Capítulo 17

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Foi tudo tão rápido que Kihyun até se assustou; uma hora ele estava distraído com os arredores do museu enquanto esperava Changkyun, noutra ele estava sendo arrastado pelo braço por este entre as pessoas na rua. Sem noção de quanto tempo passaram dentro do museu, não soube dizer quando o céu tinha se fechado totalmente, dando indícios da chuva prometida.

— Changkyun? — Quando Kihyun finalmente conseguiu acompanhar o passo apressado, disse. — O que aconteceu? Tá tudo bem?

Mas Changkyun não respondeu nada. Seus olhos estavam focados em linha reta como se um furacão estivesse passando por dentro deles. Kihyun já estava ficando nervoso com toda aquela gente vindo pra cima deles uma vez em que estavam andando na contra mão, e a falta de explicação não melhorava nada a situação. Mas Changkyun não tinha culpa. Em sua cabeça só havia a voz de Youngho e suas palavras sujas. O medo crescia em seu corpo e se arrastava por todos os lugares como um parasita contagioso; como ele poderia dormir depois de saber que aquele louco planejava causar ainda mais mal a Kihyun?

— Lim Changkyun! — Kihyun ergueu a voz, girando o pulso em uma manobra que o soltasse das mãos do outro e eles parassem de andar. Changkyun olhou para ele muito pálido. — Eu preciso que me explique o que está acontecendo.

— Eu prometo que vou, mas não agora. Precisamos ir para casa. — O tom de Changkyun era sério e sombrio. Um trovão estremeceu nos céus a medida em que as nuvens escureciam e se acumulavam acima deles.

— Eu acho bom que me explique mesmo. — Eles voltaram a andar, dessa vez juntos.

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A chuva caiu pouco depois que eles entraram no apartamento; as gotas de água batendo nas janelas e escorrendo por elas como uma dança. Kihyun fez chá gelado para ver se conseguia relaxar um pouco Changkyun, que roía as unhas enquanto sentado no sofá, o olhar fixo em outros paralelos. Quando entregou o copo a ele, este mal conseguiu segurar de tão trêmulo que estava. Kihyun tomou de volta e o pôs na mesa de centro.

— Alguém colocou um revólver na sua cara dentro do banheiro? — Queria Kihyun ter falado de brincadeira, mas ele realmente cogitou aquilo.

— Ah, quem dera se fosse comigo que eu estivesse preocupado.

Kihyun engoliu a seco e sentou-se ao lado dele, segurando as mãos dele como gostavam de fazer, especialmente em situações de tensão.

— Chang, meu bem... — Kihyun colocou a mão no rosto dele, o virando para se olharem. Ele fez carinho na bochecha dele com o polegar. — O que aconteceu?

— Ouvi Youngho no banheiro. — Ele disse, ainda sentindo calafrios. — Ele estava em uma das cabines falando com um tal Taeyong que estava esperando que nos afastássemos para fazer você "pagar".

As palavras atingiram Kihyun com uma onda de temor horrível. É claro, ele sabia que as coisas não seriam tão simples; ele não iria simplesmente buscar suas coisas e sair definitivamente de casa e esperar que tudo ficasse bem de novo. Não era assim que funcionava com Youngho.

— Você... acha que ele reparou que peguei as coisas? E por isso ficou irado?

— Eu não sei, mas acredito que possa ser uma opção. Eu estou com medo, Kihyun. — Confessou. — Nós não sabemos nem da metade do que ele é capaz, do que aquela mente doente dele pode tramar, você entende isso? Eu não quero que ele te machuque de novo. Nunca mais.

Kihyun sentiu um bolo em sua garganta com algo muito corrosivo, e de repente não conseguiu mais falar. A ideia de ter que voltar àquela prisão de quatro paredes com Youngho lhe destruindo de todas as maneiras o deixava em pânico. Ele de repente começou a sentir seu batimento cardíaco acelerar, tornando difícil de respirar.

— Kiki? — Changkyun tentou ajudá-lo quando percebeu que ele definitivamente não estava bem. Kihyun lembrou-se dos exercícios de respiração e conseguiu se acalmar aos poucos.

— Desculpa, eu acabei me lembrando das coisas e fiquei apavorado. — Ele disse uma vez que estava mais calmo, olhando novamente para Changkyun. — Olha, Chang, eu infelizmente conheço Youngho. Ele acha que é o dono do mundo e que pode fazer o que quiser, sempre foi assim. Ele é um mimado que sempre teve tudo a seus pés, inclusive pessoas; fora que eu sempre fui o depósito de estresse dele, então agora ele não tem mais ninguém e deve estar surtando com isso. É provável que isso tudo seja apenas uma grande birra.

— E se não, Kihyun? E se ele realmente estiver com sede de vingança?

— É uma ideia assustadora que não pode ser descartada, mas ele, bem ou mal, é um homem de posses e poder, e não vai querer botar tudo a perder apenas por uma vingança sem sentido. — Kihyun não estava exatamente confiante sobre isso, mas preferia acreditar mesmo assim. — Não há com o que se preocupar, amor.

Changkyun ainda não tinha se dado por vencido, mas sabia que seria inútil remoer aquilo por mais tempo. Ele suspirou.

— Espero que não. Mas isso não vai deixar de me preocup-

Kihyun o beijou antes que pudesse terminar de falar, seus lábios se encostando suavemente e mexendo-se sem pressa.

— "Ele não é digno de ocupar seus pensamentos", lembra? — Kihyun disse quando se separaram. — Tente esquecer isso, okay? — Changkyun murmurou um "okay" e sorriu, voltando a beijá-lo.

Soou mais um trovão lá fora e eles aprofundaram o ósculo, transformando-o em um beijo francês, mas algo estava mudando a medida em que agarravam mais um ao outro, Changkyun segurando as pernas de Kihyun até que ele estivesse totalmente por cima dele e soassem mais estalos pela sala. Separaram-se e um olhar foi suficiente para que Kihyun voltasse a juntar os lábios dos dois, como se necessitasse daquilo mais do que ar.

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