Les Trois Visages de L'amour

Eu não posso sorrir sem você

POV - Narrador

   Delphine acordou com a sensação de que tudo que vivera na noite anterior não havia passado de um sonho, e por alguns instantes acreditou nisso, porém um peso incomum em seu peito e um braço abraçando-lhe a cintura a fez ter certeza de tinha realmente vivido aquilo.

   Cormier baixou seus olhos e pôs-se a observar a mulher aninhada em seu colo. Cosima tinha a respiração leve e compassada, seu semblante era de paz. A muito Delphine não a via com uma expressão tão serene em seu rosto, como via agora. Observando com um pouco mais de atenção, Cormier pode perceber as bolsas que se formaram embaixo dos olhos de Cosima, evidenciando as noites mal dormidas que, muito provavelmente por culpa dela, vinha tendo.

   - Pardon mon amour, pardon! - sussurrou Delphine acariciando suavemente a bochecha de Cosima. A mesma se remexeu com a carícia e virou seu corpo de costas para a loira que aproveitou a oportunidade para levantar da cama sem que acordasse a morena. Delphine se levantou, ainda nua, e foi até a sala a procura de suas roupas para vestir, ao menos, sua camisa. 

   Chegando no cômodo desejado, Cormier não pôde impedir um sorriso largo de brotar em seus lábios com as lembranças do que fizeram ali na noite passada. 

   Delphine parou por um segundo pensando no que poderiam fazer naquele domingo que, pela falta das nuvens no céu, já indicava que seria extremamente quente, ou seja, ficar perambulando pelas ruas não era uma boa opção. A loira alcançou sua camisa e sua calcinha que estavam jogadas em lugares distintos e logo em seguida as vestiu. Enquanto recolhia o resto de sua roupa e as roupas de Cosima, uma ideia surgiu à sua mente. Rapidamente procurou seu celular em seu blazer e discou um número muito conhecido. 

   - Srta. Cormier!? - falou a voz do outro lado após alguns toques - Aconteceu algo? - indagou.

   - Não! - respondeu - Quer dizer, sim, mas não precisa se preocupar, não foi nada grave - explicou - Lembra quando disse que se precisasse eu ligaria? - perguntou e ouviu um "uhum" como resposta e prosseguiu - Então, preciso de você e de Rodolfo também essa noite.

   Enquanto Delphine colocava seu plano em prática, uma Cosima extremamente feliz, plena e radiante despertava em meio a lençóis bagunçados e perfume francês. Niehaus se espreguiçou na cama e não sentiu o corpo de Delphine ao seu lado, porém pode sentir sua presença em algum lugar daquele apartamento. Se levantou e foi até seu guarda-roupas, onde pegou um camiseta que mais parecia um vestido por causa do tamanho e uma cueca feminina, os vestiu e foi ao encontro da loira. Cosima ouvia murmúrios, mas não conseguia entender as palavras que eram proferidas. Seguiu aquele singelo borburinho até a cozinha de sua casa e avistou Delphine ao telefone, ainda foi capaz de ouvir as últimas palavras ditas.

   - Eu estarei esperando no endereço que lhe informei - por mais que não quisesse, Cosima se sentiu incomodada com aquilo e decidiu não interromper a ligação, afim de tentar entender do que se tratava - Você nunca me decepciona, confio em seu gosto, sei que fará boas escolhas - esperou uma resposta do outra lado da linha e respondeu - Até mais tarde! 

   Delphine desligou o telefone e suspirou profundamente, tal ato causou um incômodo gritante em Cosima. 

   - Trabalhando em pleno domingo? - indagou chamando a atenção de Cormier, que se virou com um semblante um pouco assustado, mas logo projetou um sorriso pra a morena.

   - Não é trabalho, má cherie! - respondeu alargando seu sorriso ao constatar o que Niehaus trazia em seu rosto. 

   - Se não é trabalho, o que pode ser? Uma amiga? - Cosima já estava com os braços cruzados no peito e encarava Delphine com os olhos semicerrados, enquanto essa se deliciava com a cena.