Capítulo 22

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Quando voltaram para o apartamento, já passava das onze da noite e tudo que eles queriam era dormir. Kihyun lamentou ter perdido a pizza que Changkyun trouxe e prometeu ensiná-lo um método de requentar que faria a pizza voltar a seu estado mais fresco possível. No momento, disse Changkyun, só precisamos de um banho. E de cama. Mas amanhã você pode me ensinar direitinho essa sua mágica.

Eles tomaram banho juntos e foi tudo muito lindo. Lavaram o cabelo um do outro e brincaram com espuma e Changkyun deixou Kihyun esfregar suas costas se pudesse esfregar as dele em retorno. Secaram um ao outro depois disso e, depois de se vestirem, Changkyun ofereceu secar o cabelo de Kihyun.

— Porque eu sei que você fica doente muito fácil e minha mãe costumava dizer que "dormir de cabelo molhado é acordar resfriado".

Então de volta ao banheiro Kihyun aceitou ter seu cabelo seco e escovado pelas mãos tão sempre gentis de Changkyun. Ele observava-o pelo espelho. A expressão serena, mas concentrada, levando muito a sério o dever de não deixar escapar um fio molhado sequer. Kihyun não conseguia controlar os sorrisos quando estavam juntos e deixou uma risada se perder no barulho do secador quando Changkyun apontou o vento para o próprio rosto, de palhaçada, e fez uma careta.

— Estou com tanto sono que poderia morrer aqui mesmo. — Kihyun disse, de olhos fechados, quando enfim se deitaram, abraçando Changkyun pelo pescoço de um jeito meio torto. — Adeus, meu amor.

— Oh não! — Changkyun entrou na brincadeira, erguendo o corpo de Kihyun em uma posição dramática. — A quem poderei recorrer para encher o meu peito de felicidade novamente, agora que meu anjo se encontra caído?

Kihyun arregalou os olhos e se aprontou em dizer: — Anjo caído ainda é vivo. Não vai procurar ninguém. — Ele se sentou de frente para Changkyun, aproximando-se de seu rosto. — Até porque não vai achar.

Se beijaram. Changkyun ainda tinha gosto de pasta de dente e o cheiro de seu shampoo preenchia o nariz de Kihyun, porque ele não tinha secado o cabelo e ainda estava muito úmido. Eles tinham adquirido o hábito de se beijarem em uma espécie de abraço que sempre gerava vapor — ou assim parecia — entre seus corpos. Changkyun era quente e Kihyun não queria soltá-lo nunca mais.

— Acho que eu te amo. — Kihyun sussurrou mais para si, percebeu que acabou falando em voz alta e olhou para Changkyun de maneira apreensiva.

Changkyun o agarrou de novo. Olhou em seus olhos, a mão direita dele prendendo seu queixo para não desviar. Estava fervendo.

— Repete.

Kihyun se tornou um incêndio. — Eu amo você.

— Eu amo você. — Ele disse de volta e tudo explodiu ao redor deles como uma supernova. O amor era uma coisa tão velha e ainda assim tão recente. Kihyun já foi noivo, mas só havia amado agora. Só agora a honra da palavra amor fazia peso em seus lábios e acelerava seu coração e tinha nome, sobrenome e formato. Amor era o homem a sua frente que o agarrava nos braços e incendiava sua vida. Amor era Changkyun.

— Você ficou assustado mesmo quando não me encontrou aqui? Pensou que tinham me levado de você?

— Um pouco disso. Imaginei as piores possibilidades. — Changkyun sussurrou, lembrando-se do frio que se apossou de seu corpo quando chegou em casa e não viu um traço de Kihyun sequer. Era como se o chão tivesse aberto embaixo de seus pés. — Foi como uma grande sombra me engolindo.

— Não se sinta assim nunca mais. Pode ficar seguro que ninguém vai me tirar de você, Chang, okay? Eu mesmo não vou deixar. — Kihyun acariciou o rosto dele. — Porque agora eu pertenço. E demorou muito para eu entender o que é me sentir assim, talvez seja a primeira vez. Graças a você.

Os olhos de Changkyun se encherem d'água. Kihyun passou a perceber o quão emotivo ele conseguia ser e quão bom ele era em esconder esse seu lado. Porém, em momentos como aquele, quando estavam sozinhos perdidos um nos braços do outro, era como se Changkyun despisse sua alma e deixasse Kihyun ver tudo que ele preservava dentro de si.

— Fico muito feliz de saber que consigo fazer você se sentir assim. Mesmo depois de tudo... eu ainda consigo ser um lugar que te faz pertencer. — Ele enxugou os olhos antes que começasse a escorrer. — Acho que você também me faz pertencer, Kiki.

Eles deram um beijo lento um no outro. Kihyun enfiou as mãos por baixo da camisa de Changkyun e acariciou suas costas nuas, sorrindo ao senti-lo arrepiar-se.

— Uma das mil perguntas de Minhyuk foi se estávamos namorando, sabia. — Kihyun murmurou no ouvido dele. — O que você acha?

— Acho... acho que estamos. — Changkyun sorriu com o coração batendo forte. — Se você aceitar, daqui em diante serei seu para toda vida.

Kihyun pensou que pudesse chorar ali mesmo, mas controlou suas lágrimas intermináveis. O tempo parou. Tudo era noturnos de Chopin e asas de borboletas caramelizadas e furacões de primavera e todas as ressacas marítimas perigosíssimas em que os dois estavam mergulhando. Ele colocou as mãos no rosto de Changkyun e não encontrou palavras o suficiente. Os dois começaram a rir em pura felicidade.

— Sim, Changkyun. Eu aceito. De agora em diante, também sou seu para toda vida.

Não lembraram quando caíram no sono, mas acordaram de mãos entrelaçadas, como um nó feito pela vida que não poderia ser desfeito enquanto houvesse amor. Se dependesse deles, talvez nunca mais deixasse de haver.

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