capítulo 45

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—Mais uma vez

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—Mais uma vez. Vamos, Sophia.

Falava em pensamento, esforçando-se para abrir os olhos. Estava desperta ao mesmo tempo que não estava. Era capaz de ouvir e de sentir, mas não de ver. Os primeiros segundos de escuridão foram desesperadores, e ela chegou a pensar que estava morta. No entanto, essa ideia não foi levada adiante por um pequeno detalhe.

—O inferno não é frio. —Debochou, ao imaginar que provavelmente esse seria o lugar que iria quando partisse de verdade. Mas pelo visto ainda não havia chegado a sua hora. Respirou fundo, buscando retomar o controle. Nenhuma das suas tentativas surtiam efeito, e ela começava a se frustrar.
Bufou, ou teria feito se pudesse, quando conseguiu distinguir pela primeira vez os sons ouvidos.

—Deixa de ser teimoso. São só algumas horas...

—Eu não vou, Tomás. Vou ficar com ela!

Miguel.
Ela tinha certeza. Jamais confundiria a voz que fazia seu coração bater em ritmo frenético.

—Vá chamar o médico! Ela não acorda... Preciso saber se eles estão bem.

Eles? Há mais alguém dormindo?
Questionou-se Sophia, sem entender quem, além dela, poderia ser alvo da preocupação dele. No entanto, antes que pudesse pensar em possibilidades, sentiu sua mão ser segurada, e a respiração dele bem próxima do seu rosto.

Meu amor, acorde! Estou enlouquecendo sem você...

A voz era baixa e sussurrada, mas ainda havia um quê de autoridade que somente ele sabia empregar.
Sophia sentiu-se arrepiar. Era sensual.
E mais do que nunca ela esforçou-se para separar as pálpebras, ficando frustada por não conseguir.

Decidiu dar uma pausa, descansar. Quando ouviu a porta ser aberta, e logo passos aproximando-se de onde estava.

—Porque ela não acorda? Já se passou muito tempo...

Mais uma vez a voz soou ao seu lado preocupada. E Sophia torceu o nariz em desgosto, prestando atenção na voz que provavelmente seria a do doutor.

—É normal em casos como o dela. A dê mais um tempo...

O ouviu dizer, e logo o suspiro longo do namorado. Não gostou. Precisava acalma-lo, achar algum jeito de tranquiliza-lo. A cada segundo ficava mais sonolenta, então teria que ser rápida. Concentrou toda a sua energia, e conseguiu. Mexeu um dedo.

Prendeu a respiração, com medo que ele não tivesse sentido. A ação tinha exigido um esforço enorme, e ela duvidava que fosse capaz de repetir. Mas o alívio a tomou quando ele apertou a sua mão entre a dele.

—Ela mexeu. Eu senti!

—Ela está consciente. Só não está pronta para acordar ainda!

Pouco a pouco foi perdendo os sentidos, entregando-se a escuridão completa, mas com a certeza que tudo estava no seu devido lugar.

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