a deixara de coração nas mãos.

-E como se conheceram? - Ele pergunta.

- Nós... conhecemo-nos... - a história da festa não ia funcionar. Eles sabiam a verdade, eu só ia fazer pior se mentisse!

-Sim? - Ele insistia pressionando.

Passei as mãos, nervoso, pelo cabelo. Eu não tinha saída.

-Se mentir é pior para o seu lado. Mas eu vou ajudar. - Ele diz abrindo uma pasta e tirou de lá duas fotos, do Boas e do Martins.- Conhece?

- Sim... - suspirei e decidi abrir o jogo todo - Ouça, eu... fui obrigado a vigiar a Eduarda. Não sabia porque o Boss a queria! Mas, eu apaixonei-me por ela... eu tentei ajuda-la durante todo o tempo em que ela esteve la! Alias, o meu irmão foi espancado mesmo por eu estar do lado da Eduarda. Eu fui ameaçado... Se eu fizesse algo, ele iria fazer mal à minha família.

Ouça, eu não fiz isto por querer! Eu vou ameaçado! - falei, quase em pânico. Eu estava com medo!

- Iam fazer mal aos meus pais! Ao meu irmão! - Defendo. E-eu... não posso ir preso! - murmurei, angustiado.

-Pois, mas os seus colegas não contaram bem essa versão das coisas. - O agente disse.

- O quê!? Que versão contam, então!? Esta é a verdade! - exclamei, irritado, puxando o cabelo.

- Tem de acreditar em mim! A Eduarda confirma tudo o que lhe disse! O meu irmão também!

-Eles vai ser chamados para depor em tribunal. - Ele diz. - Até lá terá de aguardar julgamento aqui nas nossas instalações.

-Posso receber visitas? - Pergunto. - Preciso de ver a minha namorada... Por favor... - Pedi implorando.

- Sim, pode. Visitas de familiares e do seu advogado. - o inspetor concordou.

-Posso fazer o telefonema? - Pedi.

- Força - ele entrega-me um telemóvel.

Marco o número da minha namorada e respiro fundo antes de fazer a chamada. Ganho coragem e ligo.

-Eduarda? - Digo. - Sou eu...

- André! André, onde estás!? O que te fizeram!? André, meu amor!

-Preciso que venhas aqui, preciso de te ver... - Digo com a voz a falhar.

- Eu vou! Eu já falei com o advogado dos meus pais! Ele vai ajudar-te!

-Obrigado princesa... - Digo. Vem rápido... Por favor - Peço.

Ela desliga, ou melhor, o telemóvel desliga-se por falta de bateria.

-Ficou sem bateria! - Informo o polícia.

- Não se preocupe. Acabámos por agora. Vai ficar aqui - ele informa.

O inspetor saiu e fiquei sozinho na sala.

Desabei, sozinho naquela sala lembrei-me de tudo aquilo que fiz... No fundo sinto que mereço isto. Quando dou por mim sinto lágrimas a escorrer o meu rosto e baixo a cabeça encostando-a nos braços em cima da mesa.

Algum tempo depois a porta abre-se.

-Tem uma visita. - O Agente diz seco e levanto a cabeça vendo a minha namorada a entrar e a vir na minha direção.

- André! André! - ela gritou entre prantos abraçando me.

Levantei-me e segurei o seu corpo nos meus braços.

-Como estás meu amor? - Ela pergunta.

-Eu estou bem...

-Eu não quero que vás preso... - Ela choraminga.

- Tem calma... Vai correr tudo bem, basta dizeres o que aconteceu connosco, princesa... - afaguei o rosto dela.

-Faço tudo o que for preciso para te ajudar! - Ela garante.

-Eu tive tanto medo que chegasse este dia... - Ela confessa.

- Ia chegar, mais cedo ou mais tarde... - suspirei, afagando os seus cabelos. - Eduarda, lá no fundo, eu mereço pagar pelos meus erros.

-Mas tu sempre me proteges-te, não é justo... - Ela olha para mim e noto os seus olhos afogados em água.

- Princesa, eu vou ficar bem... O meu coração será sempre teu... - afaguei o seu rosto, limpando as suas lágrimas.

- Eu amo-te, André - soluçou e afastou-se, tirando um colar do pescoço. Depois, pousou-o nas minhas mãos - Fica com ele...

-Vou guarda-lo sempre comigo... - Digo e beijo-a carinhosamente. - Se eu... Ficar preso... Não te esqueças de mim... - Largo uma lágrima.

- Eu nunca me ia esquecer de ti, André. Eu não sei porque é que as coisas são tão complicadas... mas, vai tudo correr bem e vamos ficar juntos... - ela disse com esperança.

-Estás a dizer que esperas por mim? - Pergunto.

- Claro, é claro que espero por ti meu amor, dias, meses, anos! O tempo que for preciso! Serei sempre tua...

-Amo-te tanto Eduarda... - Digo.

- Eu também te amo... - ela chorava baixinho, assustada, abraçada a mim.

- A tua mãe... está ali para te ver e o Afonso também...

-Como é que ela está? Ela ja... sabe? - Pergunto.

- Já, André... Eu e o Afonso tivemos de contar... Mas, eu contei-lhe tudo o que fizeste por mim! Contei-lhe o herói que foste! Ela vai compreender, André. - a Eduarda afaga o meu rosto.

-Ela deve estar tão desiludida comigo...

- André, ela sabe que só os querias proteger...

-Mesmo assim... - Digo. - Ela não merecia passar por isto...

- Tu também não merecias passar por isto... - ela suspira, triste.

-Filho... - A voz fraca da minha mãe ouve-se na sala e a Eduarda sai meu do colo deixando o caminho livre.

- Mãe... - solucei, antes de me levantar e correr para os seus braços.

- Mãe, perdoa-me, por favor! Eu estou tão arrependido! Eu fiz tudo para vos proteger. - choro no ombro da minha progenitora.

- André, meu filho... Shh.... Tem calma, eu estou aqui, querido - senti carinhos serem distribuídos pelo meu cabelo.

- Mãe, perdoa-me... - soluço.

Complicated | André Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora