capítulo 36

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O sol brilha lá fora.
É a primeira coisa que percebo depois de ter dormido por mais de 12 horas seguidas. Talvez tenha sido até mais, não sei dizer. Todas as noites em claro, e as emoções a flor da pele cobraram seu preço, sentia-me esgotada. Incapaz de fazer qualquer coisa.

E mesmo sabendo que esse era o pior momento para desligar-me, precisei. Simplesmente apaguei no colo do Miguel, enquanto ele dizia precisar me contar algo, que sequer ouvir antes de adormecer.

Sei que no momento que sair pela porta a minha paz acabará, então aproveito os meus últimos minutos sossegada. Lá fora deve estar um caos,
todos loucos com o planejamento da viagem. Deveria estar lá, inteirando-me de tudo, mas não sinto vontade.

As vezes eu imagino como seria se tudo fosse diferente, se nós fossemos diferentes. Eu, uma simples garçonete, e o Miguel um mero empresário. Nós encontraríamos numa festa, na qual fui obrigado a ir pelas minhas duas melhores amigas que me acham careta demais. Trocaríamos olhares, e ele me tiraria para dançar. Eu diria o quão bonito ele é, e ele diria que ama o meu sorriso.

Aceitaria seu pedido de namoro, e alguns anos depois, o de casamento, na presença dos meus pais. Teríamos filhos, as crianças mais educadas e lindas do mundo. Seríamos a família perfeita, e eu finalmente poderia ter o meu final feliz.

Sem passados sofridos, mortes e tristezas. Somente o bom e velho clichê. O sonho se vai, no momento que lembro que essa é a minha vida, e que nada é fácil nela. O destino parece ter se esquecido de mim ou acha que não mereço nenhum desconto. Quando é comigo, tudo vem acompanhado de uma boa dose de dor e sofrimento.

-Bela Adormecida... Já estava começando a achar que tinha algo de errado com você... - Escuto a voz que trouxe a esperança, que achei ter perdido, de volta para mim, e que me dá forças para seguir em frente.

É impossível não abrir um grande sorriso a medida que ele vem até mim, e deposita um beijo na minha testa. Agarro seu corpo, e inalo seu perfume. Senti falta dele.

-Parece que eu fui atropelado por um caminhão... -Digo, e a minha voz sai abafada pelo seu corpo. Ele gargalha.

-É compreensível depois de você ter dormido por 18 horas... - Abro a boca num enorme O, mas antes que eu possa falar qualquer coisa, a minha barriga se antecipa. Faz um barulho extremamente constrangedor.

Fico sem saber onde enfiar a minha cara, o meu rosto queima. E tudo piora quando o Miguel tem uma crise de risos, sem ter outro alternativa acabo rindo junto.

Que vergonha...

-Alguém aqui está precisando muito de comida... -Diz, depois de recuperar-se. Sinto meu rosto quente. -Vou buscar algo para você! -Olho nos seus olhos, e assim posso ver tudo que ele sente por mim. Carinho, admiração... e algo mais. Quando ele sai, fortaleço uma decisão que já estava tomada no meu coração.

Não importa quantos obstáculos sejam colocados no meu caminhos, nem quantos problemas eu precise superar. Eu vou passar por cada um deles, eu vou lutar com tudo que tenho. Porque eu não admito não conseguir. Eu vou ser feliz. Ao lado desse homem.

 Ao lado desse homem

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