2.05

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André's POV

Estava sentado no sofá onde passava um jogo de futebol qualquer do campeonato inglês.

No entanto, os meus pensamentos perdiam-se no reencontro do dia anterior. Não sabia o que pensar!

- Oh, mãe! Mãe! - o Afonso desce as escadas todo aperaltado - Viste o meu casaco castanho escuro? Aquele de cabedal?

-Está pendurado no cabide na entrada, querido! - Ela responde. - Vais sair?

- Vou, sim! Vou lanchar ao parque! - ele responde, indo até ao hall à procura do casaco.

-Portem-se bem! - Gritei provocando o Afonso rindo.

- Não queres vir? - ele convida, regressando à sala - O Hugo disse que vinha lá ter, também.

-Não, estou numa de ficar por casa. - Respondo. -Obrigado na mesma!

- Oh, nem penses! Anda lá! Preciso de alguém que afaste os olhares do Hugo da minha miúda! E assim apresento-ta! - o Afonso tentava convencer me.

-A sério Afonso, talvez outro dia! - Respondo rindo fraco. - Diverte-te por mim puto!

- André, eu não te vou deixar aí a deprimir! - ele puxa me por um braço- Anda! Pago-te um chocolate quente e uma tarte de amêndoa! Eu sei que não resistes à pastelaria do parque!

-Afonso... - Digo. - Eu não consigo abstrair-me do que aconteceu... Ela não sai da minha cabeça...

- Epha, melodramático... Ao menos deprime com qualidade! Com açúcar! Anda lá! Vamos comer tartes de amêndoa! - ele volta a puxar-me.

-Trás uma tarde para mim! - Peço. - Vou jogar um pouco para me distrair!

O Afonso bufou amuado e revirou os olhos.
- Anda lá... senão o pobre do Hugo será uma vela solitária!

- Ah, estás a admitir que tu e a miúda... estão mesmo a ter um caso - provoquei após a sua frase.

-Eu não disse nada disso, André! - Ele responde atrapalhado. - Já estou a ficar atrasado! Anda lá! - Mudou de assunto.

- As noivas atrasam-se sempre! - provoco.

-Idiota! - Ele manda-me um murro no braço. -Tens a certeza que não queres vir? - Volta a perguntar.

- Eu... - suspirei, pensativo. Depois, pensei no sabor doce e caramelizado de uma tarte de amêndoa quentinha - Oh, ok! Vamos lá a isso, mas pagas tu!

-Nunca resistes a uma tarde de amêndoa! - O Afonso diz rindo. - Vamos lá então!

Levantei-me, pegando no telemóvel e na carteira.

- Mãe, vou com o Afonso! Até logo! - falei, antes de sairmos

-Até logo, queridos! - Ela diz carinhosamente da cozinha.

Saímos a pé. O parque não era muito longe dali. Pelo caminho, tentei distrair-me um pouco dos meus pensamentos enquanto o Afonso falava sobre eu me portar bem ao lado da suposta amada.

-Afonso, relaxa! - Digo rindo. - Eu sei comportar-me! - Bato-lhe no ombro.

- Ok, está bem... e controla-me o Hugo, por favor! - ele pede quase em pânico, todo nervoso.

-Afonso, tem calma! - Pedi rindo da sua cara de assustado. - É ela ali? - Perguntei apontando para a mesa no parque.

- É, é sim... e o... O que é que o Hugo está a fazer com ela!? - o Afonso refila, amuado.

-Ele não te rouba a miúda, seu ciumento! - Ri. - Vamos lá ter com eles mas é!

O Afonso seguiu à minha frente com as mãos nos bolsos. Assim que o Hugo nos viu, acenou animado.

- Hey, Silvinhas! Finalmente! - ele exclamou, levantando-se.

Vi que a rapariga sentada olhou para tras, encarando o Afonso. Sorriu logo a seguir e também se levantou.

