Sophia Ortiz está longe de ser uma garota inocente. É uma loba em pele de cordeiro. A sua aparente fragilidade é a sua arma. Ela engana, ilude e encanta. Afinal esse é o seu trabalho. Fingir ser quem não é.
Miguel Ferraz tem duas faces, e pode ser...
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Eu me via, mas não me enxergava. Os cabelos coloridos e curtos, a maquiagem carregada e o look nada simplório mudou-me totalmente. A imagem refletida no espelho não deixava dúvidas, eu não era mais a Sophia.
-Mas que diabos... Como?
A voz incrédula soou, enquanto eu ainda me analisava. Sorri, sentindo a revigorante sensação de dever cumprido.
-Gostou?-Questionei, dando um giro, e me exibindo.
-Você... -Miguel parecia chocado, por vezes abriu e fechou a boca, sem dizer nada. Cheia de expectativa, eu o encarava. -Está parecendo uma patricinha. Rebelde, e sem causa! -Disse por fim, e eu mal consegui conter o gritinho animado. Era exatamente essa a minha intenção.
-Ótimo, Senhor homem de negócios. Acho que podemos ir.
Fiz referência a pose de empresário que ele ostentava, e dei as costas, andando lentamente, para que ele pudesse me ultrapassar e nos guiar até garagem.
-Qual você quer? -A infinidade de carros chocou-me, mas fingi plenitude e apontei para o único que reconheci. Uma Ferrari preta.
-Esse aqui.
Estávamos na estrada há alguns minutos, e eu balbuciava a canção que tocava no rádio. Era uma música lenta e calma, portanto fechei os olhos e me deixei envolver. A nossa respiração por um bom tempo foi o único som ouvido.
-Como devo te chamar essa noite?
A voz estava suave, mas nem assim deixava de ter um tom autoritário. Abri os olhos, e pensei na sua pergunta. Nomes aleatórios vieram a minha mente, e eu os descartei, falando o primeiro que me agradou minimamente.
-Estou pensando em Michelle... O que acha? -O fitava, portanto vi quando ele torceu o nariz em desagrado. -Não gosta?
-Não... -Largou uma das mãos que estavam sobre o volante, e a pousou na minha coxa. Acompanhei com o olhar todo o movimento. -Michelle não combina com você. O que acha de Laura? Significa vitoriosa, triunfadora...
Os olhos deles brilharam ao me explicar o significado, e o meu cenho imediatamente se fechou. Não entendi o motivo, mas não me preocupei em descobrir. Afinal, era normal falar com tanto entusiasmo de um simples nome? Eu não sabia, mas o meu subconsciente rapidamente me fez o favor de formular uma explicação.