capítulo 41

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"Os pássaros cantam, e a grama verdinha faz cócegas nos meus pés

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"Os pássaros cantam, e a grama verdinha faz cócegas nos meus pés. O dia está há como muito tempo não ficava. Lindo, ensolarado e fresco.

Mamãe! Mamãe, socorro! — A vozinha fina soa ao longe, e logo me viro alarmada, soltando as flores que colhia no chão.

Com o coração acelerado vejo  o pequeno bolinho cor de rosa correr desajeitadamente, até se grudar nas minhas pernas. Mais do que depressa abaixo-me para acolhe-la em meus braços.

—O papai quer pegar eu! —Diz, e gargalha. —Protege eu mamãe.

Ergo o olhar, e o vejo. O sol ilumina seus cabelos claros, e ele parece ainda mais bonito do que quando o conheci.
As suas feições são leves e relaxadas, enquanto anda lentamente até nós. Do mesmo jeito que eu, ele também não consegue tirar o sorriso bobo do rosto.

Então você está aí... Sua espertinha! —A minha bebê envolve ainda mais forte os braços gordinhos no meu pescoço, e rir. Lanço um olhar travesso para o Miguel, que entende rapidamente.

Hora das cosquinhas!!! —Gritamos juntos, e atacamos a pequena em meus braços. Ela se contorce e gargalha alto. Gritando papai e mamãe várias vezes na sua voz meiga.

Se eu já ouvi algo melhor, não me recordo. Desde o primeiro momento soube que ela era o nosso anjo. Meu e do Miguel. Ela nos fez querer ser os melhores pais do mundo. Vivemos para fazê-la feliz, e acho que estamos conseguindo cumprir bem a nossa missão.

Já para o banho, porquinha! —Diz o meu homem, enquanto carrega a nossa filha, ainda arfante por causa dos risos. Ela reluta, mas ele lhe diz algo baixinho, e ela acaba por bater palminhas.

Os dois se afastam, e eu não consigo desviar o meu olhar, acompanhando até onde posso. Se isso não é felicidade, eu não sei o que é. "

Pisco os olhos, e sinto como se algo me impedisse de realizar esse simples ato. Instintivamente levo a mão até o local, e assusto-me. Ignoro a dor, e abro os olhos abruptamente. Toda minha cabeça lateja, e arfo. Tateando novamente o meu olho, que parece ter dobrado de tamanho.

O meu primeiro instinto é procurar qualquer coisa que reflita minha imagem, mas é óbvio que não encontro. A sala está numa penumbra, que quase impedi-me de enxergar a fortificada porta de ferro.
Tento pelo menos ir até lá, mas por pouco não caio de cara no chão.

O meu tornozelo direito está envolvido por uma corrente de menos de um metro de comprimento, que torna difícil até a tarefa de levantar-me do chão gelado. Fico de joelhos, e torço internamente, antes de levar uma mão até o pescoço. Respirando aliviada ao ver que a corrente ainda está no mesmo.
O chip está apagado, o que me leva a pensar que ainda não foi ativado.

Depressa Miguel, por favor!

Não sei quanto tempo fiquei desacordada, se é dia ou é noite. Aqui dentro tudo parece igual não importa o tempo que passe. Coloco a mão no rosto, assim que fortificada porta de metal é aberta, e a sala é iluminada.
Barulhos de salto ecoam, e eu não estava preparada para o que viria a seguir.

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