capítulo 6

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A madrugada avançou, e eu aproveitei o silêncio, que somente esse momento era capaz de proporcionar, para pensar

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A madrugada avançou, e eu aproveitei o silêncio, que somente esse momento era capaz de proporcionar, para pensar. Em tudo. No quanto a minha vida tinha mudado. Em como eu estava diferente. Nele.

Miguel Ferraz. O homem que me salvou, e condenou ao mesmo tempo.

Era uma ironia e tanto. No entanto, se me perguntassem diria que não me arrependo de nada. Pode até ser loucura, mas eu gosto desse lance de viver um dia de cada vez, e aproveitar cada momento. Óbvio que ser assassinada não está nos meus planos, mas precisamos superar obstáculos no caminho. E são eles que nos fazem ter as melhores histórias.

Virei-me inquieta, já cansada de procurar uma posição confortável, e não encontrar. O sono simplesmente não vinha. Suspirei, e abri os olhos, no mesmo momento que ouvi o trinco da porta ser girado.

O meu coração acelerou, e eu esperei que um corpo alto e forte passasse pela porta, mas não foi isso que aconteceu.  Na verdade, quem adentrou o quarto foi uma senhora, de cabelos grisalhos e roupa elegante, ela carregava uma grande mala.
Permaneci quieta, e quando achei que não seria notada, seus olhos encontraram os meus.

—Céus, menina! —A mulher deu um pulo, e levou a mão até o coração.
—Que susto!

Mesmo sem querer, sorrir.

—Desculpe, não foi a minha intenção!

—Tudo bem, tudo bem! Velhas tomam sustos atoa mesmo... —Balançou uma das mãos no ar, num gesto de claro desdém. —A propósito, sou Dorothy. A governanta.

O sorriso que abri ainda não havia saído do meu rosto. A presença daquela senhora trouxe-me lembranças boas, a ponto de eu não me importar em ter o quarto invadido tão cedo.

—Eu sou...

—Sophia, eu sei. O menino Miguel deixou-me a par de toda a situação.

—Menino Miguel? —Perguntei, sentando-me direito na cama e demonstrando toda minha curiosidade. Dorothy sorriu pra mim, e sentou do meu lado, como se fôssemos grandes amigas colocando o assunto em dia. Gostei disso.

—Há, sim! É como o chamo desde que era uma criança pequenina, mas não o deixe saber que você sabe disso. Ele detesta. —Ela riu e eu a acompanhei. 
Os olhos daquela senhora brilhavam nostálgicos, e uma vontade incontrolável de saber mais do Miguel criança me assolou, quis saber se era muito diferente do homem de hoje.

—Como ele era? —Perguntei, e logo arregalei os olhos, me arrependendo no mesmo instante que as palavras foram proferidas pelos meus lábios.
—Quer dizer...

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