Capítulo 8

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Foi questão de Changkyun abrir a porta dos funcionários para Hyungwon ir em cima dele, com cara de desespero e possivelmente à beira de perder a alma, o puxando para dentro. Kihyun correu atrás.

Ainda bem que você chegou! Eu estou completamente enrolado aqui, tem cliente querendo me matar! — Disse Hyungwon, eufórico.

— Então admite que não consegue dar conta sozinho? — Changkyun sorriu convencido.

— Quem estava sozinho nesse bar até agora era eu, para a sua infor- o que ele tá fazendo aqui? — Hyungwon enfim notou a presença de Kihyun, que olhava ao redor de tudo um tanto perdido, parcialmente vislumbrado com o estoque aparentemente infinito das mais variadas garrafas de bebida alcoólica.

— Eu o trouxe. — Changkyun comentou enquanto colocava o avental preto e dobrava as mangas da camisa social branca, pregando seu crachá.

— Se o chefe vê-lo aqui, vai arrancar nossos miolos e fazer sopa com eles, sabe disso, né?

— Ele está aqui hoje?! — Changkyun arregalou os olhos.

— Está, e não está nada satisfeito com o baixo rendimento. — Hyungwon disse, enxugando o suor da testa e pegando duas garrafas de vodka no armário posterior. — Acho melhor você ir logo naquele balcão preparar margueritas.

E assim ele saiu, gritando que só ia atender a todos uma vez que se organizassem. Changkyun e Kihyun se olharam.

— Bom, então, temos sofás atrás daquela porta, você pode ficar ali se quiser, mas se quiser ficar pelo bar também pode. Apenas não beba, okay? — Kihyun assentiu ao pedido. — Tenho que ir.

Changkyun hesitou se deveria fazer algum gesto de despedida, mas acabou só sorrindo e saindo pela porta onde Hyungwon passou, gritando algo.

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Kihyun se perguntou se era porque estava bêbado no dia e não percebeu, ou se aquele cheiro terrível de álcool sempre esteve ali. Mas não era só o álcool. Era algo mais. Nicotina e miséria. Ele com certeza ia perguntar a Changkyun como ele aguentava passar horas de sua vida ali. O bar era grande, provavelmente até maior que o famoso pub que Kihyun fora uma vez em Hongdae. Ele andava se espremendo entre a multidão, cego pelas luzes coloridas, quase se contorcendo para não esbarrar em ninguém mas sendo esbarrado por absolutamente todo mundo. De repente os sofás dos funcionários pareceram muito convidativos.

Decidido a voltar para lá, Kihyun refez seu caminho. Entretanto, naquela confusão de gente bêbada, ele teve certeza que sentiu alguém agarrando sua bunda com força, fazendo com que parasse no caminho. O autor do caso era um homem bem mais velho, que o chamou de algo parecido com gostosinho. De todo modo, Kihyun ficou assustado demais para responder qualquer coisa, e com sorte conseguiu despistar o sujeito. Ele apressou o passo até o balcão onde sabia que encontraria Changkyun. 

Quando sentou-se, uma voz muito familiar entrou pelos seus ouvidos.

— Sabia que te encontraria aqui, gracinha.  — O coração de Kihyun falhou algumas batidas. Mas não era felicidade.

Ele se virou, enxergando com clareza a pele pálida e os cabelos negros bem aparados. As luzes coloridas mudaram para um tom roxo azulado, tornando as feições do homem a sua frente quase fantasmagóricas. Ele dispunhava uma fileira de dentes com um sorriso frio. Kihyun sentia um grande vácuo em sua garganta, impedindo o ar.

— Y-Youngho?

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