capítulo 40

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—Não

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Não. —A minha mente gritava.

Não é possível. —Negava-me a acreditar.

Por favor, Deus!— Implorava, enquanto via passar diante dos meus olhos os momentos que haviam se tornado os mais felizes da minha vida. Nossos sorrisos, nossas conversas, nossa primeira vez. As lembranças pouco a pouco sendo substituídas por cenas de agonia, quando as palavras começaram a ter significado novamente.

"Os grandes precisam cair, para que os melhores ocupem seu lugar."

Maldito. Desgraçado.

"A vida não é uma partida de xadrez, e um rei que se preze protege sua rainha."

Sophia, não!

Digitava tão furiosamente, que não sei como o aparelho em minha mão não se espatifou. Tentei o primeiro, o segundo... No terceiro eu já sentia o meu coração batendo em ritmo alucinado, nenhum dos seguranças que deveriam estar protegendo-a me atendia.

E eu fiz a única coisa que poderia naquele momento. Corri. Como se a minha vida dependesse disso, e realmente dependia. Se alguma coisa acontecesse com Sophia, estaria arruinado, completamente destruído.
Os corpos no chão não passavam de empecilhos, que me impediam de atingir uma velocidade ainda maior. Do lado de fora, o vento era cortante, ricocheteando contra a minha pele, quando entrei no primeiro carro que avistei.

A chave ainda na ignição parecia brilhar diante dos meus olhos, mas antes que pudesse arrancar como planejava, a porta do carona foi aberta abruptamente.

—Vai, acelera!—Mandou Tomás, e eu fiquei alguns segundos sem reação. Olhando-o assustado. —Ta esperando o quê, Miguel? Dirige! —Gritou, e eu finalmente sai do transe que encontrava-me.

Senti vontade de agradecê-lo, mesmo sem saber o que o esperava, estava do meu lado. Mas não o fiz, não era preciso. Sempre estivemos juntos, um pelo outro, e agora não seria diferente.

Estavamos no auge da madrugada, e não havia barulho algum nas ruas desertas pelas quais passávamos. Tudo parecia estar no seu devido lugar, todos onde precisavam estar. Menos eu. A culpa era minha, qualquer coisa que aconteça com Sophia é minha responsabilidade. Isso eu não poderia suportar.

A sede por fora não dava muitas informações, parecia a mesma desde que saí, mas só foi preciso colocar um pé para dentro para que percebesse o quanto tudo era real.

A porta estava aberta, completamente escancarada, e o homem que deveria estar guardando-a, jazia no chão, com um furo perfeito na testa. Continuei a andar, fora o cadáver não tinha mais nada fora do lugar. Subi as escadas numa velocidade absurda, e aí sim comecei a sentir o desespero me tomar, um medo que eu nunca experimentei.

O quarto havia sido arrombado, a cama estava completamente revirada, e muitas coisas estavam jogadas no chão. E tinha, tinha... Sangue. Não o suficiente para comprovar uma morte, mas respingos irregulares cobriam o chão. Ofeguei.

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