Os meus lábios involuntariamente se separam, e um sorriso surge em meu rosto. O que começa discreto, logo evolui para uma gargalhada, que me faz levar as mãos até a barriga e flexionar os joelhos, tamanha intensidade.
As lágrimas escorrem pelos meus olhos, e eu estou arfante, quando elevo a cabeça e o miro, ficando surpresa por não encontrar nenhum resquício de riso em sua face. Foi uma piada, certo?
-Você está brincando, não é?
-Questiono, agora completamente incrédula. -Isso não pode ser sério!O homem a minha frente franze as sobrancelhas, e cruza os braços. Desse jeito, ele parece ainda maior. E mesmo sem querer, engulo em seco.
-Pareço estar brincando?
Totalmente atordoada, desvio o olhar.
A sua imagem me distrai, e tudo que preciso no momento é de concentração. O meu segredo acaba de ser desvendado, tudo que construí está desmoronando bem na minha frente. Preciso virar esse jogo.-Eu sou uma loba solitária. Não faço parcerias. -Explico, como se ele fosse uma criança, e tivesse dificuldades de entendimento. -Você paga, e eu executo. É simples assim.
-Você não dá as cartas aqui. Eu dou, e estou dizendo como vai ser. Vai me contrariar, Ortiz? -Um sorriso de canto, debochado, se faz presente, e eu resisto ao impulso de avançar.
É a minha reputação, a minha fama em jogo. Eu só sou o que sou, por conta do mistério, da sombra que criei, da ilusão de perfeição que as pessoas tem de mim. A minha indentidade não pode vir a tona.
-Pode reconsiderar os termos? Acredito que sou mais útil...
-Pare. -Manda, e eu o fuzilo com o olhar. -Eu não faço acordos.
-Como um touro enjaulado, respiro com dificuldades, tamanha minha revolta. -E você não está em posição favorável aqui. Mais precisamente na minha mão, é onde se encontra. Por isso, repito. Vai me contrariar?Não, eu não iria. Os melhores jogadores sabem a hora de recuar.
-O que faremos... juntos?-Suspiro, e pergunto rendida.
-Não se preocupe, nada que você não tenha feito antes, imagino. -Diz, e continua a me olhar atentamente, de olho em todas as minhas expressões.
Mordo os lábio antes de prosseguir.
-O que farei? Especifique... E eu não sou prostituta, só para deixar claro. - Amarga, digo. Nesse mundo, as pessoas costumam achar que tudo está a venda, e que eu tenho um preço, então desde cedo precisei criar uma armadura, preciso ser capaz de dizer a todos que isso está fora de questão
-Sei que não... -O seu olhar, como se fosse possível, se torna ainda mais sério, e ele parece ofendido. -E não seria capaz de te propor nada relacionado a isso depois de ontem.
-Diz, e eu acredito. Balanço a cabeça em afirmativo, e ele continua.
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Juntos por um Golpe
ChickLitSophia Ortiz está longe de ser uma garota inocente. É uma loba em pele de cordeiro. A sua aparente fragilidade é a sua arma. Ela engana, ilude e encanta. Afinal esse é o seu trabalho. Fingir ser quem não é. Miguel Ferraz tem duas faces, e pode ser...