Capítulo 16

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Duas semanas depois.

Nas últimas semanas da primavera, um dia atípico fez com que toda Incheon sofresse com ondas de calor absurdas, como se o verão tivesse se adiantado. Não havia uma nuvem sequer, o céu tão azul que doía os olhos e o sol reluzindo como mil cristais. E dito tais circustâncias, ficar em casa era simplesmente insuportável. A única parte fresca do apartamento era o chão e estava sendo difícil passar o dia todo deitado ali, então, eles decidiram que iam sair — estava ainda pior do lado de fora, mas pelo menos havia lojas com ar condicionado e cortinas de vento.

No momento, Kihyun passava protetor solar no rosto de Changkyun enquanto este reclamava sobre a textura como se fosse criança. Quando finalmente acabou, avistaram uma loja de smoothie do outro lado da calçada e como se de repente as portas do Céu tivessem sido abertas, atravessaram a rua rapidamente. Deu certo trabalho para encontrarem uma mesa pois a loja estava totalmente tumultuada (provavelmente pelo ar condicionado), mas enfim, com muito custo, conseguiram se sentar.

— Meu Deus, Ki, acho que deveríamos ter ficado em casa. — Changkyun disse. A franja dele estava presa para trás com um grampo enquanto ele limpava o suor das têmporas com guardanapos.

— Com aqueles ventiladores mixurucas? Você tá é doido. — Kihyun dobrou as mangas da camisa. — Vi no clima tempo que deve chover ainda hoje. Verão chegando, você sabe.

— Eu duvido que vá. Mas chega de falar sobre o tempo. O que você vai querer?

Eles acabaram decidindo por dois smoothies de morango e concordaram em continuar andando uma vez que estivessem terminados.

— O que você acha de irmos visitar o Museu de Arte de Songam? Eu acho que fica na próxima quadra daqui. — Kihyun sugeriu.

— Claro! Acredito que tenha um Game Center na mesma região do museu, podemos ir lá jogar um pouco depois.

— Fechado!

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Kihyun uma vez questionou a si mesmo se era muito estranho ele gostar tanto de trabalhar, mas concluiu que seu estranhamento era porque ele, diferente de grande parte do país, gostava verdadeiramente de seu trabalho. Ele poderia continuar indo lá todos os dias e fazer o mesmo tour com dez grupos diferentes de turistas sem ganhar um centavo que ainda assim ia continuar gostando.

E com seu trabalho, sua curiosidade sobre outras galerias era altamente acentuada e ele esperava poder conhecer o máximo que pudesse de todas as galerias e museus existentes em cada região do país. Um sonho meio exagerado, mas ele gostava da ideia. E estar no Songam concluía mais uma etapa disso, e o fato de ele estar ali com Changkyun significava ainda mais.

Os corredores preenchidos com tapeçarias históricas e quadros tradicionais faziam os olhos de Kihyun brilhar. Eles andavam sem pressa e se contentavam com o burburinho de outros visitantes comentando. Quando pararam diante de uma obra de Jeong Seon, Kihyun quis explicar a história por trás e Changkyun jura que tentou prestar atenção, mas em algum momento ele simplesmente viajou no jeito que o garoto ao seu lado falava tão apaixonadamente.

— Chang? Está me ouvindo?

— Hum? Oh... sinceramente, acho que me perdi na metade. — Ele disse e Kihyun riu. — Não consigo me concentrar sendo você.

— Eu expliquei toooooda essa história por nada? Tenha piedade de mim. — Kihyun fingiu ignorar o que Changkyun havia dito pois já estava internamente envergonhado o suficiente.

— Desculpe, anjo, a culpa foi toda sua. Mas eu aceito ouvir de novo. — Changkyun sorriu.

— É difícil tentar ficar com raiva assim. — Kihyun sorriu também, e olhando para os lados apenas para assegurar se estavam salvos de olhares indesejados, deram as mãos e continuaram andando.

Quando chegaram no último corredor, Changkyun finalmente viu uma peça de cerâmica que conhecia e isso rendeu bons minutos de conversa, o que foi muito bom. Eles chegaram ao final do museu com uma loja de souvenires mas não tinha nada legal lá. Kihyun de repente se mostrou muito interessado em ir jogar alguns jogos.

— Me espere só um pouquinho que eu vou ao banheiro e então iremos ao Game Center, tá bem? — Disse Changkyun antes de ir. Kihyun assentiu e disse que estaria o esperando na saída.

O banheiro estava aparentemente vazio quando Changkyun entrou. Um espelho enorme diante da pia de mármore o distraiu um pouco, não necessariamente com o próprio reflexo, mas então ele entrou em uma cabine e fez o que tinha que fazer. Quando ele ia sair para lavar as mãos, uma voz ecoou da cabine ao lado, o fazendo parar.

— Não, Taeyong, está tudo conforme eu planejei. Fique tranquilo. — Aquela voz... Changkyun já tinha ouvido-a antes. Seria possível? — Kihyun? Ele não desgruda daquele imbecil, mas eu tenho certeza que eventualmente irá, e quando o fizer, ele vai pagar. — Bom, sim, era possível e definitivamente era Youngho. Ele ouviu a porta ser destrancada e os passos do empresário até a bica, onde a água da bica agora jorrava. — Eu preciso ir agora, os investidores ainda me esperam para assinarmos os papéis da compra das ações do museu. Mal posso acreditar!

A voz de Youngho foi lentamente indo embora a medida em que ele caminhou para fora do banheiro. Changkyun ficou de repente muito desesperado com a ideia de ele ver Kihyun, então correu para lavar as mãos e sair do banheiro o mais rápido possível, com um aperto no coração e muita preocupação. O que ele tinha ouvido ali... aquilo era sério. Youngho queria vingança, queria fazer algo de ruim com Kihyun. Ou com ele. Ou com os dois.

Ele encontrou Kihyun são e salvo o esperando onde disse que estaria, e mal pensou antes de o agarrar pelo braço e sair apressado.

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