capítulo 9

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O jantar seguia tranquilo, conversávamos trivialidades, quando o meu olhar se desviou para a entrada do restaurante, e eu vi alguém que fez o meu humor mudar da água para o vinho

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O jantar seguia tranquilo, conversávamos trivialidades, quando o meu olhar se desviou para a entrada do restaurante, e eu vi alguém que fez o meu humor mudar da água para o vinho. Ela parecia ir para o lado oriental, mas por uma infelicidade do destino nos enxergou, ou, melhor, enxergou o Miguel.

Acompanhei vidrada todos os seus movimentos, e a forma ereta que andava em cima dos saltos altíssimos.
Os seus fios lisos e extremamente negros brilhavam, dando ainda mais ênfase aos seus lábios pintados de vermelho.

—Michelle. —Constatei em voz alta, com a intenção de alertar o homem a minha frente, mas ele não entendeu a tempo, e eu não pude explicar. Ela já havia chego.

Instintivamente ergui o queixo, e não me deixei intimidar pela forma que me olhava. O receio de ser reconhecida durou poucos segundos, e logo a encarava da mesma forma. Intuindo que talvez eu tivesse encontrado uma oponente a minha altura.

—Que prazer te encontrar aqui... Meu amor! —A sua voz extremamente aguda soou, e Miguel nem tentou esconder a careta.

—Infelizmente não posso dizer o mesmo. —Replicou, azedo.

Engana-se quem pensa que isso a abalou. Pelo contrário, Michelle apoiou uma das mãos no seu ombro, e passou a acariciá-lo, deixando-me estranhamente desconfortável com a aproximação.

—Estava por perto, quando vi as notícias... Decidi vim ver quem seria a tal acompanhante que tanto falam.
—Arregalei os olhos, e me espertiguei.
—Admito que estou meio decepcionada... Ela não parece valer o que dizem estar pagando!

A sua audácia me irritou. Enfureceu, na verdade. Já me preparei para uma possível briga, adoraria deixar as minhas marcas no seu corpo novamente. Mas não foi preciso.

—Está enganada, Michelle. Eu não estou pagando, até porque nenhum valor seria o suficiente. —Firme, saiu em minha defesa.
—Está é Sophia, a minha namorada.

O título que ele havia me dado, e que havia sido motivo de uma briga, não mais me incomodava. Na verdade, agora me causava uma satisfação inquietante. Quanto mais ele falava, mais eu queria ouvir.

—Mas que brincadeira é essa? —Após segundos de extremo silêncio, a expressão perplexa de Michelle deu lugar a de pura cólera. —Você não namora. Nunca quis comigo!

—Exatamente. Eu nunca quis com você. -—Sem nem pestanejar, Miguel retrucou. E antes que ela tivesse a chance de voltar a abrir a boca, retornou a falar.
—Faça-me um favor, Michelle. Se respeite e tenha o mínimo de amor próprio. Já deixei mais que claro qual o seu lugar, e não pretendo te humilhar mais.

Vi os punhos da mulher se fecharem, e o seu rosto adquirir uma coloração avermelhada, tal como os seus lábios.

—O que mudou, Miguel? Até ontem não era isso que você costumava me dizer... Sempre aceitou tudo que te dei. E parecia adorar os nossos momentos. —Olhou de soslaio para mim, e continuou. —Os beijos, as carícias, as intensas noites...

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