Sophia Ortiz está longe de ser uma garota inocente. É uma loba em pele de cordeiro. A sua aparente fragilidade é a sua arma. Ela engana, ilude e encanta. Afinal esse é o seu trabalho. Fingir ser quem não é.
Miguel Ferraz tem duas faces, e pode ser...
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É impossível, ele tentava se convencer, agarrar-se a qualquer mínimo detalhe que o levasse a crer, que estava sendo enganado. Buscava qualquer indício de mentira na face de Henry, desesperadamente. Mas acabou por não encontrar, não por falta de procura, e sim por não existir. Era verdade.
O homem frio e intransigente que era seu pai, odiava ser questionado, e era isso que sua mãe fazia. Lembrava-se das inúmeras brigas, muitas delas por sua causa. De todas as vezes que ela apanhou, para que ele não tivesse, das forças que criava para lutar por ele. Aos poucos, lágrimas começaram a rolar por seu rosto. Era uma mistura de sentimentos, que entravam em conflito no seu peito.
Alívio, por finalmente saber a verdade, tristeza e principalmente ódio, esse o dominou. O homem que chamará de pai, e havia por muitos anos destinado a sua obediência o traiu da pior forma.
—A sua mãe contou-me que ele tinha a ameaçado, Antony achava que ela te deixava fraco, estragava o herdeiro dele. Ela morreu por você, e me fez prometer que nunca te diria nada. Sabia que você iria se vingar, e não queria que a morte dela fosse em vão.
A voz parecia distante, enquanto Miguel estava mergulhado em lembranças. Chorou, no peito do assassino da própria mãe, aquele que jurou protegê-los para todo sempre.
Henry arfou, ao ver a expressão de dor e pura agonia que Miguel ostentava. Estava usando suas últimas forças para contar o segredo, que prometeu guardar com sua vida. Somente agora foi capaz de perceber o erro que cometeu ao esconder a verdade por todos esses anos. A pessoa que jurou lealdade não estava mais aqui, e ele não ganharia nada protegendo quem arruinou sua vida.
—Você era a melhor coisa da vida dela, o filho que ela tanto amava. Agora é a sua vez de fazer algo por ela. Tenha a sua vingança.
Henry deu seu último suspiro, e sua cabeça pendeu para o lado. Não levantando mais. Ele tinha acabado de cumprir a sua última missão. Miguel endireitou-se, e secou o rosto. Era hora de agir, e dessa vez faria tudo certo, nada de impulsividade. Seria invisível e certeiro, e quando atacasse, ele nem saberia de onde veio o golpe. O faria pagar, a sua mãe teria justiça.
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