André pov's
Já estou farto desta sela fria e escura. Morro de saudades da minha família... Da minha Eduarda, do toque dela, do abraço dela, do cheiro dela, dos beijos dela... Só queria voltar a te-la nos meus braços. Hoje é o dia do julgamento. Estou nervoso, é hoje que saberei o meu futuro.
- André Silva? - reconheci a voz do advogado, o advogado que a Eduarda arranjara para me ajudar a sair desta confusão ileso - André, venha... Esteja confiante, ainda temos hipóteses.
-Muito obrigado pelo que tem feito por mim... - Agradeço.
- De nada. Eu sou amigo da família da menina Eduarda há muito tempo. É sempre um prazer ajudar a menina e, neste caso, ajudá-lo a si.
-Eu vou poder ver a Eduarda antes do julgamento? - Pergunto.
- Infelizmente, não é permitido, visto que ela é uma das principais testemunhas do julgamento, André. O advogado de acusação poderia levar isso contra si!
Baixo o olhar e encaro as minhas mãos que tremiam do nervosismo. Ela era tudo o que eu precisava neste momento. Ela é a única capaz de me acalmar.
- Tenha calma, André. É essencial! Agora, acompanhe-me.
Suspirei e segui o homem engravatado à minha frente. Entramos num carro da polícia e seguimos até ao tribunal. Assim que chegámos à entrada, encontravam-se jornalistas na entrada. Parecia um circo!
Algemado, agarrado por uma agente da policia sempre acompanhado pelo advogado, apenas paramos lá dentro. Longe das câmaras e jornalistas.
Sinto um alívio ao enorme ao já me encontrar dentro do tribunal.
- André! - ouço a voz do meu irmão ecoar.
-Afonso... - Digo, já sem algemas vou até ele abraçando o moreno fortemente.
Ele retribuiu o abraço com força
- Mano, como estas? - ele pergunta.-Vou aguentando... - Digo. - E tu como estás? E a mãe?
-Estamos bem, mas nervosos.
-E como tem andado a Eduarda? Tens estado com ela? - Pergunto.
- Sim, ela vem lá a casa várias vezes. Tem estado em baixo. Acho que o pai dela está contra ti e arranjou um advogado de acusação experiente! Aquele gajo finório... Martim... Miguel, acho, também não a larga da mão. - Afonso contava. - Vai correr tudo bem, não vai? - O meu irmão pergunta, nervoso- Vais safar-te, não é?
-Eu... Eu não sei... - Digo baixando o olhar. - O advogado diz que ainda temos hipóteses.
-Eu não quero que vás preso! - ele suspira.
-André! - Chama o advogado. - Está na hora.
- Boa sorte! Adoro-te! - o Afonso abraçou-me, uma última vez
Afastei-me do meu irmão e segui o advogado até à porta para a entrada para a sala de audiência. A sala era enormemente assustadora. Entro devagar e receoso atrás do advogado que me dirige até onde eu iria ficar sentado.
Sentei-me cabisbaixo até sentir um olhar intenso sobre mim. Ao observar os bancos das testemunhas, deparei-me com a Eduarda na primeira fila!
-Amo-te... - Ela faz lentamente com os lábios fazendo-me sorrir fraco.
- Eu também te amo... - respondi, sentindo as mãos tremerem com o nervorsismo. Só queria que este momento terminasse depressa!
O juiz entrou na sala.
- Está aberta a audiência de acusação de André Silva pelo rapto de Eduarda Gonçalves Vasconcelos, pela participação em negócios ilegais de jogo e associação criminosa. Passo a palavra ao advogado de acusação. Faça o favor - o juiz senta-se.
-Obrigado meritíssimo. - O homem diz e levanta-se aproximando-se de mim.
Estremeci ao sentir o seu olhar provocador sobre mim e olhei para a Eduarda que parecia realmente assustada.
- Todos sabem que não ha melhor prova do que as palavras do proprio suspeito! Por isso, temos a confissão deste rapaz que confirmou a sua envolvência no rapto da filha do meu cliente.
-Sim, eu confessei mas eu fui obrigado a fazer isso! Ameaçaram a minha família! - Defendo-me. - Chegaram até a bater no meu irmão.
-Chamo ao banco de testemunhas, a vítima, Eduarda Vasconcelos!
A Eduarda levanta-se e dirige-se ao local, ela estava nervosa e reparo isso pois ela brincava com os dedos encarando os mesmos.
- Eduarda, afirma e confirma ter sido raptada por este rapaz!?
-Sim, mas meritíssimo se me permite. - Procura permissão que lhe é dada. - O André desde o primeiro diz que me protegia lá dentro, não deixava que nada de mal me acontecesse, fazia de tudo para me sentir bem... E a verdade é que conseguia fazer com que eu me sentisse segura e protegida. - Ela diz. - E só não me ajudou a fugir porque ameaçam a sua família, inclusive bateram no seu irmão mais novo, o Afonso. - Ela diz.- Ele foi a paz no meio daquela confusão.
Eu estava sem palavras com a confissão da Eduarda. Ela era a minha salvação.
-E não acho justo ele pagar por algo que foi obrigado a fazer para proteger a família. - Ela termina assim e espera o advogado continuar o interrogatório.
-Isso não o retira do rapto e afins. - O Advogado diz. - É verdade que mantém uma relação com ele?
-Sim, somos namorados. - Respondeu. - O que prova que se eu me apaixonei por ele é porque ele nunca me tratou mal e sempre esteve lá para me proteger do seu colega e chefe.
-E como é que temos a certeza que o arguido não a coagiu a mentir ou conseguiu fazer passar essa ideia para que a Eduarda o defendesse em tribunal.
-Mentir em tribunal é crime e eu prometi dizer a verdade e apenas a verdade. - Ela responde. - E a verdade é que ele me salvou diversas vezes e se não fosse ele eu poderia não estar aqui.
-Explique. - O juiz pediu.
-Pouco tempo antes de a policia lá aparecer eu descobri a verdade sobre os negócios ilegais do chefe, ou Boss, como lhe chamavam. - Explico. - E queriam matar-me por eu saber demais e se não fosse o André, eles teriam feito isso.
Eu olhava para a Eduarda. Aquele advogado estava a tentar fazê-la contradizer-se nas suas próprias palavras!