Capítulo 19

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O estabelecimento onde Changkyun trabalhava se dividia entre turnos diurnos e noturnos. Durante o dia, serviam aperitivos e a única bebida permitida era cerveja. Já durante a noite, todo tipo de bebida era liberado, mas isso apenas a partir das 20h. Por isso, definitivamente Youngho não havia se embebedado ali, e pensar que ele teve o trabalho de dirigir alcoolizado de um lugar até o outro só para falar com Changkyun o deixava enjoado.

Ele ainda se opôs mais algumas várias vezes à ideia de Kihyun acompanhá-lo até lá. Não queria que Kihyun ficasse perto daquele canalha de novo. Não queria que ele se lembrasse de tudo que passou e não queria ver aqueles olhos de pânico nunca mais. Mas não tinha quem fizesse Kihyun desistir, e no final, lá estava ele. Sentado no banco de carona com a expressão tão calma como se estivessem indo ao shopping.

— Você está muito calmo considerando o que está por vir — Changkyun mencionou, rindo nervosamente. Ele apertava o câmbio do carro com certa força.

— Acho que eu estaria mais tenso se estivesse sozinho. — Kihyun ponderou. — Mas eu não estou mais.

Kihyun não viu, mas Changkyun sorriu com a fala dele.

Ele não se importou em estacionar o carro corretamente já que o estacionamento de funcionários estava desértico. O breve momento de calmaria foi logo substituído por uma avalanche de revolta em seu coração à medida que se aproximava da entrada do bar, batendo os pés, Kihyun atrás dele repetindo que ele não deveria fazer e nem dizer nada estúpido, pedindo que não deixasse os sentimentos subir-lhe a cabeça. Mas não bastava.

Lá dentro, a cena era pior do que imaginavam: de pé, protestando com Joohyun aos gritos, estava Seo Youngho, e ele continuava exatamente do mesmo jeito que Changkyun se lembrava — um homem arrogante, metido, com cara de quem achava que era dono de tudo, uma presença esmagadora que corrompia as estruturas e ameaçava despencar com qualquer mínimo movimento.

Antes que Kihyun pudesse perceber, antes que Hyungwon estacionasse seu carro e corresse para dentro do bar para intervir no que quer que pudesse acontecer, Changkyun já estava agarrado na gola da camisa social de Youngho, furioso, imparável. Joohyun saiu correndo para longe e se enfiou atrás do balcão.

— O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou. Pela primeira vez Kihyun o ouviu elevar o tom daquele jeito.

— Olha quem apareceu! — Youngho sorriu de um jeito debochado. Estava bêbado. — E ainda trouxe a dondoca. Não são um belo par? — Ele olhou para Kihyun.

— Eu vou repetir: O que você tá fazendo aqui? — Changkyun o soltou num empurrão, Youngho cambaleou dois passos para trás e se manteve de pé de um jeito torto.

— Vim terminar nossa conversa do outro dia, não é óbvio?

Changkyun riu. Não podia acreditar. Youngho simplesmente não tinha escrúpulos. Como tinha coragem de estar ali, de pé, depois de tudo que fez com Kihyun e sabe lá a quantas mais pessoas também? Ele não era humano.

— Não temos nada para conversar. A única coisa que temos a tratar é o motivo de você ainda não ter dado o fora daqui antes que eu chame a polícia.

— Vá em frente, chame a polícia! — Youngho se sentou, cruzando as pernas com um sorriso. — Quem será que vai com eles? O pobre noivo a procura de seu amado, ou o psicopata que o manteve em cárcere privado no próprio apartamento?

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