-Olá Afonso! - Ela diz sorrindo indo dar-lhe um beijo na bochecha. - Deves ser o irmão mais velho! - Advinhou olhando para mim.

- Sou, sim. Sou o André! Prazer em conhecer-te! Tenho ouvido falar muito de ti!

-Bem, espero! - Disse rindo-se para o Afonso.

- Claro! Eu só poderia falar bem de ti! - o meu irmão sorriu para ela - Não sabia que conhecias o Hugo.

- Eu não sabia que tu e a Margarida... - o Hugo ri.

- Vamos sentar-nos... - o Afonso desviou a conversa e puxou uma cadeira - Já pediram alguma coisa para comer?

-Não, estávamos vossa à espera! - O Hugo diz fazendo sinal à empregada que se dirigiu a nós.

Fazemos os pedidos. Rapidamente, o meu olha percorre o ambiente do parque. Distingo a zona infantil onde crianças brincavam.

- Dré! Dré! - uma voz doce e melodiosa acordou então dos meus desvaneios.

-Olha a princesa Rosinha! - Digo sorrindo.

-Shabes, ja comechei a pintal o livo que me compalam! - Ela afirma alegremente! - Olá Fonso! - Diz ao ver o meu irmão.

- Olá pipoca! - ele pega nela e senta-a no seu colo - O que andas aqui a fazer!?

- Rosa! Rosa, volta aqui! - uma rapariga apareceu a correr até nós.

-Vim ao palque com a Tilde! - Ela diz docemente apontando para a rapariga que corria até nós.

- Rosa... não podes fugir assim! Eu não sabia onde estavas! - a rapariga para ofegante ao nosso lado. Depois, olha a "namorada" do meu irmão - Margarida, olá!

-Olá Matilde! - Ela levanta-se abraçando a rapariga. - Deixem-me apresentar-vos! - Ela diz sorrindo. - É o Afonso, o André e o Hugo! - Apresenta por ordem.

- Olá! Desculpem a Rosinha... Aliás, eu nem sabia que ela vos conhecia - a rapariga respondeu.

-Rosinha... Tinhamos combinado que não voltavas a fugir! - Digo à pequena ainda ao colo do Afonso.

-Eu só quelia dicher olá...

- Eu é que estou meio à nora nisto tudo! - o Hugo riu, olhando para ela.

-Hugo, está é a Rosinha! - Apresento. - Ela fugiu da mãe no supermercado e chocou comigo, sem querer!

-E eu tive uma lição sobre a Princesa Sofia! - O Afonso acrescenta fazendo todos rir.

- O Fonso e o Dré compalam um livo pa' mim! - Ela diz alegremente saltando do colo do Afonso.

Pegou a mochila ao colo da Matilde e retirou o seu livro de pintar trazendo até nós mostrando os seus desenhos de seguida.

- Ela é a menina a quem fazes babyssiting... como tinhas contado no outro dia - a Margarida presumiu.

- Sim, sim... Ela é um amorzinho! A mãe dela tinha uma reunião demorada e pediu para ficar com ela. A Eduarda trabalha demais e nem sempre tem com quem deixar a pequena.

Comecei a prestar mais atenção à conversa depois de ouvir aquele nome.

- Onde está o pai nesses momentos?! Ou os avós? - o Hugo interveio, encolhendo os ombros.

- Os avós maternos da Rosinha estão separados e a avó dela trabalha, também. E, bem... a Rosinha não tem pai... bom... presente...

- Como assim não tem pai? - apressei-me a perguntar confuso. E o Miguel!? Mas, ela era casada!?

- Eu não sei bem... a Eduarda é casada mas é apenas o padrasto da Rosinha. Francamente, não é muito simpático - ela revirou os olhos.

- É antipático, então - o Hugo completou, olhando a rapariga.

- Mas, o pai dela... - eu perguntei uma vez mais.

- Supostamente, está... bom ou esteve preso...

Complicated | André Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora