Despedidas

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Em uma escala de zero a dez, qual era o nível da dor da traição? Bem, poderia parecer irônico, mas essa dor era um onze.

Ou seja, acima da escala.

Mas apesar disso, Millie não conseguiu derramar nenhuma lágrima sequer, porque ela conseguiu transformar a sua tristeza e decepção toda em raiva. A garota ainda se encontrava num estado indescritível, ela não sabia se aquilo tinha sido real, ela parecia estar dentro de um pesadelo, ou pior, vivendo um medo que ela sempre teve; ser traída por uma das pessoas que mais amava. De todas as coisas horríveis que ela já imaginou acontecer com ela mesma, tinha que admitir que ser traída daquela forma não estava na lista, ainda mais se tratando de Finn Wolfhard, o garoto que sempre se mostrou bom e com caráter, até mesmo seu pai pensava isso, essa atitude foi realmente surpreendente. Afinal, estavam enganados esse tempo inteiro, ele não tinha caráter nenhum, não tinha comprometimento e não tinha um pingo de consideração por ela ou por seus amigos, e isso ficou bem claro quando ele decidiu pegar justo a garota que fez das férias deles um grande inferno.

Millie no entanto tinha sua consciência limpa, nunca esteve de más intenções com o namorado, nunca sequer olhou para outro enquanto estava com ele, e levava a sério o amor que eles tinham um pelo o outro. Se bem que agora, ela duvidasse de que um dia Finn a amou. Com todos esses pensamento, ela chegou a conclusão de que era uma garota incrível, de caráter formado e comprometimento, sendo assim, ela era boa demais para Finn e ele de fato, não a merecia, então obviamente se proibiria de chorar por ele, porque ele também não merecia as suas lágrimas.

No meio do corredor, ela teve que dar uma parada, seu estômago começou a revirar e ela sentiu-se estranhamente enjoada, parecia que iria vomitar. Resultado de muitas emoções causadas por um garoto idiota. Sua cabeça latejou quando escutou alguém correndo atrás dela e só piorou quando escutou aquela voz.

-- Millie? -- Finn chamou meio ofegante pela corrida. -- Você pode me escutar?

A britânica sentiu vontade de rir da coragem dele de querer se explicar.

-- Fala logo. -- Ela disse virando-se para ele.

-- Eu sinto muito, muito mesmo. -- Ele tentou se aproximar mas a garota fez sinal para que ele parasse ali mesmo. -- Aquele beijo não significou nada pra mim, você tem que acreditar.

-- Eu acredito. Você só fez aquilo por curiosidade, não é mesmo? Ou ela te obrigou? Foi isso? Ela te chantageou pra você beijar ela? -- Millie falava como quem estava com dó, mas Finn conseguia sentir que cada palavra que saía da boca dela, eram palavras carregadas de ironia e sarcasmo.

-- Você quer a verdade? -- Ele perguntou, seu coração doía porque a verdade era cruel e nem ele queria aceitá-la.

-- Por favor, pelo menos uma vez na sua vida me diga a verdade.

-- Certo, Elena me beijou e eu correspondi, eu admito isso. -- Millie conseguia escutar as batidas fortes do próprio coração, e a vontade súbita de vomitar só piorava. -- E eu fui um estúpido porque eu sabia o que eu estava fazendo, ela não me obrigou a nada. Mas Millie, aquele beijo não significou nada, porque não é ela que eu amo, ela não é você.

-- E você acha que suas palavras bastam? Você me traiu! Você me desrespeitou de uma forma que eu não tenho nem como descrever. -- Millie falava com raiva. -- Você não faz ideia de como eu estou me sentindo agora...

-- Mil...

-- Cala a boca! -- Ela gritou, não querendo dar a oportunidade para ele falar. -- Eu me sinto usada, me sinto insignificante, como se eu fosse só mais uma pra você.

-- Mas isso não é verdade! E você sabe disso. -- Finn então se aproximou.

-- Eu sei disso? -- A garota riu e também se aproximou. -- Aquela noite na praia, eu perguntei se você tinha certeza de que não sentia nada por Elena, e você mentiu olhando nos meus olhos.

Cachos | FillieOnde histórias criam vida. Descubra agora