Les Trois Visages de L'amour

Você não mudou nada, Delphine.

POV - Narrador

— Não se sinta pressionada, Siobhan, mas estamos muito curiosos — Cosima tentou amenizar o clima que Delphine estabeleceu na sala de estar.

— Eu entendo e tenho certeza que se fosse eu no lugar de vocês, estaria igual — Siobhan a respondeu com um tom compreensivo — Acho melhor irmos direto ao ponto... — a mulher fez uma pausa de alguns segundos, mas que para os presentes pareceu anos — O nome dela é Kendall Malone.

— Sua mãe? — Valentin indagou incrédulo.

— SUA MÃE? — os quatro cientistas questionaram em uníssono — Como assim sua mãe? — Delphine prosseguiu.

— Nós sempre desconfiamos dessa hipótese, mas nunca tivemos algo que comprovasse que nossas suspeitas eram corretas, até hoje.

— Então as coisas que você tinha para resolver, era comprovar se sua mãe foi ou não cobaia em um experimento que visa extinguir os seres humanos concebidos de forma natural? — Frontenac tomou a fala e se seu tom de voz não fosse um pouco cômico, aquela pergunta soaria grosseira.

— Pode-se dizer que sim... Foi basicamente isso.

Um silêncio se estabeleceu naquele cômodo. Todos se olhavam, todos suspiravam e pensavam na mesma coisa, mas ninguém se atrevia a dizer uma palavra sequer. Aquele vácuo não poderia ser quebrado por outra pessoa, senão Siobhan, e assim ela o fez.

— Um dos meus contatos me deu a localização de Virgínia Coady... Estamos mais perto do que esperávamos.

****

— Você tem certeza disso, Rachel? — uma voz feminina perguntou atrás de si.

— Eu sempre tenho certeza, Beatrice — Duncan e Morris estavam na sala de direção do Dyad a espera de uma resposta que as ajudaria, e muito, a resolver algumas pendências.

— Tudo bem, não está mais aqui quem falou — a morena se sentou no sofá que ficava em um dos cantos daquela sala e cruzou as pernas — Eu gostaria muito de entender o motivo dessa sua fixação pelas clones... Qual é o lance, Rachel? Só você pode vagar por aí em paz ou é aquela coisa de sentir que você é especial e por isso é a única que merece viver?

Rachel não a respondeu, apenas a olhou lançando-lhe um olhar fulminante que assustaria qualquer um, mas não Beatrice, ela já estava acostumada com Duncan, acostumada demais por sinal. A morena sorriu com a constatação de que havia tocado na ferida de Rachel, que havia a irritado. Por mais que ela soubesse que brincar com isso era extremamente perigoso, ela não poderia perder a chance.

— Espero que tenha boas notícias, Ferdinand, meu humor não está dos melhores — proferiu assim que notou o homem se aproximar, fato que só foi notado por ela. Beatrice, que a encantava não o viu nem ouviu chegando.

— Eu trago notícias, se serão boas ou ruins fica a seu critério decidir — Ferdinand Chevalier era como um capanga de Rachel, porém com mais charme, poder e acesso a uma área que poucos se atreveriam a chegar perto. O fato da nova CEO do Dyad não dizer nada o fez perceber que deveria continuar e dizer de uma vez por todas o que havia descoberto — Valentin está de volta a Toronto. Ele e sua trupe, contando com Siobhan Sadler, estão se reunindo agora mesmo na casa de Delphine Cormier... Seja lá qual for o motivo de pequena reunião em família, isso não me cheira bem.

— Como posso ter certeza de que você não está errado como estava nas outras vezes? — a voz fria de Rachel o atingiu. Ele sabia que ela nunca iria deixá-lo esquecer do episódio em que o fizeram de bobo e consequentemente a fizeram de boba.

— Por que dessa vez eu conferi com meus próprios olhos — a respondeu.

— Como se isso valesse de alguma coisa, de fato — Beatrice soltou mais alto do que esperava e pretendia.