Capítulo 15

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Os olhos arregalados de Kihyun entregaram o quão pego de surpresa ele foi. Ele até achou que estava sonhando, mas a mão de Changkyun segurando seu rosto e a pressão que ele fazia contra seus lábios era como um puxão para a realidade. Uma vez que assimilou a situação, ele nem pensou duas vezes antes de fechar os olhos e colocar suas mãos na nuca do outro, retribuindo o beijo, abrindo a boca devagar até que se transformasse em um ósculo de verdade e eles estivessem além da gravidade terrestre. A boca de Changkyun ainda tinha um singelo gosto de açúcar. Eles se beijaram lentamente, sem pressa de conhecerem um ao outro.

Só se separaram quando ambos pulmões já não aguentavam mais a falta de oxigênio e mesmo assim ainda fizeram questão de darem selinhos um no outro entre suas ingestões de ar. Changkyun passou a língua nos lábios dele antes de se afastar, ainda um tanto sem fôlego, sentindo-se bêbado sem sequer ter ingerido álcool e olhando para Kihyun como se quisesse assegurar que ele estava realmente ali, que aconteceu.

Kihyun por sua vez ainda não sentia totalmente a gravidade em seu corpo e se agarrava à corrente do balanço como se pudesse sair voando sem ela, enquanto corria os olhos pelo rosto de Changkyun e sentia o coração doer com um sentimento esmagadoramente ótimo. Ele queria dizer muita coisa e ao mesmo tempo queria ficar em silêncio para sempre, como se qualquer palavra bastasse para o momento se quebrar com o som de um despertador. Mas não ia. Ele tinha beijado Changkyun de verdade.

Esse longo momento que ambos tomaram para se recompor foi enfim quebrado com a fala de Changkyun, que milagrosamente tinha conseguido recuperar sua noção.

Eu gosto de você. — Foi o que Changkyun disse, fazendo o coração de Kihyun se aquecer.

— Eu também. — Kihyun respondeu baixo, como se contasse um segredo.

— Gosto mesmo de você.

A frase que por si já era bonita, agora estava triplamente mais majestosa saindo de Changkyun, que falava com o coração e Kihyun sentia isso. Ele também sentia que poderia explodir e chorar com a felicidade genuína que estava sentindo no momento, a paz, a segurança, e tudo devido ao garoto em sua frente; seu anjo, que sentia o mesmo por ele.

— E eu também gosto mesmo de você. — Assumiu.

Um sorrisinho se formou no canto dos lábios de Changkyun até que gradativamente se tornasse uma fileira de dentes. Ele se levantou do balanço e se colocou abaixado na frente de Kihyun, segurando as mãos dele e o olhando nos olhos como se tivesse acabado de encontrar El Dorado.

— Quero ficar ao seu lado, Kihyun.

— Eu também. — Kihyun respondeu, beijando as mãos dele. — Mas não devemos apressar o tempo em nada, está bem?

— Confio em você.

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Demoraram um certo tempo até aceitarem que não teria trem que os esperaria decidirem que já estava bom de ficar de chamego, por isso, pegaram as malas e foram embora de mãos dadas. No metrô, os dois acabaram dormindo novamente e por sorte o barulho das pessoas indo embora os acordaram uma estação antes. Ao chegarem em Incheon, no apartamento, tomaram um banho e depois Changkyun ajudou Kihyun a arrumar as coisas no espaço vago que tinha em seu armário.

— Finalmente! — Kihyun suspirou quando fechou a última gaveta. — Muito obrigado pela ajuda, Chang.

— Que isso, era o mínimo. — Changkyun sorriu. — Já está bem tarde, o que acha de irmos dormir?

— Apoio. Meus olhos já estão até ardendo. Bom... boa noite, então?

— Boa...

Quando Kihyun ameaçou girar os calcanhares para ir para a sala, a mão de Changkyun envolveu seu pulso e ele se virou, confuso, com uma das sobrancelhas franzida e a outra arqueada.

— Você... quer dormir aqui?

— C-Com você? — Não era para ser algo muito importante uma vez que já tinham dormido juntos antes, mas depois daquele beijo, Kihyun sabia que tudo seria muito diferente.

— A m-menos que você não queira, é claro. — Changkyun se atrapalhou, de repente inseguro.

— Eu quero, quero sim.

Changkyun sorriu e suspirou, aliviado. Seria muito vergonhoso se caso Kihyun negasse seu pedido. Ele pegou mais um cobertor e se jogou na cama, fazendo sinal para Kihyun se juntar a ele e desligar a luz do quarto. Quando deitaram-se os dois, colocaram-se um de frente para o outro, com apenas a luz do abajur noturno de Changkyun iluminando fracamente.

— Obrigado por tudo. — Kihyun sussurrou, porque estavam perto.

— Hm? O que quer dizer?

— É que eu fiquei pensativo... é simplesmente muito raro encontrar pessoas como você, Chang, que mal sabia meu nome e mesmo assim prontamente me acolheu em sua casa. Eu tenho certeza que se fosse qualquer outra pessoa, teria me expulsado do estabelecimento e sequer perguntado de onde eu vim. Você é muito especial.

— Eu... uau, droga, você me deixou emocionado. — Os dois riram e Changkyun respirou fundo. — Eu sei que faria isso por qualquer um, mas desde o momento em que eu te vi no bar, eu senti algo a mais, sabe? Hyungwon até brincou dizendo que eu estava interessado em você, eu neguei, mas era a mais pura verdade. Pode parecer bobo, mas eu acho que estávamos destinados a nos conhecer.

Kihyun levou os dedos ao rosto de Changkyun, deslizando-os ali sem pressa, como se todo o mundo tivesse parado apenas para que eles tivessem aquele momento.

— Eu estava sem esperança alguma e mesmo assim você conseguiu reviver em mim o que eu nunca pensei que recuperaria: minha força. Você abriu meus olhos para o abuso que eu sofri e me salvou de ter que voltar a sofrer. Você me salvou.

Changkyun não conseguiu encontrar palavras para responder. Seus olhos estavam marejados e ele escondeu o rosto no peito de Kihyun, o abraçando apertado e sendo retribuído, os dois bem juntinhos um do outro. Seus corações batiam rápido e aqueciam ambos corpos com um sentimento muito bom. Eles se olharam e como se uma força muito maior estivesse presente, juntaram os lábios novamente.

Que o mundo ficasse parado mais um pouco.

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