Capítulo 4

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Changkyun cedeu sua cama para Kihyun cochilar por mais algumas horas e talvez melhorar um pouco da coluna. A ideia de ter a companhia alguém o fez sentir estranhamente ansioso, porque era a primeira vez em muito tempo que ele de fato conhecia uma pessoa nova. Quando Kihyun acordou, a tarde, perguntou timidamente se seria possível que ele tomasse um banho. Changkyun obviamente não recusou e ainda o emprestou uma toalha.

Enquanto esperava que Kihyun saísse do banheiro, foi checar suas mensagens.

Wonie
| Changkyun você não vai acreditar.
| Eu. Hoseok. Namorando. Enfim.
| Foi praga sua e eu tenho CERTEZA!

Changkyun
Ora ora |
Quem diria né? |
Eu, por exemplo, jamais |

Wonie
| Você é ridiculo
| Resolveu seu problema ontem?

Changkyun
Sobre isso... |

Wonie
| Aposto que encontrou o do Soju e levou ele pra sua casa

— Changkyun? Acho que me deu uma toalha de rosto! — Kihyun gritou do banheiro, a voz abafada pela porta.

— Sem problemas, já estou indo! — Gritou de volta, digitando um pouco mais rápido.

Changkyun
E quem faz praga sou eu?? |
Bom, sim, ele veio pra cá... ontem a emergência
era ele |
Mas isso eu vou te contar depois. Preciso ir! |

Wonie
| Eu acho bom que você me conte mesmo!

Ele bloqueou o celular e correu para pegar uma toalha de corpo para Kihyun, que a essa altura já tinha desligado o chuveiro e só estava o esperando. Deu dois toques na porta do banheiro.

— Kihyun, sua toalha. Desculpe a confusão. Eu sou muito desatento.

Kihyun abriu uma fresta na porta suficiente para que passasse sua mão e às cegas ele procurou pela toalha, acabando por agarrar a mão de Changkyun invés do objeto felpudo. Os dois ficaram em silêncio com a timidez respondida por seus subconscientes. Recomponha-se, você não tem 15 anos, pensou Changkyun. Ele então guiou a mão que agarrava a sua até a toalha. Kihyun agradeceu tão baixo que sua voz sumiu antes que fechasse a porta.

E Changkyun ficou parado, encarando a porta, pensando o que tinha sido aquilo.

— Obrigado por... me emprestar. — O vapor quente invadiu o corredor como uma grande sauna assim que Kihyun abriu a porta, com a toalha amarrada na cintura e os cabelos pingando gotas que escorriam pelos ombros. Changkyun evitou olhar muito para o torso desnudo, mas reparou manchas escuras em certas regiões que ele não soube dizer o que poderiam ser, mas que definitivamente doeu para adquiri-las.

— Ah, não... não tem de quê. — Changkyun sentiu os próprios olhos caindo em direção ao torso de Kihyun novamente e, vermelho, desviou o rosto. — Eu vou procurar algo pra você vestir.

[ > ]

A sorte era que eles tinham literalmente a mesma altura, e o azar era que Changkyun tinha um hábito terrível de comprar roupas maiores que ele. Mas não pareceu ser um problema. Kihyun, pelo menos, não demonstrou estar contrariado quando vestiu o blusão azul claro que lhe foi emprestado. Já estava caindo a tarde quando Changkyun recebeu mensagem de sua irmã o convidando para jantar no restaurante dela.

— O que acha de sairmos para jantar algo reforçado?

— Eu não...

— Não se preocupe com dinheiro, você é meu convidado. — Changkyun sorriu para ele.

Kihyun ainda pareceu relutante, mas acabou aceitando; no entanto, ele fez Changkyun prometer que iriam ao banco para que ele pudesse sacar algum dinheiro para si. O caminho foi tranquilo, eles estranhamente desenvolveram certa amizade para que não houvesse desconforto quando o assunto faltasse. E Kihyun parecia gostar bastante de música, porque foi cantarolando todas que tocavam no rádio.

Passado certos minutos em silêncio, Kihyun decidiu puxar conversa.

— Há quanto tempo você trabalha no bar?

— Acho que um ano e meio. Honestamente, nunca parei para contar exatamente. — Changkyun respondeu, abaixando o volume do rádio. — E você? Trabalha com algo?

— Bom, eu sou diretor de uma galeria de artes. Ou era. Não sei. Meu ex noivo era o dono, sabe. — Kihyun deu uma risadinha apenas para amenizar o peso da situação.

— Ah, então você curte arte? Era a matéria que mais pegava no meu pé durante o colégio. — Changkyun também não queria direcionar o assunto para o tal ex noivo.

— Eu amo. — Os olhos de Kihyun brilharam junto de seu sorriso. — Acho que eu não conseguiria trabalhar com outra coisa se não com isso. Eu costumava passar o dia na galeria.

— E você sabe desenhar?

— Se bonecos de palito contarem, sim, eu desenho muito bem.

Changkyun não pode evitar soltar uma risada.

[ > ]

O resto do caminho foi agradável. O restaurante da irmã de Changkyun ficava um pouco afastado de onde morava, então eles puderam se conhecer um pouco mais no caminho. Changkyun descobriu que Kihyun era um grande fotógrafo amador, gostava de tudo organizado e bebia muito café. Ele gostaria de ter tido um dia inteiro para conhecer muito além, mas eles já haviam chegado.

O restaurante era consideravelmente grande e com certeza chamava atenção de quem estivesse passando. Changkyun contou que sua irmã era uma cozinheira de mão cheia desde a adolescência e abrir um negócio foi questão de tempo. Hoje, seu restaurante era conhecido por ter o melhor ensopado de tofu apimentado da cidade. "Todo mundo que vem a Incheon precisa experimentar, ou ao menos é o que os blogs dizem", Changkyun contou.

Quando entraram, foram imediatamente recebidos por uma garota alta, de cabelos enrolados e pele acobreada, compartilhando de ambos traços ocidentais-orientais. Ela usava um terno elegante e tinha um sorriso daqueles.

Maninho! — Ela agarrou as duas bochechas de Changkyun, que reclamava, e só as soltou quando percebeu a presença Kihyun. — Arrumou um namorado?!

— Sophia! — Changkyun protestou.

— Oh, não! Não, eu... sou apenas um amigo novo de Changkyun. — Kihyun se atrapalhou, rindo sem graça. — Prazer, sou Yoo Kihyun. — Ele estendeu a mão.

— Ai, meu Deus. Desculpa. Interpretei mal. Sou Sophia Lim. — Ela sorriu e apertou a mão de Kihyun. — Por favor, me acompanhem.

Eles a seguiram pelo restaurante que ainda estava se enchendo, e sentaram-se em uma mesa dos fundos que ficava ao lado de uma grande janela. Changkyun comentou algo sobre ser seu lugar favorito ali.

— Me desculpem, mas hoje não vou poder acompanhar vocês. O idiota do Taehyun quebrou a máquina de cartão de crédito e está tudo uma confusão. — Sophia suspirou, revirando os olhos castanhos. — Mas por favor aproveitem a comida! Foi realmente um prazer te conhecer, Kihyun.

Assim, ela deixou a mesa, e Changkyun olhou para Kihyun com um leve sorrisinho.

— Bom, o que vai querer?

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